VIOLÊNCIA CONTRA MULHER: NÃO SE CALE

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Você sabe o que significa misoginia? É a manifestação de práticas discriminatórias e ofensivas, sobretudo com o emprego de violência, que relevam ódio e aversão às mulheres ou ao que elas representam. Um exemplo deplorável dessa conduta é o caso da procuradora Gabriela Samadello Monteiro de Barros, espancada no início da semana na cidade de Registro, interior de São Paulo, pelo também procurador e “colega” de trabalho, Demétrius Oliveira Macedo.

O vídeo da agressão foi amplamente divulgado e o mais triste é saber que essa história é real. As cenas embrulham o estômago e revelam tamanho desrespeito. Gabriela estava trabalhando, exercendo o seu ofício, quando foi brutalmente agredida. Enquanto desferia socos e pontapés, o agressor também xingava a vítima, como se o pensamento mais preconceituoso dele, pudesse justificar o ato que acabava de ser cometido. Nada explica isso, nada é capaz de justificar tanta violência.

O comportamento grosseiro e hostil de Demétrius, no convívio com colegas mulheres, já era notório. A procuradora havia cobrado uma apuração quanto a um episódio envolvendo uma conduta inadequada do agressor contra uma funcionária, que relatou estar com medo de trabalhar no mesmo ambiente que o procurador. A criação de uma comissão para analisar o caso foi divulgada através de uma publicação em um veículo oficial do município, o que certamente gerou as agressões.

Gabriela contou, inclusive, que tinha medo que algo pudesse acontecer, mas que não imaginava que a sua dignidade poderia ser exposta em um nível tão agressivo. Essa é a prova que, ao menor sinal de violência, seja ela qual for, o agressor deve ser denunciado. Não espere que aconteça o pior. Pessoas covardes são capazes de tudo, até de bater em uma mulher até que o seu rosto fique completamente ensanguentado.

O mais alarmante é que existem muitas Gabrielas por aí. Dados do Instituto Patrícia Galvão apontam que 76% das mulheres já foram vítimas de violência no ambiente de trabalho. E quatro em cada dez, foram alvo de xingamentos, insinuações sexuais ou receberam convites de homens para sair. Sem falar na grande parcela, formada pelo público feminino, que já teve o seu trabalho desvalorizado, observações profissionais desconsideradas e remunerações menores, se comparadas com colegas homens que ocupavam o mesmo cargo.

Ser mulher realmente não é fácil. É necessário ser forte o bastante para enfrentar essa avalanche de desigualdade, reafirmada por tantas demonstrações misóginas. A mulher é julgada pela roupa, pela forma que fala, pela função que exerce, como se o caráter de uma pessoa pudesse ser analisado com base em estereótipos. Não há nada a ser provado, nem a ser questionado. Nelas, não há nada de frágil. Gabriela foi forte por ela e por tantas outras vítimas espalhadas pelo nosso país. Pensar que uma mulher deve ser tratada de forma subalterna é um raciocínio desprezível.

No dia do crime, Demétrius chegou a ser levado à delegacia. Mas, em seguida, foi liberado. Nesta quinta-feira, dia 23/06, ele foi preso mediante o pedido de prisão preventiva, já que pelo retrospecto do agressor, sua liberdade expõe perigo.
A justiça começou a ser feita e qualquer coisa diferente disso seria um completo retrocesso diante das políticas de combate à violência contra a mulher, que tanto avançaram nos últimos anos.

Não podemos aceitar condutas de extrema violência e desrespeito, nem violações aos direitos individuais das mulheres. Nada que provoque o comprometimento da dignidade deve ser permitido.

Acredito que todos nós, homens e mulheres, ainda caminharemos lado a lado, sem preconceitos e discriminações. E só assim, poderemos viver com respeito, união e em busca de um ideal de igualdade, onde será possível ocupar espaços comuns. Mesmo que muitos duvidem se esse dia realmente chegará, todos temos a obrigação de evitar e combater atos de violência e, unindo forças, fazer cada mulher, a cada dia, sentir-se mais protegida e valorizada!

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