SUL FLUMINENSE
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) cresceu 0,78% em janeiro, contra 1,06% em dezembro de 2020. É o maior resultado para um mês de janeiro desde 2016, quando o índice foi de 0,92%. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,30%, acima dos 4,23% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2020, a taxa foi de 0,71%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, dia 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 12 de dezembro de 2020 a 14 de janeiro de 2021 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 13 de novembro a 11 de dezembro de 2020 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as principais regiões metropolitanas do país como a do Rio de Janeiro, o que de certa forma contextualiza o cenário geral do consumo no país.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito apresentaram alta em janeiro. O maior impacto com 0,32 pontos percentuais veio de Alimentação e bebidas (1,53%), que desacelerou em relação ao resultado de dezembro (2%). Na sequência, veio Habitação, com alta de 1,44% e 0,22 pontos percentuais de contribuição. Juntos, os dois grupos responderam por cerca de 69% do IPCA-15 de janeiro. A terceira maior variação veio dos itens de Vestuário (0,85%), que apresentaram deflação no mês anterior (-0,44%). Outros destaques foram as altas de Artigos de residência (0,81%) e Saúde e cuidados pessoais (0,66%). Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,01% em Comunicação e a alta de 0,40% em Despesas Pessoais.
No Sul Fluminense como em boa parte do país a principal queixa dos consumidores em relação a alta de preços é por conta dos Alimentos e bebidas. “O preço do arroz, da carne, do feijão, da batata, da cebola, enfim, tudo sobe um pouco a cada mês. Comer está ficando caro, eu digo isso pra minha esposa e ela acha que é implicância. A cada vez que vamos às compras a conta sobe um pouco e olha que buscamos promoções e levamos coisas somente de necessidade”, comenta o aposentado Armando Pereira, 62 anos, que tem gasto mensal em supermercado em torno de R$ 1.300. “Se abrir precedente pra supérfluos como iogurtes, doces, biscoitos, geleias, essas coisas, a conta sobe ainda mais. Quase R$ 10 uma bandeja de iogurte”, critica o morador de Porto Real.
Segundo o IBGE, ainda assim houve a desaceleração em Alimentação e bebidas entre dezembro e janeiro, baixando de 2% para 1,53%. Principal fator foram os alimentos para consumo no domicílio, que passaram de 2,57% em dezembro para 1,73% em janeiro. As carnes (1,18%), o arroz (2%) e a batata-inglesa (12,34%) apresentaram altas menos intensas na comparação com o mês anterior (quando variaram 5,53%, 4,96% e 17,96%, respectivamente). Já as frutas subiram 5,68%, frente à alta de 3,62% no mês anterior, e contribuíram com o maior impacto (0,06 pontos percentuais) entre os itens pesquisados. No lado das quedas, o destaque foi o recuo nos preços do tomate (-4,14%).
Os alimentos para consumo fora do domicílio seguiram movimento inverso, acelerando de 0,58% para 1,02% na passagem de dezembro para janeiro. Enquanto a refeição (0,81%) apresentou variação próxima à do mês anterior (0,86%), o lanche passou de um recuo de 0,11% para alta de 1,45%, contribuindo decisivamente para o resultado observado em janeiro.
HABITAÇÃO
Na sequência das principais variações surgem depois Habitação com 1,44% e Vestuário. O setor de moradia pode apresentar o impacto provocado pela alta no reajuste dos alugueis residenciais. O valor praticado no cálculo leva em conta o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como principal indicador para o reajuste. Ele fechou 2020 com elevação de 22,14%, índice mais alto desde 2002.
Neste contexto, dono de imóveis com contrato tendo o IGP-M como base de reajuste anual, cujo prazo de renovação ocorra em janeiro tiveram de arcar com a nova realidade. “Meu aluguel é de R$ 1 mil e vence o contrato anual todo dia 15 de janeiro. Entramos em acordo e o imóvel subiu para R$ 1.200 ficando pouco abaixo do IGP-M correto que daria R$ 1.230,4. O proprietário cedeu temendo que eu saia e fique com o imóvel vago por alguns meses até encontrar novo inquilino. Agora, imagina, um reajuste desse patamar? O salário não sobe pra equiparar”, comenta a representante de vendas Tarcila Neves, 44, de Resende.
No grupo Habitação (1,44%), a energia elétrica (3,14%) exerceu novamente o maior impacto individual (0,14 pontos percentuais) no IPCA-15, embora a variação tenha sido menor que a do mês anterior (4,08%). Após a vigência da bandeira vermelha patamar 2 em dezembro, passou a vigorar em janeiro a bandeira tarifária amarela, em que há acréscimo de R$ 1,34 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Nos Transportes, grupo com o segundo maior peso no IPCA-15, a desaceleração de 1,43% em dezembro para 0,14% em janeiro ocorreu principalmente por conta da queda nos preços das passagens aéreas (-20,49%), que haviam subido 28,31% no mês anterior; e da alta menos intensa da gasolina, que passou de 2,19% em dezembro para 0,95% em janeiro. Destacam-se, ainda, as variações positivas dos automóveis novos (0,92%) e usados (0,88%), bem como dos transportes por aplicativo (8,72%).
VESTUÁRIO E HIGIENE PESSOAL
No grupo Vestuário (0,85%), houve alta nos preços das roupas masculinas (1,17%), femininas (0,89%) e infantis (0,63%), bem como dos calçados e acessórios (0,58%). Todos esses itens haviam apresentado variação negativa em dezembro. Em Artigos de residência (0,81%), as maiores contribuições vieram dos eletrodomésticos e equipamentos (1,51%) e de mobiliário (0,69%), com 0,01 pontos percentuais em ambos os casos.
No grupo Saúde e cuidados pessoais (0,66%), o destaque foi a alta dos itens de higiene pessoal (1,20%), que contribuíram com 0,05 pontos percentuais no resultado do mês. Além disso, no item plano de saúde (0,66%), foi incorporada, pela primeira vez, a fração mensal do reajuste anual suspenso em 2020.