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Operação prende governador Pezão por esquema de propina mensal

Por Carol Macedo
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ESTADO/SUL FLUMINENSE

Boca de Lobo é um dispositivo instalado em vias públicas para receberem o escoamento das águas da chuva drenadas pelas ruas com destino ao esgoto. Esse foi o nome dado em mais uma operação realizada na manhã desta quinta-feira,  pela Polícia Federal, com participação do Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal (RFB), que prendeu, dentre outras pessoas, o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (MDB). O nome da operação faz alusão aos desvios de recursos, que causam na sociedade a sensação de que o dinheiro público está escorrendo para o esgoto.

A Operação Boca de Lobo teve a finalidade de reprimir os crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção ativa e passiva, cometidos pela alta cúpula da administração do Governo do Estado do Rio de Janeiro. As investigações da Polícia Federal tiveram início, em julho deste ano, com a homologação da colaboração premiada de operador do ex-governador Sérgio Cabral, que também está preso, Carlos Miranda.

A ação contou com 150 policiais federais para cumprir 39 mandados judiciais expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça nos Estados do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Piraí, Barra do Piraí, Volta Redonda e Bom Jardim) e Minas Gerais (Juiz de Fora), sendo nove mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão.

OUTRAS PRISÕES

Além de Pezão, que é de Piraí, dois volta-redondenses foram presos: José Iran Peixoto Júnior, secretário Estadual de Obras e Marcelo Santos Amorim, sobrinho do governador. Os demais que receberam mandado de prisão foram: Luiz Carlos Vidal Barroso, servidor da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico; Cláudio Fernandes Vidal, sócio da JRO Pavimentação; Luiz Alberto Gomes Gonçalves, sócio da JRO Pavimentação; Luis Fernando Craveiro de Amorim, sócio da High Control Luis e César Augusto Craveiro de Amorim, sócio da High Control Luis; além de Affonso Henrique Monnerat Alves da Cruz, ex-secretário de Governo de Pezão que já estava preso desde a Operação Furna da Onça, há um mês que prendeu, em sua maioria, deputados estaduais.

Quase todos já foram presos, apenas um mandato ainda não tinha sido cumprido até o fechamento desta edição. Qual deles não foi possível saber com a assessoria da Polícia Federal e nem na Procuradoria Geral da República, em ligações feitas pelo A VOZ DA CIDADE. Mas segundo informações recebidas, porém não confirmadas, Luiz Alberto Gomes não teria sido preso ainda.

Marcelo é sobrinho de Pezão – Divulgação

Dentre as ações da Polícia Federal, algumas aconteceram em cidades da região: Piraí, Barra do Piraí e Volta Redonda. Segundo apurou o A VOZ DA CIDADE, Em Piraí foram na casa do governador, onde recolheram documentos e em mais três endereços. Uma das prisões realizadas aconteceu na cidade. A assessoria da Polícia Federal e nem da PRG, souberam informar qual delas. A imprensa informou que a prisão foi de Luiz Carlos Vidal. Em Volta Redonda foram três mandados de busca e apreensão e uma prisão. Não houve confirmação de quem foi preso na cidade do Aço. Em Barra do Piraí foi feita uma busca e apreensão.

José Iran é de Volta Redonda – Divulgação

O ESQUEMA


Pezão foi preso pela manhã na residência oficial do chefe do Executivo, no Palácio Laranjeiras. Segundo informações na coletiva de imprensa, a prisão foi agilizada a pedido da Polícia Federal, com aval da Procuradoria Geral da República, visando preservar a coleta de provas. Segundo a força-tarefa, era necessária a prisão de Pezão antes do fim do mandato, no final do mês de dezembro, para poder reunir provas.

Segundo delação de Carlos Miranda, Pezão recebia do esquema criminoso uma mesada de R$ 150 mil. A propina de 2007 a 2014, quando era vice-governador de Cabral, incluía 13º salário e dois bônus, no valor de R$ 1 milhão em cada um.

Para o MPF, Pezão não apenas fez parte do esquema de corrupção de Sérgio Cabral como também desenvolveu um mecanismo próprio de desvios quando seu antecessor deixou o poder, continuando o esquema de corrupção. O órgão diz que há provas documentais do pagamento em dinheiro a Pezão de quase R$ 40 milhões em valores atuais, entre 2007 e 2015. Segundo informou a Polícia Federal, Pezão cobrava até 8% de propina dos contratos do governo em benefício próprio.

A prisão dos envolvidos foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça.

QUATRO GOVERNADORES PRESOS

Não bastasse a crise financeira o Estado do Rio vive uma crise moral. Com a prisão de Pezão, foi para quatro o número de governadores já presos. O único em exercício foi o ex-prefeito de Piraí. Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha Matheus foram presos quando não eram mais governadores. O único a estar ainda atrás das grades é Cabral. Pezão deu entrada na Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, pouco depois das 16 horas. Ele ficou prestando depoimento por cerca de sete horas na sede da Polícia Federal.

Pezão já está na unidade prisional da PM de Niterói – Foto: Fábio Guimas

VICE NO PODER

Com a prisão de Luiz Fernando Pezão, o vice-governador Francisco Dornelles assumiu o poder. Em nota, o governador em exercício afirma que o Governo do Estado do Rio de Janeiro manterá todas as ações previstas no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e dará prosseguimento aos trabalhos de transição de governo, reiterando o seu maior interesse na manutenção do bom relacionamento com os demais Poderes do Estado.

O jornal está aberto para que as defesas dos envolvidos se manifestem.

 

 

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