Cerca de 800 pessoas se reuniram para assistir ao 5º Festival de Curimba do Sul Fluminense, realizado no último domingo (20). O evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra, que teve como tema ‘A Celebração da Cura’, foi realizado na arena cultural Memorial Zumbi, em Volta Redonda. O festival é promovido pelo coletivo Kekerê, do Centro Espírita Nossa Senhora da Guia (CENSG), com o objetivo de premiar canções, letras e performances apresentadas pelos templos de Umbanda e Candomblé da região.
Essa edição contou com a participação de artistas renomados no meio musical afro-religioso como Mestre Sapopempa, Roberto Ricci, Cantos du Ori e a Orquestra de Câmara do Grupo Lekê. Quatro categorias foram premiadas entre os nove terreiros participantes: Melhor Intérprete, Tema Livre, Tema Especial e Melhor Torcida. O júri foi composto pelos artistas participantes do evento e pelo defensor público federal, José Roberto Tambasco.
Para o presidente da Comissão de Terreiros e Povos Tradicionais de Volta Redonda- Mojubá, André Rocha, a retomada do evento representa a união das casas de axé da região. “Estou emocionado em fazer parte de um evento que, por si só, mensura a representatividade do povo de terreiro. O que mais importa não é a festa, não é a comemoração, é a união das Casas. Está todo mundo nessa arena maravilhosa numa mistura de amor, de axé, de pensamentos bons, em uma só harmonia. O que andou ocorrendo nesses últimos anos nos afastou. Hoje, nós estamos aqui firmes e fortes. O povo do Axé é merecedor desse evento. Que fique registrado o que o pai Sid conseguiu realizar reativando um evento como esse pós-pandemia”, comentou.
Os ganhadores receberam um troféu personalizado do evento. O 1º lugar da categoria ‘Tema especial’ foi contemplado com três atabaques artesanais, produzidos pela marca Instrumentos Pilados. Confira o resultado da premiação:
Tema livre
1º lugar: Tenda Espírita Vó Cambinda e Tia Chica
2º lugar: Centro de Caridade Caboclo Ventania
3º lugar: Tenda Espírita Cigana
Tema Especial
1º lugar: Tenda de Caridade Caboclo Ventania
2º lugar: Tenda Espírita Vó Cambinda e Tia Chica
3º lugar: Ilê Axé Ogum Yemonja Ati Ossosi
Melhor Intérprete
Tenda de Caridade Caboclo Ventania
Melhor torcida
Tenda de Caridade Caboclo Ventania
Feira das Marias movimenta a economia criativa
O evento contou com a Feira das Marias com a comercialização de produtos artesanais como doces caseiros, acessórios, roupas, utensílios e artigos religiosos. A feira foi promovida por um dos coletivos do Centro Espírita Nossa Senhora da Guia (CENSG), o Grupo das Marias, reunindo nove expositores: Rainha da Macadâmia, AfroOri, Cristais de Ogum, Flor de Jurema, Brilho Doce, Muy Bueno, Ateliê Folhas da Jurema, Grupo das Marias e Arte em Fé. Durante a Feira das Marias, aconteceu o ‘Live Painting’, com os artistas plásticos Lude Vilarinhos, Rômulo Thomaz, Isadora Brum e Lorena, produzindo ao vivo.
“Após dois anos de isolamento social, tivemos a benção das vacinas que estão nos permitindo retomar à vida. Esse festival tem um sabor especial porque é a Celebração da Cura, a cura do corpo, a cura da alma e a cura política, que entendo também como cura. Quando a gente consegue vislumbrar horizontes com liberdade de expressão, com políticas que realmente vão coibir esse racismo tão escancarado, estimulado, coibir a LGBTfobia, coibir a intolerância religiosa. Agora a gente começa a acreditar em leis que proíbam, que comecem a apertar todo o tipo de preconceito. Nós pedimos e agradecemos ao nosso Divino Pai, ao Divino Sagrado, aos Orixás, Inkices e Voduns da cura por terem nos permitido receber essas vacinas. E ao mesmo tempo entendemos o propósito que nós temos: com o corpo e mente sã, que lutemos para que tenhamos igualdade e equidade para todos nessa estrutura social tão comprometida” destacou a ialorixá dirigente do Centro Espírita Nossa Senhora da Guia, Mãe Célia Morais.