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Mais árvores ganham vida na parceria do PAF com a Iniciativa Caminhos da Semente

Por Carol Macedo
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ESTADO/PAULO DE FRONTIN

A cada semeadura, muda plantada e árvore mantida de pé por iniciativas do Comitê Guandu-RJ, a preservação da vida ganha força. Assim tem sido desde 2009 com o Programa Produtores de Água e Floresta (PAF), que já mudou a realidade de mais de 5.000 hectares de Mata Atlântica, aumentando a cobertura florestal e contribuindo para melhoria da qualidade e regularização da produção de água na bacia que abastece nove milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro. Com o PAF, já são 2,7 milhões de reais repassados a mais de 100 produtores por meio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

Neste 21 de setembro, data em que se comemora o Dia da Árvore, o Comitê Guandu aproveita para ressaltar uma das várias iniciativas do PAF, que já trazem ganhos reais na recuperação ambiental. Foi em 2020, que o programa passou a contar com a parceria da Iniciativa Caminhos da Semente, implantando, em uma área de quase 0,5 hectares no município de Engenheiro Paulo de Frontin-RJ, a semeadura direta, utilizando a técnica da muvuca, que foi intercalada com o plantio de mudas.

Para esta técnica da muvuca, sementes de espécies nativas foram plantadas diretamente no solo da propriedade do Sítio São José, que já era atendida com ações de restauração do PAF Sacra Família, mantido pelo Comitê Guandu e executado pela ONG Crescente Fértil. Por meio de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), foi criada uma unidade demonstrativa na área, onde a Iniciativa Caminhos da Semente dispôs da técnica e das sementes, tendo como contrapartida para o Comitê Guandu a manutenção dessas áreas.

Passados mais de dois anos os resultados são apontados como positivos. O trabalho é acompanhado pela Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap). De acordo com a Técnica em Recursos Hídricos da entidade, Isabela Trece, que atua como gestora nas ações do PAF na região, é necessário observar a importância dessa iniciativa, tendo em vista que essa técnica da muvuca é ainda pouco difundida e utilizada em projetos de restauração florestal, sendo um piloto para avaliar a sua viabilidade técnica para as ações do PAF.

“Os resultados nessa área são interessantes. Na última vistoria técnica realizada em agosto, e segundo os relatórios de monitoramento do PAF, é possível observar o crescimento das mudas e ainda ver a germinação das espécies arbóreas, mesmo após dois anos da semeadura. A técnica parece promissora para os projetos de restauração realizados pelo Comitê. Por se tratar de uma única área, estudos avaliando a viabilidade, tanto da técnica de restauração quanto a aquisição de insumos, principalmente, sementes, devem ser realizados visando a possibilidade de ampliação”, destacou Isabela Trece.

O custo-benefício e os ganhos ecológicos fazem da muvuca uma prática interessante na recuperação florestal. Além da redução de custos dos projetos e, consequentemente, a possibilidade de ganho de escala, apresenta benefícios ecológicos visto que esse método visa simular a regeneração natural.

Ainda de acordo com a representante da Agevap, a regeneração natural acontece a partir de fatores próprios da natureza, como a circulação da fauna que alimenta os bancos de sementes.

“A ideia é simular isso, só que aplicando a técnica, de modo a reduzir a competição por meio do controle do capim, bem como evitar o pisoteio de animais, por meio do cercamento, por exemplo”, comentou a gestora.

Resultados já percebidos após cinco meses

Segundo o responsável técnico da Iniciativa Caminhos da Semente na área do PAF, Edézio Miranda, especialista em restauração ecológica, as espécies que foram utilizadas no Sítio São José provêm de redes colaborativas de coletores e coletoras de sementes. Foi priorizada a semeadura daquelas sementes que permitem uma maior longevidade no sistema, ou seja, que podem germinar depois de longos períodos.

“São utilizadas preferencialmente sementes duras (ortodoxas) que permitem um maior tempo de armazenamento como, Jatobá, Aroeira, Paineira, Copaíba, Pau cigarra, Tamboril, Maricá, Guaritá, Suinã, Monjoleiro e também espécies de adubação verde, como feijão de porco, Guandu e Crotalária”, informou Edézio.


Sem custo ao produtor rural, a inciativa Caminhos da Semente é coordenada pela Agroicone em parceria com Instituto Socioambiental (ISA) e Embrapa, com o apoio técnico e financeiro do programa Partnerships For Forests (P4F), do Reino Unido, e diversas organizações parceiras. Na área do PAF, a atuação do projeto foi de um ano, seguindo as etapas de implantação, manutenção e monitoramento.

“O monitoramento feito aos cinco meses após plantio encontrou seis espécies de adubação verde e 16 espécies nativas semeadas, com uma densidade de 1,5 indivíduo por m², que representa cerca de 15.000 indivíduos por hectare de espécies nativas semeadas, o que naquele momento era uma densidade satisfatória e que dá condições para que ocorra o processo de sucessão com a entrada e saída de indivíduos de diferentes fases de sucessão”, comemorou o responsável técnico.

Saiba mais em https://www.caminhosdasemente.org.br/sobre.

 

Avanços do “Produtores de Água e Floresta” em 12 anos

 

Reconhecido internacionalmente, o programa Produtores de Água e Floresta é desenvolvido dentro da Agenda de Infraestrutura Verde do Comitê Guandu, na qual estão sendo desenvolvidos também os Planos Municipais da Mata Atlântica e o Plano Diretor Florestal.

O PAF é um dos projetos de maior longevidade dentre as ações executadas com aporte de recursos do Comitê Guandu, sendo um programa pioneiro no ramo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que consiste no reconhecimento do proprietário rural como provedor de serviços ambientais e ecossistêmicos.

O Projeto Piloto foi criado em 2009 em uma das principais nascentes do Rio Piraí, em Rio Claro/RJ. Em 2018, o programa se expandiu para Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin e Vassouras. Só nestes três municípios, que compõem o PAF Sacra Família, já são 44 mil árvores plantadas, 50 hectares de restauração, além de outros quase 500 hectares de conservação florestal, entre 28 proprietários beneficiados.

Além de pensar na recomposição da floresta nativa, mais próximo de suas condições originais, o PAF também trouxe um novo enfoque aos produtores: o incentivo a boas práticas agrícolas. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), juntamente com a Agevap e a ONG Crescente Fértil, foram implantadas quatro Unidades Demonstrativas de Sistemas Agroflorestais (SAFs) em propriedades rurais em áreas localizadas em Mendes. A agroecologia vem se destacando com a produção de alimentos de forma sustentável, por exemplo.

Para os próximos meses, novos avanços estão previstos pelo Comitê Guandu a partir do PAF, entre eles a execução de um projeto em parceria com a Petrobras Socioambiental, que prevê a quantificação dos estoques de carbono na biomassa; restauração florestal de 44 hectares; estudos sobre a qualidade da água nos mananciais influenciados pela restauração do PAF; e educação ambiental integrada.

Ainda dentro das projeções do Comitê, está previsto um novo ciclo do Programa Produtores de Água e Floresta, cujo termo de referência passa por processo de elaboração para a contratação da executora, bem como o lançamento do edital de seleção dos produtores a serem beneficiados. O novo chamamento público terá como meta a conservação de 800 hectares, outros 100 hectares de restauração florestal, e mais 50 hectares de conversão produtiva.

A geração de emprego e renda também é outro resultado do PAF. Desde o seu início, já foram mais de 2 mil postos de trabalho criados de forma direta e indiretamente.

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