Tradição que o tempo não apaga; Biblioteca ainda atrai jovens para pesquisas escolares

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BARRA MANSA

Com recém144 anos recém completados no último dia sete de setembro, a Biblioteca Municipal Adelaide Cunha Franco ainda persiste em uma era dominada pela tecnologia e a facilidade da internet. No local, estão disponíveis para consulta cerca de 18 mil títulos, dos mais variados gêneros, em sua grande maioria, fruto de doações.

De acordo com o gerente da Biblioteca Municipal, Luiz Felipe Carvalho, a comemoração do aniversário acontecerá no dia seis de outubro com a entrega de diplomas para os participantes do Concurso de Poesias, mais de 500 textos foram inscritos para a atividade. “Será uma noite de homenagens e recital das poesias vencedoras, a atividade faz parte da Semana da Divulgação da Historia de Barra Mansa, previsto dentro do Sistema Municipal da Cultura”, destaca o gerente, informando que o concurso abrangeu países de língua portuguesa, além de participantes da Irlanda e Japão.

Luiz Felipe destaca que há muita coisa boa vindo para o próximo ano. “Estamos ligados a Fundação de Cultura e já estamos estabelecendo metas e diretrizes para 2018, o que podemos adiantar é que estamos trabalhando com base no planejamento e na profissionalização, além da programação de inúmeros eventos com o objetivo de atrair novos leitores. Estamos cadastrados no Sistema Nacional de Cultura e o Rio de Janeiro tem criado políticas públicas neste sentido, estamos com boas expectativas, além da previsão de reforma do palácio”.

Atualmente há três mil usuários cadastrados, sendo formado em sua maioria por adolescentes em busca de pesquisas escolares. “Apesar de toda modernidade da internet, percebemos o público fiel que ainda busca referências nos livros, fazem trabalhos a mão. É uma tradição que se mantém”.

A Biblioteca funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas, para se cadastrar é necessário levar os originais de CPF, RG e comprovante de residência.

HISTÓRIA

O historiador e coordenador do patrimônio cultural da Fundação de Cultura de Barra Mansa, Nikson Salem, relembra que a biblioteca foi criada no dia sete de setembro de 1873, na gestão do Presidente da Câmara Joaquim Leite. Na província do Rio de Janeiro o decreto que autorizava a criação das bibliotecas populares é de 1870. “A primeira sede da biblioteca é justamente no Palácio Barão de Guapy, no século XX, ela passou por diversos prédios, incluindo a Estação das Artes, nos anos 2000 ela volta a ocupar parte do Palácio”, descreve o historiador.

Nikson destaca que no local há um acervo de obras raras, cerca de 1500 livros, datados dos séculos 17, 18 e 19. “Temos um exemplar raro de ‘A Divina Comédia’ em latim, são obras doadas por importantes personalidades de Barra Mansa, como o Visconde de Barra Mansa, João Gomes de Carvalho e o primeiro presidente da Câmara o Tenente Domiciano de Oliveira Rocha. Os livros, em sua maioria, vinham das bibliotecas das fazendas Bocaina e Santana do Turvo, em Amparo. Atualmente, tais obras irão passar por catalogação, higienização e conservação e serão expostas no Centro de Documentação e Memória de Barra Mansa na Fazenda da Posse”.

Palácio Barão de Guapy

Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) o Palácio Barão de Guapy, além de abrigar a biblioteca, foi por muito tempo, Casa do Legislativo da cidade, sendo que atualmente o local recebe sessões solenes e eventos especiais.

Inaugurado em três de outubro de 1861 como paço municipal, mais tarde o prédio é denominado com o nome atual, levando o nome de Joaquim José Ferraz de Oliveira, o Barão de Guapy. No local há obras históricas como uma pintura a óleo de Dom Pedro II, feita por Cincinato Mavignier.

Joaquim José Ferraz de Oliveira exerceu em Barra Mansa os cargos de juiz de paz e vereador. Em 1861 exercia o cargo de presidente da câmara quando foi inaugurado o prédio para abrigar a Câmara Municipal. Em 1862 foi nomeado Coronel Comandante Superior da Guarda Municipal de Barra Mansa e Rio Claro. Foi ainda agraciado com a Comanda da Imperial Ordem de Cristo, Comanda da Imperial Ordem da Rosa.

Adelaide da Cunha Franco

Nasceu em Araraquara,SP, em 9 de outubro de 1902. Com a morte dos pais, Adelaide foi estudar no Recolhimento Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Em 1924, deixou o educandário e mudou-se para a casa de uma tia em Quatis, cidade onde conheceu Francisco Ferreira Franco da Cruz, com quem se casou em 1925 e teve sete filhos, entre eles o cineasta José Luiz Francunha. Em 1941 escreveu a letra da música ‘Água da fonte’, que foi oficializada hino do município de Quatis. No ano de 1946, afamília vendeu a fazenda onde viviam na localidade de São Joaquim e mudou-se para Barra Mansa. Por mais de trinta anos lecionou Frances em diversas instituições educacionais da cidade e nos municípios de Volta Redonda, Rio Claro e Bananal. Foi membro fundadora do Movimento Barra-mansense de Expansão Cultural (Mobec), Membro efetivo do Grêmio Barra-mansense de Letras, Membro do Colegiado Unificador das Artes (Coluna). Fez parte do grupo de teatro da União Barra-Mansense dos Estudantes e durante 25 anos do Grêmio Cultural e Artístico Barra-mansense (Grecab). Colaborou escrevendo para diversos jornais do município, incluindo ‘A Voz da Cidade’, ‘O Lider’ e ‘A gazeta de Barra Mansa’. Foi agraciada com diversas medalhas e diplomas, dentre os quais, se destaca o titulo de Cidadã Barra-Mansense, Medalha do Mérito Barão de Ayuruoca e Educadora Emértica, conferido pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1977. No dia 15 de junho de 1987 a Biblioteca Pública Municipal de Barra Mansa passou a denominar-se ‘Professora Adelaide da Cunha Franco’. Adelaide faleceu em maio de 1999.

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