BARRA MANSA
A equipe da 90ª Delegacia de Polícia (DP) deteve na noite de segunda-feira, dia 21, uma mulher suspeita de agredir e manter a filha, de 17 anos, em cárcere privado em casa, no bairro Vila Coringa. O fato chegou ao conhecimento dos policiais após a surra que a jovem levou recentemente. Dias após a agressão, a mãe teria permitido que a jovem dormisse na casa de parentes por parte de pai, mas desde que usasse roupas para tampar os hematomas. A adolescente então pediu socorro, contando o que estava passando dentro de casa. A mãe confessou que bateu na filha, mas disse que foi somente uma vez, porque mentiu, mas que está arrependida. A vítima e os três irmãos estão sob responsabilidade de parentes paternos.
A Polícia Civil recebeu denúncia anônima sofre o fato e foi até a casa da vítima. No local, eles foram recebidos pela suspeita, que se exaltou com os policiais e tentou impedir que fossem tomadas as medidas cabíveis, quando comunicada que seria levada para a delegacia para prestar esclarecimentos. O A VOZ DA CIDADE apurou que, neste momento, os agentes chegaram a ver a vítima e que ela entrou em um quarto; depois, retornou com uma roupa diferente, quase que toda coberta.
O fato foi acompanhado por uma equipe do Conselho Tutelar. Uma agente entrou no quarto com a adolescente, que confirmou a violência e disse que apanhava com o que a mãe tivesse na mão, como fio, vassoura, panelas, entre outros. Ela também comentou aos policiais que não havia pedido ajuda antes por medo com o que pudesse acontecer com ela e os três irmãos, de 14, nove e três anos. O último, segundo a adolescente, também já teria sido agredido pela mãe, com chutes, e em seguida jogado no chão. E uma outra, de 14, ainda teria em uma perna a marca de uma surra.
A moça contou ainda que naquele momento, inclusive, estava proibida de sair de dentro de imóvel, nem mesmo até a escada ou até a casa da avó materna, que mora no mesmo quintal.
No registro da 90ª DP, consta que a vítima, quando tomou coragem de expor as marcas pelo corpo, começou a chorar. Ela disse que foi agredida com fios na terça-feira, 15, e que nestas situações, costumam ocorrer vários xingamentos e humilhações.
Ela contou à equipe que tem um bom relacionamento com os parentes paternos, e que acabou criando coragem de contar, como um pedido de socorro.
A jovem foi encaminhada para uma Unidade de Pronto Atendimento Médico (UPA), onde recebeu atendimento médico. Em seguida, esteve na delegacia ao lado de um parente para prestar declaração. “Ela explicou que o pai faleceu quando ela tinha cinco meses e que ao longo dos anos, a mãe teve outros relacionamentos. Primeiro, teve a irmã, de 14 anos, e por último, do atual marido, os outros dois irmãos”, relatou um policial civil no registro. “Ela disse que estuda, ajuda nas tarefas de casa e cuida dos irmãos. Que não pode sair ou ter redes sociais, e que recentemente abriu uma conta, mas que a mãe descobriu, brigou com ela e passou a conversar com as pessoas se passando por ela, para tentar descobrir algo”, completou o policial, dizendo ainda que a vítima disse que o padrasto tinha conhecimento das agressões, mas não interferia para também não ser agredido pela mulher.
Depois de prestar depoimento, a jovem retornou para a casa acompanhada dos agentes. No imóvel, uma outra criança, a de 14 anos, estava presente ao lado de um familiar, tendo a mesma, quando questionada, chorado e também confirmado a agressão.
A jovem de 17 anos ficou sob responsabilidade de um tio, já que é órfã por parte de pai. A de 14 anos, ficou com a madrasta, que tem um bom relacionamento, já que o pai estava trabalhando; os mais novos, ficaram sob responsabilidade paterna.
DECLARAÇÃO DA MÃE
A mulher, quando questionada, disse que daria declaração na delegacia, acompanhada por um advogado. Na sede da 90ª DP, ela confirmou que bateu na filha mais velha, mas disse que só foi aquela vez, e justificou que a agrediu por ter mentido sobre um namoro, de cerca de dois anos, e que os parentes paternos já estavam sabendo.
Ela disse que se arrependeu e que sabe que se excedeu. Também comentou que toma remédio para ansiedade e que no dia da agressão, bateu na filha com uma cinta fina, nas pernas. Que foi pegar o braço dela, mas que a jovem colocou o outro na frente, ficando ambos machucados. Também desmentiu manter a filha em cárcere, contando que ela estuda em Barra Mansa e também faz um curso técnico três vezes por semana em Volta Redonda.
A mulher ficou detida e vai responder por agressão e cárcere privado, autuada no artigo 148 do Código Penal (CP).