Seropédica
Sediada na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a BioHop é uma startup que recebeu investimentos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, mais conhecida como Faperj, para a montagem de um laboratório e a implantação de uma biofábrica e viveiro de mudas de lúpulo, em Seropédica.
Sendo a primeira biofábrica produtora de mudas de lúpulo brasileiro, por cultivo in vitro em laboratório, ela tem como proposta utilizar uma das técnicas mais modernas de melhoramento genético para edição do genoma da planta e criação de novas variedades.
Atualmente, as mudas de lúpulo usadas no país para a produção de cerveja são quase cem por cento importadas, principalmente, dos Estados Unidos e da Europa, e não adaptadas ao clima brasileiro. O país só produz 1% do que consome que é mais de 4,7 mil toneladas, totalizando mais de R$ 450 milhões, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O lúpulo é o responsável pelo amargor e aroma característicos da cerveja.
O aroma e o sabor tropicais serão os aspectos almejados das mudas de lúpulo brasileiro e, além disso, os criadores querem superar desafios como adaptação ao clima, pragas e doenças que acometem a lavoura e contribuir, assim, com espécies mais produtivas para agricultores. E como produto final, oferecer um valor comercial mais baixo para os cervejeiros artesanais.
“Queremos uma cerveja 100% brasileira. O lúpulo precisa de um impulsionamento do mercado para diminuir a importação do produto, que é um dos mais caros para indústria cervejeira. Queremos ser também exportadores de bebidas com características tropicais. O produto com aroma possui alto valor de mercado, podendo alcançar a cifra de R$ 600, o quilo”, ressalta Cássia Coelho, doutora em Agronomia e fundadora da BioHop.
Cássia explica que há um crescimento de produtores nacionais de lúpulo e que a geração de mudas em laboratório pode alcançar alto rendimento por planta matriz, obtenção de plantas isentas de patógenos, mudas sadias em qualquer época do ano, em curto período de tempo, e espaço reduzido. Também é possível a clonagem de plantas de difícil propagação vegetativa por métodos convencionais e preservação de matrizes sem risco e infecção. Além dessas vantagens, o cultivo in vitro, a longo prazo, possibilita a redução dos custos e aumento da produtividade das plantas. “A meta agora é estabelecer parcerias com laboratórios e empresas para o desenvolvimento das novas variedades e escalar a produção para a comercialização. A criação de uma nova planta por cruzamento consome de dez a 15 anos para seu desenvolvimento completo”, explica Cássia, ao acrescentar que a BioHop tem sido procurada por outras empresas para testar bioinsumos orgânicos como fertilizantes para diferentes plantas, observando a resposta da planta, desde a expressão dos genes, metabolismo e crescimento dos vegetais.