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Ato contra o pó preto da CSN reúne centenas de pessoas em Volta Redonda

Por Tânia Cruz
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VOLTA REDONDA
Promovido neste domingo, 23, pelo Movimento Sul Fluminense, o ato popular contra o pó preto da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e seus malefícios, reuniu centenas de pessoas. Vestidos de preto, a maioria usando máscaras, e carregando faixas e cartazes, os participantes se concentraram na Praça Brasil, no bairro Vila Santa Cecília. Do local, após várias falas sobre o pó preto e a importância do ato, os manifestantes seguiram a pé pelas principais ruas do bairro.
Os manifestantes, com gritos de guerra e cantando sátiras sobre o pó preto, deram volta atrás do antigo Escritório Central e na frente do prédio encerram a manifestação cobrindo com um plástico preto o painel que mede a qualidade do ar dos bairros. Novos atos serão realizados nos próximos dias, segundo os organizadores. Para participantes e organizadores, esse foi o maior ato contra o pó da CSN já realizado na história da cidade.
MANIFESTAÇÃO POPULAR
Os organizadores lembraram que, no final da tarde de sexta-feira, 21, a CSN chegou a emitir uma nota comunicando que havia ingressado na Justiça, apresentando provas de que um ‘grupo pequeno e isolado’ havia planejado ações de vandalismo na cidade. Só que, ainda segundo os manifestantes, o ato não se tratou de vandalismo, mas sim de uma manifestação popular pacifica, já que a população está cansada de sofrer com a situação desse pó preto.
Pelo fato de nos últimos dias o assunto ter tomado grande espaço na mídia nacional, só aumentou a vontade dos moradores da cidade se manifestar. Lembraram os manifestantes que esse ato vem sendo programado há meses e não trata de vandalismo. “As pessoas que estão aqui são aquelas que sofrem muito pela situação do pó preto, como as minhas filhas, e que não estão nada satisfeitas com o problema. Já passou da hora das autoridades tomarem providências. Com a saúde não se brinca”, declarou uma das manifestantes, a dona de casa Márcia Helena de Oliveira que participou do ato juntamente com as duas filhas adolescentes.

Foto: Evandro Freitas

Foto: Evandro Freitas

 

 

 

 

 

 

COBRANÇAS

João Thomaz, representante do Sindicato dos Engenheiros de Volta Redonda (Senge-VR) e que há anos defende várias causas em prol do meio ambiente da cidade, também esteve na manifestação. Espera que depois desse ato as coisas melhorem em relação ao pó preto. “Estamos no oitavo ano fazendo cobranças contra esse pó preto. O governo Municipal colocou um plano muito fraquinho para a CSN. Tem que ser cobrado um plano mais eficaz. A poluição da CSN já está invadindo os rios. Isso tem que ser derrotada. A direção da empresa tem que parar de pensar só no lucro e gastar com a melhora da saúde da população”, disse João Thomaz.
A representante do Movimento Cadeia 22 de Volta Redonda, Maria das Dores Mota, a Dodora, explicou que trata-se de um ato muito importante para a cidade. “para mim é o início de uma mobilização. A CSN precisa de fato pensar nos moradores de Volta Redonda já que ela se enriqueceu tanto com a privatização. Os moradores dessa cidade não podem continuar vivendo nessa cidade cheia de pó”, disse. Morador de Volta Redonda e atuante nos movimentos sociais da cidade, José Barreto de Sales, parabenizou os manifestantes pela ação pacifica contra a poluição em Volta Redonda. “Parabenizo os organizadores e os participantes, mas tem muita coisa que está escondida ainda e que não se revela”, frisou Barreto.


Foto: Evandro Freitas

AUMENTO DO NÚMERO DE PARTICIPANTES
Para os manifestantes, o fato da empresa ter divulgado na sexta-feira que o ato seria uma ação de baderna organizada por um grupo pequeno de pessoas, serviu para aumentar ainda mais a vontade de protestar e o número de participantes. “A empresa na verdade queria é acabar com o nosso protesto, mas isso não aconteceu. Olha o tanto de pessoas aqui participando. Com certeza, nossa manifestação democrática e popular provou que nunca existiu a idéia de vandalismo. Aqui só tem crianças, jovens e adultos que há anos sofrem as conseqüências desse pó”, manifestou a estudante Ana Julia de Assis.
Morador do bairro Belmonte, o servidor público aposentado Erick Machado, é um dos que participou do ato. Destacou que as queixas da população são constates, mas que o manifesto é um marco da historia da cidade. “O que está acontecendo em nossa cidade é um descaso, um desrespeito com a população. Ainda mais para nós que moramos naquela área do outro lado do Rio Paraíba do Sul, como no Belmonte, Retiro e Açude. Toda essa área é prejudicada com a poluição da CSN. É necessário que os órgãos e poderes públicos federais, estaduais e municipais tomem alguma providência com urgência. Somos todos prejudicados”, declarou Erick Machado.

Foto; Evandro Freitas

Estiveram presentes no ato, além de moradores, representantes de sindicatos, Associações de Moradores, Federação de Associação de Moradores (FAM), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-VR), Movimento Cadeira 22, Movimento Bahia de Guanabara, do Rio de Janeiro, e outros.
Durante a manifestação, policiais militares, agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) e da Guarda Municipal (GMVR) permaneceram aos arredores da praça, seguiram o ato, ajudaram a organizar o trânsito, mas não registraram problemas com os manifestantes.

https://youtu.be/YFF2YWcfW5s

 

 

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