NOVA IORQUE/PORTO PRINCÍPE
As Nações Unidas estão apoiando esforços do governo do Haiti para conter um surto de cólera após a confirmação de dois casos positivos e de vários suspeitos na área metropolitana da Capital Porto Príncipe. O país caribenho já enfrenta uma crise de segurança alimentar.
Uma resposta de emergência está sendo criada para evitar a propagação da doença e informar a população sobre as medidas imediatas para salvar vidas. O apoio inclui vigilância ampliada, aumento no fornecimento de água e saneamento, abertura de centros de tratamento de cólera e reforço da gestão de casos.
Insegurança
Equipes especializadas estão prontas para serem enviadas a comunidades afetadas, mas por causa do contexto sociopolítico, é preciso garantir acesso seguro às áreas. A ONU pede a todos os haitianos que permaneçam vigilantes e tomem medidas proativas para evitar que a doença se espalhe.
Em nota emitida, nesta segunda-feira, o secretário-geral disse estar profundamente preocupado com a saúde e a segurança dos haitianos.
António Guterres pediu acesso imediato e irrestrito no terreno para facilitar a entrega de combustível para fins humanitários. Os carregamentos estão bloqueados no porto desde meados de setembro.
Isso tem prejudicado não somente a rotina dos haitianos como a capacidade da ONU e da comunidade internacional de ajudar em meio a crescente crise.
O líder das Nações Unidas pediu a todos que cooperem para manter os ganhos obtidos nos últimos 12 anos na luta contra a doença.
Fome
O Haiti vivencia uma fome aguda, segundo o relatório mais recente da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA. São cerca de 4,5 milhões de pessoas enfrentando crises ou níveis de fome de emergência.
De acordo com o PMA, a insegurança torna o trabalho da agência perigoso de executar. Manifestantes saquearam armazéns humanitários em todo o país, esgotando os estoques guardados para desastres e destinados às pessoas mais vulneráveis.
Duas mil toneladas de alimentos furtadas
Em uma única semana, O PMA perdeu um terço dos estoques de alimentos quando dois dos quatro armazéns foram atacados e saqueados. As mais de 2 mil toneladas de alimentos poderiam ter sustentado cerca de 250 mil pessoas vulneráveis.
Outras agências da ONU e ONGs também tiveram seus escritórios e depósitos saqueados.
Os cerca de US$ 6 milhões em suprimentos de emergência perdidos poderiam ter beneficiado mais de 410 mil pessoas necessitadas. Os saques também estão minando a preparação para desastres, bem no auge da temporada de furacões.
O PMA pede mais apoio dos estados membros da ONU para facilitar ainda mais o acesso humanitário e proteger suas instalações. A agência alerta que hoje, o Plano de Resposta Humanitária tem apenas um quinto financiado.
* Silas Avila Jr – Editor internacional