RIO CLARO
As ações para ajudar as famílias prejudicadas pela cabeça d’água do Rio Piraí, que atingiu Lídice na noite da última sexta-feira, dia 19, seguem a todo vapor em Rio Claro. As famílias que vivem no distrito foram pegas de surpresa com a inundação, que segundo os relatos, não ocorria há mais de 40 anos. Além de mais de 200 pessoas ficarem desalojadas, outras perderam vários pertences. Nesta segunda-feira, dia 20, o momento ainda era de contabilização dos prejuízos e limpeza. O A VOZ DA CIDADE esteve no município, conversando com algumas famílias prejudicadas.
O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos de Rio Claro, Júlio César, falou nessa segunda sobre as ações que estão acontecendo e orientações para as pessoas que estão doando para o distrito de Lídice. Segundo ele, o mais necessário no momento são itens para possibilitar a retomada dessas pessoas para suas residências. “Cama, colchão e fogão são alguns dos itens básicos para possibilitar essa retomada. Alimentação e roupas já estão sendo doados, mas precisamos também desses itens”, disse.
De acordo com a Defesa Civil, foram contabilizadas 223 famílias desalojadas até o momento. No último domingo, dia 19, o prefeito José Osmar recebeu o Governo do Estado, que entregou 500 cestas básicas e 500 kits de material de limpeza.
A secretaria de Assistência social também está oferecendo à população que sofreu com a enchente a isenção para retirada de documento civil, tais como certidão de nascimento, certidão de casamento, CPF, RG, etc. Além disso, os comerciantes que tiveram suas mercadorias prejudicadas receberão uma linha de crédito para ajudar na recuperação do prejuízo.
Relatos de moradores
A equipe do jornal encontrou com uma dupla do Cras que realizava o cadastro de moradores atingidos na Rua Waldemar Magalhães Silva. Segundo eles, aproximadamente 10 bairros estariam com equipes fazendo o cadastramento para receber doações. Nesta mesma rua, Ivone Barbosa de 53 anos relatou um pouco do susto que todos levaram quando a água chegou. “Atrás da minha casa tem um muro com cerca de oito metros e a água ultrapassou ele. Perdi basicamente todas as minhas coisas, sem contar as roupas”, lamentou, dizendo que a água chegou rápido demais e nem deu para fazer nada.
Ainda na mesma rua, Hortencia Moura, de 44 anos, destacou que é nascida e criada na localidade e nunca viu algo como isso acontecendo. “Perdemos praticamente tudo dentro de casa. Meu irmão tem cavalo e bois, ele tentou salvar os animais e foi algo perigoso. Alguns chegaram a se machucar”, relatou.
Já no Centro de Lídice Josiane Fraga, de 33 anos, estava ajudando seus sogros, que também perderam basicamente todas suas coisas. Em frente a casa estavam sofás, armários, guarda roupa, entre outros móveis para serem jogos fora. “É uma situação triste demais, você conquistar suas coisas e do dia para noite perder tudo. Mas temos que agradecer a vida, porque se estamos bem, conseguimos tudo de novo”, disse, completando que a população tem dado um show de solidariedade. “Estamos vendo doações de todos os lados. As escolas se mobiliando, igrejas, pessoas que não foram atingidas ajudando, assim como outros municípios”, disse.
Um exemplo disso é a Escola Municipalizada de Lídice que, com apoio da prefeitura, recebeu e organizou doações de roupas e calçados. Professoras conversaram com o jornal, explicando que estão sendo voluntárias para ajudar, assim como muitos outros funcionários da unidade, além da comunidade em geral. Vânia Biondi, servente na unidade destacou que as roupas estão sendo organizadas por idade, em masculino e feminino. “As coisas estavam no salão da igreja sábado e domingo, mas nessa trouxemos para cá. Estão vindo mais doações, estamos separando, servindo café da manhã, almoço e jantar aqui também”, finalizou.
Relembre o caso
Na última sexta-feira, dia 17, choveu 106,8 em Lídice, em um período de 24 horas, sendo que das 20 às 23 horas o volume de chuva foi de 50 milímetros, causando o transbordo do Rio Piraí. Deslizamentos de barreira foram registrados em vários pontos do distrito.