MADRI/RIO DE JANEIRO
O empate em 3 a 3 ficou de bom tamanho para um jogo que não tinha como objetivo principal consagrar um vencedor. Pelo contrário, Espanha e Brasil se enfrentaram nesta terça-feira, dia 26, no Santiago Bernabéu, em Madri, partida amistosa que buscou a conscientização sobre o combate ao racismo, sofrido pelo próprio atacante brasileiro Vini Júnior em terras espanholas.
Em partida de três pênaltis, Dorival Júnior fechou a sua primeira sequência de partidas no novo cargo sem perder.
A seleção brasileira repetiu a escalação inicial contra a Inglaterra, quando estreou com vitória por 1 a 0. O autor do gol em Londres, Endrick, ficou no banco de reservas.
Mas, em Madri, quem levou perigo foram os donos da casa. Aos 3 minutos, Lamine Yalmal apareceu para finalizar por cima do gol de Bento.
A Espanha era dona das sobras de bola, e o Brasil não conseguia ultrapassar a linha divisória do gramado. Foi quando Yamal invadiu a área driblando e caiu.
Sem VAR, a arbitragem acabou ‘enganada’ pela simulação do atacante, que se atirou sobre João Gomes.
Com a cobrança no meio do gol e Bento pulando para o lado direito, Rodri colocou os anfitriões em vantagem no placar
Unai Simón levou o primeiro susto somente aos 16, quando Rodrygo construiu jogada individual pela esquerda e passou para Vini Jr finalizar de dentro da área. A bola foi na direção do goleiro e o lance não passou de uma pequena amostra da força ofensiva dos brasileiros.
Mesmo com as baixas temperaturas de Madri, o Brasil sentia o calor da Furia. Aos 22, a Espanha teve boa chance em cobrança de falta. A batida de Olmo explodiu na barreira. As investidas da seleção consistiam em escapadas rápidas, principalmente com Vini Júnior. Mas não passaram de tentativas. As triangulações paravam sempre na marcação espanhola, sempre numericamente superior aos ataques do adversário.
O Brasil estava na roda de uma dança flamenca típica das terras madrilenhas. O brinde à festa comandada pelo jovem Yamal, de 16 anos, foi um golaço de Dani Olmo, digno de Santiago Bernabéu. De perna esquerda, um chutaço acertou no ângulo de Bento, aos 35 minutos. O zagueiro Beraldo foi alvo de uma caneta constrangedora que personificou a defesa perdida do Brasil, envolvida pela verticalidade espanhola.
Sem consistência para atacar, o gol brasileiro saiu a partir de um erro. E que erro. Em saída de bola aparentemente tranquila para a Espanha, Unai Simón entregou uma assistência nos pés de Rodrygo, que encobriu o goleiro e descontou, aos 39.
Para que o Brasil não tivesse a menor chance de relaxar no vestiário, Rodri ainda disparou uma bomba que seria o terceiro gol da Espanha se não fosse a grande defesa de Bento.
O segundo tempo
Quatro substituições só no intervalo foram a prova de que Dorival Júnior não gostou do que viu na etapa inicial. E o empate brasileiro saiu justamente do banco. Após escanteio cobrado por Andreas, Endrick, aos 4 minutos, aproveitou a sobra dentro da área para bater no canto e sem chances para Unai Simón. Cerca de dois minutos depois, quase a virada. Rodrygo driblou pela direita e bateu para bela defesa do goleiro espanhol.
O duelo, que no primeiro tempo esteve nas mãos dos donos da casa, equilibrou-se na etapa final. Com ataques lá e cá, a Espanha também ameaçava, mas com chutes de longa distância, como tentaram Lamine Yamal e Dani Olmo.
O esporte não era MMA, mas a “trocação” características dos bons pugilistas deu a tônica do restante do confronto. Aos 20, Beraldo avançou para o campo de ataque e desferiu um chutaço que sobrevoou a meta. No minuto seguinte, Nico Willians escorou para Fabián Ruiz também colocar por cima do gol. Semelhantes no volume de jogo, as seleções se diferenciavam no estilo de jogo. Enquanto a Espanha se aproximava quase sempre com toques e lançamentos curtos, o Brasil buscava avançar com bolas em profundidade para Endrick, mas sem sucesso.
Assim como no primeiro tempo, Bento voltou a se destacar. Aos 28, mostrou novamente agilidade ao pegar chute rasteiro e com endereço certo de Dani Olmo. O que pouco restou, depois, foram as jogadas agudas. Sobraram, contudo, as faltas que truncaram o confronto bem disputado até então.
O equilíbrio da partida perdeu sentido no apagar das luzes. Aos 39, outro pênalti questionável para a Espanha. Carvajal caiu após choque com Beraldo. Sem VAR, por decisão da Federação Espanhola e muita reclamação brasileira, a decisão da arbitragem foi mantida. E Rodri fez o segundo dele.
Se a vitória da Espanha seria no apagar das luzes, o empate brasileiro surgiu quando nem luz natural mais havia. Após Galeno ser derrubado dentro da área, Lucas Paquetá bateu pênalti, aos 50 minutos, e deu vida a uma atuação individual que era sem graça até então e deu número final a partida amistosa.
Aplausos na substituição
O homenageado da partida, Vinicius Júnior, saiu substituído aos 25 minutos. A atuação apagada do atacante pouco importou para o público no Santiago Bernabéu, que aplaudiu o brasileiro por um motivo muito mais nobre que a simples disputa em campo: a derrota simbólica do racismo, resultado maior do que a igualdade do placar.