BARRA MANSA
O Dia de Finados, celebrado neste sábado, dia 2, é uma data para relembrar a memória e prestar homenagens àqueles que já se foram, além de ser marcado pela visita de familiares aos túmulos e jazigos de seus entes queridos. Em Barra Mansa, onde a coordenação do Cemitério Municipal espera receber cerca de 10 mil visitantes, alguns túmulos costumam ser visitados pela população, mesmo sem nenhum vínculo com o morto, além de despertarem curiosidade de quem passa pelo local durante todo o feriado, devido a história das pessoas ali sepultadas.
Nesta quinta-feira, a equipe da VOZ DA CIDADE esteve no local para conhecer algumas histórias e saber quais sepulturas costumam ser procuradas na data. Entre elas, e a mais recente, está a de uma menina de seis anos que morreu em 2017 em um acidente de trânsito, quando retornava com os pais de Angra dos Reis. No túmulo, que de longe chama atenção por causa da foto da criança da criança, em tamanho grande, a ornamentação é composta por muitos vasos de flores coloridas e alguns brinquedos também se destacam. “Parece que foi um acidente muito grave e ela faleceu. Desde então a mãe dela vem, faz visitação, renova as flores e traz brinquedos para colocar na sepultura. O pessoal vem pra ver de curiosidade para ver esse túmulo porque de longe é possível ver a foto dela com a coroinha de flores na cabeça. Neste Dia de Finados muita gente para pra ver, faz uma oração e até se emociona. Quando comecei a trabalhar aqui eu chorava quando passava por essa sepultura”, disse a coordenadora do cemitério, Anéria Moraes.
Túmulo do pai da pobreza e do padre que “faz milagre”
Já bem mais antigo, outro túmulo que é visitado com frequência, e principalmente no Dia de Finados, é o do jovem Oscar Lafaiete, que conforme muitos dizem era padre e morreu em 1952, aos 23 anos. Considerado uma pessoa bondosa, ele ganhou fama de conceder milagres. “O túmulo dele é simples e está todo queimado, todo preto, de tantas velas que o pessoal acende lá. Além disso, deixam fotos, mensagens, pedidos de cura, empregos, entre outros”, contou a coordenadora.
Todo pintado de azul e já ornamentado para o Dia de Finados, o túmulo do ex-advogado Abelardo de Oliveira, conhecido “pai dos pobres”, que morreu em 1935, também é atração no feriado de Finados. “Esse ficou muito conhecido porque era um advogado que ajudava, sem cobrar nada, os mais necessitados, É uma sepultura que também atrai curiosos ou quem já conhece a história”, acrescentou a coordenadora.
Anéria também citou o túmulo da jovem Bárbara Lis que por muito tempo, após sua morte repentina, era um dos que mais chamavam atenção. Em formato vertical e com paredes de vidros, o espaço deixava à mostra uma foto da jovem, além de diversos pertences pessoais como livros, pelúcias, entre outros. “Ano passado as coisas dela ainda estavam lá, mas mãe tirou pra fazer uma reforma e não colocou mais”, informou a coordenadora.
Desde pequeno no cemitério
O autônomo Denilson Carneiro, de 53 anos, presta serviços de limpeza de túmulos, no cemitério de Barra Mansa, desde os oito anos de idade e, na semana que antecede da data de finados, ele fica no local à disposição das famílias que querem preparar os jazigos para o feriado. Questionado se já viu algo de misterioso no local, ao longo de todos esses anos, ele disse que o segredo para que as pessoas não cultivem o medo do cemitério sempre deve ser a tranquilidade e a consciência limpa.
“Frequento o cemitério desde pequeno e, graças a Deus, já entrei fora de hora, de madrugada e nunca vi nada anormal. Aqui você só vê as coisas se for com abuso. Mas, se vier com a consciência tranquila você não vê nada. “Eles” te ajudam ainda, como no meu caso, a ganhar um trocadinho”, brincou.
Orientações aos visitantes
De acordo com a coordenadora, duas missas serão realizadas no cemitério de Barra Mansa neste sábado. Uma delas às 8 horas e outra às 16 horas, Como a previsão é que o local tenha grande movimento, durante todo dia, a orientação aos visitantes é que optem pelo período da manhã e o final da tarde, principalmente se for um dia de altas temperaturas. Outro pedido é para que as pessoas evitem levar plantas vivas e que optem pelas artificiais, que facilitam a limpeza e ainda evitam a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Conforme desta o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Fanuel Fernando, nos últimos meses o cemitério passou por melhorias em diversos pontos, com novas longarinas, lixeiras, câmera, wi-fi, ar-condicionado, construção de 165 novas gavetas, bebedouros, além da pintura e da obra do centro administrativo.