Vegetarianismo, um estilo de vida que tem conquistado os brasileiros

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BARRA MANSA

Cerca de 30 milhões de brasileiros, o equivalente a 14% da população, se declararam vegetarianos. Isso foi o que revelou uma pesquisa recente do Ibope, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). Apenas nas regiões metropolitanas, houve um crescimento de 8% nos índices de adeptos, em relação a 2012. A pesquisa também mostrou que 55% dos entrevistados consumiriam mais produtos vegetarianos se estivesse indicado nas embalagens.

Para mostrar os benefícios da alimentação vegetariana para a saúde e o meio ambiente, a Sociedade Vegetariana Norte Americana instituiu, em primeiro de outubro de 1977, o Dia Mundial do Vegetarianismo.

Segundo a SVB, o Vegetarianismo é um regime alimentar que exclui todos os tipos de carnes, por não compactuar com a exploração, confinamento e abate de animais; os impactos produzidos pelo setor pecuário no meio ambiente; e o constante desperdício de alimentos no mundo.

A busca por uma alimentação saudável, potencializada pela preocupação com o meio ambiente e com a exploração animal, tem levado várias pessoas a optar por formas de eliminar carnes e derivados do cardápio. No Brasil, 14% da população acima de 16 anos se declara como vegetariana, segundo pesquisa realizada em 2018 pelo Ibope Inteligência. O fato dos brasileiros terem optado por esse tipo de alimentação estabeleceu um novo desafio para restaurantes, bares e até panificadoras, que tiveram que começar a se preocupar com as opções de cardápio, divulgando com mais clareza os ingredientes utilizados nos produtos disponíveis.

De acordo com a nutricionista Karina Carvalho, existem vários tipos de vegetarianos: lactovegetarianos, ovolactovegetarianos, vegetarianos estritos, veganos, crudívoros, frugívoros e os flexitarianos. “Os veganos seguem um estilo de vida que vai muito além da dieta. Excluem o consumo de qualquer alimento ou produto de origem animal, geralmente obtido por métodos cruéis e exploratórios como roupas de couro, seda, lã, cosméticos e até mesmo medicamentos testados em animais. Os motivos para essa exclusão são diversos como saúde, aspectos espirituais e religiosos. Mas principalmente por questões que envolvem o meio ambiente e a ética animal”, destaca, explicando cada subgrupo de vegetarianismo:

Lactovegetarianos – não consomem carne e ovos na dieta;

Ovolactovegetarianos – não consomem carne de nenhum tipo: seja frango boi, peixe ou frutos do mar, mas consumem leite e ovos;

Vegetarianos estritos – não consomem nenhum tipo de carne, nem ovos, leite e nenhum outro derivado animal. Rejeita qualquer alimentação que pode ter causado sofrimento ou trabalho forçado a um animal;

Crudívoros – consomem apenas alimentos crus. Nesta dieta, o alimento para ser considerado cru, não deve ser aquecido acima dos 40ºC, não deve ser processado e pasteurizado, nem tratado por pesticidas ou ser refinado;

Frugívoros – consomem apenas frutos em sua alimentação. Muitos consomem apenas frutas, mas essa dieta pode incluir cereais, alguns tipos de legumes e oleaginosas;

Veganos – Excluem o consumo de qualquer alimento ou produto de origem animal, geralmente obtido por métodos cruéis e exploratórios como roupas de couro, seda, lã, cosméticos e até mesmo medicamentos testados em animais;

Flexitarianos – seriam pessoas que seguem a dieta vegetariana, mas que se permitem comer carne menos de três vezes por semana.

Karina destaca que através de uma alimentação variada e rica o estilo de vida não é prejudicial à saúde do individuo. “É bom fazer exames periódicos, para avaliar se não está com nenhuma deficiência de vitaminas e/ou minerais ou se está com baixo consumo de proteínas. É importante procurar um nutricionista, para montar um cardápio equilibrado em todos os nutrientes. Se a pessoa é de algum desses grupos dentro do vegetarianismo ou veganismo e é atleta, aí que se torna essencial, procurar ajuda de um nutricionista”, destaca.

A profissional explica que é possível atingir as necessidades nutricionais de proteína, vitaminas e minerais, mesmo sem o consumo de proteínas de origem animal. Alcançar a adequação de proteínas, em termos quantitativos é possível, mesmo em uma dieta vegana. “É preciso ter cuidado com aminoácidos essenciais, principalmente em veganos. Em atletas, é possível suplementar BCAA a partir de proteínas vegetais, encontrada, por exemplo, na semente de gergelim. O ferro de origem vegetal é absorvido em cerca de 1 a 15%, pois são mais sensíveis a fatores que influenciam a absorção. Por isso, buscar ajuda de um profissional, para lhe orientar como aumentar a absorção desse tipo de ferro, é importante”, destaca, acrescentando que a vitamina B12, nos casos dos ovolactovegetarianos, é obtida pelo consumo de ovos, leites e derivados. Já na dieta vegana, é preciso suplementar. “Também é possível ter um consumo adequado de cálcio, mesmo com o consumo de produtos de origem vegetais, como em alguns vegetais de cor verde-escuro.

Sabemos que encontramos ômega 3 nos peixes, mas encontramos em outros alimentos vegetais também, como na linhaça, por exemplo”, aponta.

Um estilo de vida

A jornalista Carla Duarte, de Barra Mansa, optou pelo estilo de vida há 15 anos quando uma amiga o apresentou, o tipo de música que ambas ouviam na época, também ajudou na escolha. “Minhas razões para mudar de vida foram políticas, não queria financiar ou contribuir com algo que estivesse atrelado a dor e sobrevivência de animais. Comecei a me questionar, politizar o que consumia, claro, foram longas reflexões, não é uma decisão fácil. Carne não é única fonte de proteína do mundo, é preciso buscar outras alternativas através da reeducação alimentar e do conhecimento, ao abandonar a carne, eu me aproximei de outros grupos alimentícios como leguminosas e grãos”.

De acordo com ela, é uma decisão difícil, mas de grande aprendizado. “É uma decisão individual, é sua responsabilidade aquilo que você consume. é seu papel se questionar se o que você come está fazendo bem ao mundo. Não cabe a mim catequizar alguém”, finaliza.

 

 

 

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