SUL FLUMINENSE/ESTADO
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae, com base da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE, no 3º trimestre do ano passado, aponta que o Rio de Janeiro, junto ao Ceará, são os estados com maior proporção de empreendedoras do país.
O estudo aponta que atualmente, 38% das mulheres estão liderando seus empreendimentos no Estado. Em contrapartida, a média nacional é de 34,4%. Cinquenta e três por cento das mulheres empreendedoras do Rio de Janeiro são chefes de família. Noventa e um por cento das donas de pequenos negócios no Rio de Janeiro trabalham por conta própria. Nove por cento são empregadoras, sendo que a maioria conta entre 1 e 5 funcionários. Os empreendedores homens obtêm um rendimento mensal 13,4% acima das mulheres, mesmo elas sendo mais escolarizadas. No Rio de Janeiro, 33% das empreendedoras contam com ensino superior completo.
O Estado do Rio conta com mais de 941 mil empreendedoras, o que corresponde a 9,1% do país. Fica atrás apenas de São Paulo com mais de 2,4 milhões (23,9%) e Minas Gerais com mais de 980 mil (9,5%).
Exemplos de sucesso
Roberta Pereira Gonçalves é empreendedora do setor de turismo, com sede em Volta Redonda. Do hobby a profissão, ela vem conquistando espaço no ramo e histórias de superação. “A ideia do grupo de trilhas nasceu simplesmente porque eu queria companhia para fazer trilhas nos fins de semana. Depois com o tempo foi tendo grande adesão e aí a diversão e irreverência passou a ter responsabilidades e preocupações. Lá atrás quando iniciamos sem pretensão nenhuma em transformar em profissão nós começamos com três amigas, na semana seguinte fechamos uma Kombi com oito pessoas e na seguinte fechamos uma van de 15 pessoas, onde nunca mais paramos, e hoje, quase nove anos depois, já se passaram por aqui mais de cinco mil pessoas”, disse.
Para ela, o maior desafio de empreender é investir em meio as incertezas. “Muitas vezes o retorno demora mais que o esperado. O lado bom de ter seu próprio negócio e fazer as coisas do jeito que queremos, sem se preocupar com patrão, a gente faz nosso horário. E o lado ruim é justamente esse de se não fizer, não tem pagamento ao fim do mês e mesmo fazendo não é certeza de ter, então o comprometimento é diário. Eu hoje tenho o privilégio de transformar em profissão o que mais amo fazer que é o contato com a natureza e com pessoas. É muito gratificante ver a conquista de todos durante os passeios seja pelo sonho do local ou pela recuperação da saúde, é gratificante fomentar o turismo nas bases comunitárias onde emprego é mais difícil e é gratificante também me realizar quanto profissional, principalmente por ser mulher e garantir a segurança de todos que saem comigo seja para trilhas ou passeios”, aponta.
Outro exemplo de sucesso é Ana Luiza Ferreira. Aos 21 anos ela desponta num cenário extremamente masculino, a tatuagem. Ana, que tem seu negócio em Barra Mansa, conta que desde pequena já amava desenhar, e fazia seus desenhos nas mãos dos amigos. “Meu pai começou a tatuar e aquilo me deixava fascinada. Eu azia faculdade de história, mas na pandemia tive que voltar a morar com meus pais para reduzir custos e foi aí que me apaixonei pela arte e não me imagino mais fazendo outra coisa”, relembra.
Num cenário complemente masculino, ela conta que as vezes não é vista como profissional. “Muitos clientes só veem o meu pai como tatuador, e para mim é sempre aquele olhar desconfiado, mas ao ver meus trabalhos tudo muda. A maioria das tatuadoras atua no fine line, delicado. Eu optei para um outro lado, do black work, dark art e realismo são estilos que eu mais gosto e que combinam comigo e sempre coloco nos meus projetos autorais, mas é claro, que faço o fine line também, aprendi todos os estilos”, destaca.
Nos cursos que ela já fez, eram poucas as mulheres, e a na maioria das vezes, apenas ela. “Fiz um curso de realismo com uma tatuadora mulher, eram apenas homens majoritariamente, até em convenções os stands, os participantes são homens. Fui construindo meu portfólio, uma boa base e sempre tive muito apoio da família, amigos e outros profissionais. Sempre tive muita vontade e coragem para fazer dar certo e ainda tenho muito o que fazer. É preciso ter paciência, inspiração e foco.
Sebrae Delas
Com o objetivo de impulsionar negócios geridos por mulheres, o Sebrae criou o programa Sebrae Delas. As empreendedoras do Estado do Rio de Janeiro podem se inscrever até 8 de abril, pelo link: https://sites.rj.sebrae.com.br/inscricao/sebraedelas. Ao todo são 200 vagas distribuídas para todo o estado e o Sebrae Rio oferece subsídio de até 90%. Podem participar microempreendedoras individuais, que com subsídio pagam R$ 150, e proprietárias de micro ou pequenas empresas, que com subsídio pagam R$ 350. O valor é único, pode ser parcelado em até 12x e o programa dura sete meses.
A trilha de capacitação do Sebrae Delas é composta por encontros presenciais e on-line, orientações sobre finanças e crédito, mentorias especializadas individuais, voltadas para o negócio de cada empreendedora, rodada de inovação aberta, sessão de negócios, além de muito networking.