SUL FLUMINENSE/PAÍS
Um em cada quatro brasileiros já perdeu dinheiro em algum golpe digital nos últimos 12 meses. Das vítimas, nove em cada dez moram em áreas urbanas. É o que revela uma pesquisa feita pelo DataSenado, instituto do Senado Federal, divulgado nesta semana. Quem nunca pegou pensando que, se fosse comigo, eu não cairia? Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE nesta terça-feira, dia 1°, uma moradora de Barra Mansa, que preferiu não se identificar, disse que era exatamente assim que pensava, antes de cair em um golpe.
O fato ocorreu este ano e foi registrado na 90ª Delegacia de Polícia (DP) de Barra Mansa. Ela conta que no dia 14 de maio foi vítima de golpe pelo celular, por um número não informado, com prejuízo financeiro no valor de R$ 3.119,59. “A pessoa que se identificou como Kauanne, representante financeira de um banco de consignados, oferecendo uma proposta de portabilidade do meu consignado. A proposta era reduzir o meu desconto mensal de R$ 164,86 para R$ 99,90. Frisou que a oportunidade era somente para aquele dia”, contou, completando que, dentre o atrativo, prometia que ela receberia restituição de juros e que o banco lhe daria um troco de R$ 568, que seria referente as parcelas já pagas. Liberado em três horas com redução de 1,72%,
“Passei a ela os dados e ela enviou um contrato em nome de um banco e assinei. O dinheiro caiu na minha conta e logo em seguida geraram um código de barras, que alegaram ser a quitação do consignado que eu já tinha, que precisava ser pago; que assim quitaria o anterior e que ficaria apenas com o atual, proposto pela pessoa identificada como Kauanne. Que a diferença dessa transação, que é o que paguei a mais, seria creditado na minha conta logo após essa operação”, completou.
No dia seguinte, ao verificar seu extrato bancário, assim foi feito, houve o crédito, geraram o código de barras, o qual ela efetuou o pagamento, acreditando ser a quitação do anterior. “Mas não houve o contrato de quitação, nem o troco e sim mais um contrato de consignado. Então, além do pagamento do boleto no valor de R$ 3.119,59, ainda constavam o débito anterior, de 43 parcelas de R$ 164,86 e ainda outras 48 x de R$ 99,90 do referido golpe, aplicado sobre a minha aposentadoria”, completou.
“Graças a Deus, tive tempo hábil para descobrir que era um golpe e consegui junto ao banco reverter. Tive que falar com a Ouvidoria, com várias pessoas, até que consegui”, finalizou, completando que não é todo mundo que tem esse tipo de sorte que ela teve no final da situação.
Delegado faz alerta sobre os tipos de golpes
O A VOZ DA CIDADE também conversou com o delegado titular na 95ª Delegacia de Polícia (DP) de Vassouras, Luciano Coelho. Ele fez alguns alertas sobre os golpes mais usados pelos criminosos. Um deles é o do falso Pix, em que a pessoa passa um comprovante que não existe de fato a pessoa/comércio, como se tivesse efetuado o pagamento; em outro, a pessoa diz que passou um Pix por engano para a vítima e manda um comprovante, pedindo que mande de volta. Contudo, nesse caso, esse comprovante é agendado, o que faz com que muitos caiam nesse golpe; e o que mais acontece, é o da OLX. “A pessoa fala com a vítima que vai comprar um carro/motocicleta/celular, por exemplo, com um valor acima do mercado. Ai a vítima, por vezes de olho grande, cai na lábia. O criminoso pede para ela tirar o produto da OLX, dizendo que vai intermediar a venda. Ele liga para um comprador, que nos casos do veículo normalmente são concessionárias, e diz que está oferecendo o veículo por um preço menor. Manda depositar na conta dele e diz que, por algum motivo, não pôde entrar em contato com o proprietário”, diz o delegado, explicando que hoje as transferências de propriedade de veículos são feitas de forma digital. “Ai a vítima transfere para a verdadeira pessoa que pagou, a menos, o carro fica com promessa de transferência, mas o proprietário não recebe o dinheiro, que cai na conta do golpista, que some do mapa”, explicou Luciano, contando que nesse caso, ocorre uma briga judicial muito grande, pois eles ficam questionando quem foi a verdadeira vítima.
“Ao fazer essas operações, as pessoas têm que ver se os links são confiáveis e verdadeiros. Se não tiver como ver, se auxiliar com alguém que tenha mais intimidade com esse tipo de caso e nunca fornecer senhas, conta, dados, pois banco nenhum liga para ninguém para pedir essas informações. O que temos de centrais de atendimentos falsas é uma enormidade”, finaliza o delegado Luciano Coelho.