SUL FLUMINENSE/RIO
Tomou posse há quase um mês, dia 28 de maio, após mais de um ano preso, o deputado estadual André Correa (DEM). Detido na Operação Furna da Onça, realizada pela Polícia Federal em novembro de 2018, o deputado que é de Valença e tem 26 anos de vida pública, recebeu permissão do Supremo Tribunal Federal (STF) para tomar posse. Ele tem afirmado que é inocente das acusações que o levaram a prisão.
A ação foi um desdobramento da Operação Lava Jato. O objetivo foi investigar a participação de deputados estaduais do Rio de Janeiro em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos do Governo do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com delatores, um grupo de parlamentares recebia mensalmente uma quantia do grupo político de Sérgio Cabral em troca de apoio parlamentar, quantia que variava de R$ 20 mil a R$ 100 mil.
Segundo André Corrêa, a sua prisão e a do seu assessor foram consideradas ilegais pela ministra Carmem Lúcia do Supremo Tribunal Federal (STF). “Enquanto o Brasil discute se prisão é em primeira ou segunda instância, eu não tive instância nenhuma. Permaneci um ano no cárcere, sem ser julgado e, muito menos, condenado. Não fui sequer ainda ouvido pelo juiz do caso. Nos autos do processo, a Receita Federal considerou o meu patrimônio e do meu assessor compatíveis com nossa renda. Na mesma linha, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que identificou movimentação atípica de 21 deputados, não encontrou nenhuma irregularidade na minha movimentação financeira, bem como, na do meu assessor”, disse o deputado.
Para o deputado, sua prisão foi causada por um depósito equivocado do Banco Itaú – estornado no mesmo dia na conta de seu assessor, que não foi avisado. “Tal fato, já foi reconhecido pelo próprio banco e pela Justiça. Vamos processar o Itaú. Nenhum empresário delator citou qualquer atitude ilícita minha. Para mim, valeu a presunção de culpa e não a presunção de inocência, como determina a Constituição. Sou inocente e as diversas vitórias jurídicas que venho tendo, começam a fazer justiça, em que pese que o que eu e minha família e amigos sofremos, jamais será reparado”, afirmou.
Durante o tempo em que ficou preso, mesmo contando que foi tratado com respeito, nunca teve privilégio e chegou a ficar em uma cela com 42 presos.
Em Bangu, bairro mais quente da cidade do Rio de Janeiro, contou que ficava 22 horas por dia encarcerado. Para dormir, o deputado relata que molhava uma toalha de banho e esticava junto ao lençol da cama, que logo secava e a única opção era um borrifador que ganhou da sua esposa, que usava para tentar aplacar o suor. Ele menciona a ajuda de Deus para passar os dias no local. “Tenho recebido muita solidariedade, muito carinho e estou de cabeça erguida, sereno, sabendo que tudo, como sempre, é no tempo de Deus. Vou continuar trabalhando por todo o estado, em especial pelo Sul Fluminense – que é a minha região – e pelas minhas bandeiras como o meio ambiente e a geração de empregos”, afirmou, completando que nunca deve em sua vida nenhuma condenação. Ele questiona como poderia ser mantido afastado de um mandato que setenta mil cariocas e fluminenses optaram. “Seria injusto e essa injustiça começou a ser reparada. Inclusive, quando converso com colegas deputados e mostro no detalhe o processo, eles têm ficado surpreendidos com a injustiça que sofri”, concluiu.