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Eletronuclear rescinde contrato com consórcio responsável pela construção de Angra 3

Por Franciele Aleixo
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ANGRA DOS REIS

A Eletronuclear, estatal que controla as usinas de Angra 1 e 2, rescindiu o contrato com o consórcio formado pelas empreiteiras Ferreira Guedes, Matricial, Adtranz por descumprimento das cláusulas relacionadas à ordem de execução e ao cronograma da usina nuclear de Angra 3. A Eletronuclear não esclareceu se há outra empresa que ficará responsável pelas obras ou se o projeto precisará passar por uma nova licitação. A notícia ocorre dias depois do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro acatar recurso da empresa e suspender o embargo das obras.

O contrato foi firmado em fevereiro de 2022 com objetivo de retomar a construção da nova central nuclear. Na época, a empresa informou em comunicado que o lance vencedor foi de R$ 292 milhões, uma compra de valor inferior de aproximadamente 16% a menos do valor de referência estabelecido.

A obra inclui a finalização da superestrutura de concreto do edifício do reator e a montagem eletromecânica da estrutura, com fechamento da esfera de aço da contenção e instalação de piscina de combustíveis usados. Entretanto, a relação entre as partes não era boa. Em janeiro deste ano, a Eletronorte multou o consórcio em R$ 6,9 milhões por não cumprir obrigações do contrato, o que poderia comprometer o prazo de execução das obras.

Segundo a estatal, o distrato unilateral ocorre conforme a cláusula 23 do contrato e artigo 95 do Regulamento de Licitações e Contratos da Eletronuclear, com a devida aplicação de sanções, conforme art. 96 do Regulamento, art. 82 da Lei 13.303/2016 e cláusula 24 do vínculo em questão.

De acordo com a nota oficial, o Consórcio descumpriu, reiteradamente, as cláusulas 5 e 6, que abordam a ordem de execução e o cronograma, além da 22ª: “Não cumprimento ou o cumprimento irregular das cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos intermediários e finais; cometimento reiterado de faltas na execução do contrato, devidamente anotadas em registro próprio conforme subitem 10.2.4 e lentidão do cumprimento do contrato, levando a Eletronuclear a comprovar a impossibilidade da sua conclusão no prazo estipulado”, diz o documento.

Além da rescisão, será aplicada uma multa correspondente a 10% do valor do contrato, conforme item 33.2 da cláusula 33 – o valor deste contrato é igual ao seu custo final, considerando eventuais reajustes – e suspensão de 6 meses de licitar, com inclusão no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS)

A decisão, portanto, é consequência de um extenso processo administrativo, que provou a inexecução do projeto contratado e a incapacidade do Consórcio em atingir os níveis de qualidade e exigência para uma obra nuclear.


O escopo originalmente alocado ao Consórcio foi incluído como opcionalidade na minuta do contrato do EPC principal, a ser selecionado em futura licitação e que passou recentemente por uma Consulta Pública, encerrada no dia 17 de maio. Atualmente, as contribuições encontram-se em análise pelo BNDES e a Eletronuclear. A decisão de incorporação definitiva ao escopo do EPC está em estudo.

ANGRA 3

A Eletronuclear preza pela excelência em cada trabalho realizado, valor essencial em um projeto desta magnitude, e continua firme no objetivo de concluir as obras de Angra 3.

A terceira unidade da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) irá operar com alto grau de confiabilidade e contribuir para a segurança de abastecimento do sistema elétrico brasileiro. Além disso, destaca-se o papel de gerar energia limpa, sem a emissão de gases que causam o efeito estufa.

Atualmente, a Eletronuclear aguarda a finalização de estudos independentes, ora em desenvolvimento pelo BNDES, para avaliar a plausibilidade técnica, econômica e jurídica do projeto. Após esta etapa, a empresa espera que as obras civis deslanchem.

Tais estudos serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ficarão responsáveis por definir a outorga e aprovar a tarifa de comercialização da energia gerada por Angra 3.

O projeto da central nuclear de Angra 3, iniciado nos anos 1980, desde então, foram investidos R$ 7,8 bilhões, com 67% da obra civil concluída. Estima-se que são necessários mais R$ 20 bilhões para completar o projeto, que teria capacidade instalada de 1,4 gigawatt (GW). A conclusão do empreendimento ainda depende de relatório do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a tarifa e o orçamento da usina nuclear.

 

 

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