De volta ao cenário eleitoral, o ex-prefeito de Volta Redonda diz que lutará por saúde, emprego e mobilidade
VOLTA REDONDA
O ex-prefeito de Volta Redonda, Samuca Silva, é pré-candidato a deputado federal pelo União Brasil. Ele foi recebido no A VOZ DA CIDADE, que iniciou uma série de entrevistas com pré-candidatos que disputarão as eleições deste ano. Samuca adiantou que trabalhará, se eleito, em cima de três pilares: saúde, desenvolvimento econômico e mobilidade.
Após ficar em terceiro lugar na eleição de 2020 quando era prefeito de Volta Redonda, Samuca contou que retornou no trabalho em sua profissão e encara agora esse novo desafio. Segundo ele, o objetivo é ajudar a região Sul Fluminense. “Como prefeito vi várias coisas, principalmente em Volta Redonda e na região, que dependiam muito da atuação em Brasília. Falta uma liderança regional na capital para atender de Itatiaia a Três Rios”, disse Samuca que vem para sua quarta eleição. Perdeu a primeira em 2012 para vereador, para deputado federal em 2014, e venceu a prefeitura em 2016.
Na saúde, Samuca aponta que é preciso lutar para descentralizar o atendimento em diversas áreas no Rio de Janeiro. “A nossa região precisa dialogar com prefeitos e entender as necessidades de cada cidade. Não são apenas emendas, precisamos mais do que isso. A região precisa ser encarada como uma grande metrópole, trazendo serviços que hoje são feitos no Rio de Janeiro, falamos de trauma, diálise, dentre outros. É um custo elevado de transporte, além do estresse do paciente”, apontou o pré-candidato.
No desenvolvimento econômico Samuca quer batalhar por oportunidades de emprego. Ele apontou que a região perdeu muitos investimentos ao longo da história. Há o polo metalomecânico e citou, para resolver o entrave, a necessidade de alguém em Brasília para batalhar sobre a Lei do Aço que foi julgada inconstitucional. “É uma lei aprovada na Alerj e que parou na Justiça. Precisamos desse pleito em Brasília porque o governo federal pode decidir no Congresso Nacional essa questão entre os estados”, lembrou, completando que não apenas o setor metalomecânico deve ser levado à frente de batalha, mas também uma nova vocação regional.
De acordo com Samuca, o setor do Turismo pode ser essa nova vocação. Apontou que o Médio Paraíba é uma região muito rica, com locais diferenciados. Vê ser necessário criar um grande cinturão, com integração entre as regiões.
Na mobilidade, o pré-candidato quer inovar. Samuca quer discutir no Congresso Nacional o fomento da mobilidade urbana da região, dando liberdade econômica para empresas de transporte coletivo. “Todas as cidades da região têm um transporte público caótico. Nosso sistema de concessão dos ônibus está preso na década de 90, a lei federal de 1994, com poucas alterações. Penso em liberar o mercado para que as prefeituras façam a regulamentação, tendo liberdade para liberar o transporte para quem quiser, desde que funcione, como o Uber”, explicou, completando que poderia ser feito por trechos ou outro modelo.
Segundo Samuca em Goiânia existe essa liberdade, ao invés do monopólio das empresas de ônibus. “Cada pessoa agenda o horário de onde sairá e o local que irá com um aplicativo. O que estou propondo não é o aplicativo, o trecho, mas a questão é discutir o sistema de concessão de empresas de ônibus, com atualização e modernização da lei. Porque enquanto não resolvermos isso estaremos presos em um sistema da década de 90 onde somente o lucro interessa”, argumenta, lembrando ainda que no tema mobilidade pode falar do transporte ferroviário, no qual a MRS tem concessão e dentro de um dos termos prevê a disponibilização do transporte em massa e não há ninguém que obrigue isso. “Quero ampliar as possibilidades de mobilidade”, diz.
O EX-PREFEITO
Na entrevista, o ex-prefeito de Volta Redonda falou de alguns pontos. O primeiro seria não ter conseguido a reeleição com a máquina na mão. Diz não acreditar que seja uma má avaliação de seu governo, mas alguns fatores, como a pandemia de Covid-19, por exemplo. Citou que foi um prefeito que foi muito para cima em combater a doença, que muitos o criticam por isso, mas não se arrepende das decisões tomadas, como por exemplo o Hospital de Campanha. Lembrou que naquele momento a pandemia chegava no Brasil e havia um dado que apontava que Volta Redonda tinha mais casos por 100 habitantes do que todas as cidades do Estado.
“Sempre falei que o hospital era uma coisa para não usar, mas se precisasse estaria lá. Vejo a crítica que não usamos e digo: que bom. Tivemos um planejamento e deu certo. Fomos a primeira cidade a usar máscaras, colocamos lavatórios nas ruas, proibi idoso no comércio, fechamos Cras, suspendemos cirurgias eletivas, dentre outras ações que impactaram a cidade. São medidas que no último ano de governo podem ter atrapalhado, mas não me arrependo. Saí do governo com 280 famílias de luto e agora em Volta Redonda, com vacina e doses, são 1,4 mil”, argumenta o ex-prefeito completando que tudo isso interferiu sim no processo eleitoral.
Dos seus feitos lembra que inaugurou a Rodovia do Contorno depois de 30 anos em obra; o Hospital Regional; a arena esportiva; clínica de diálise, três creches, quatro postos de saúde; deixou Volta Redonda na quinta maior educação pública do estado; municipalizou a BR-393; plantou 20 mil árvores; dentre outras.
Por outro lado, críticas são de que deixou de pagar salários da sua administração e o 13º. Com relação a isso, esclarece que os salários já estavam sendo parcelados com a pandemia desde abril e que o pagamento relativo a dezembro seria feito em janeiro, ou seja, fora de seu governo, porém, muitos trabalhadores ficaram sem receber parte do salário de novembro.
Sobre o 13º salário disse que estava com R$ 15 milhões em caixa, mas por uma determinação judicial precisou pagar o precatório que venceria em janeiro, situação que acontecia desde 2017.
Outro ponto que não favoreceu sua reeleição, segundo Samuca, seria o alto número de votos brancos e nulos.
Assim como argumentou quando assumiu a prefeitura, Samuca atacou Antonio Francisco Neto, atual prefeito, dizendo que ele é o grande inimigo da cidade e que estava em processo de reconstrução de um governo de 24 anos. Ele não descarta tentar novamente ser eleito prefeito de Volta Redonda.