Taxa básica de juros da economia tem terceiro aumento contínuo, veja o que isso representa no seu cotidiano

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SUL FLUMINENSE

A Decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou pela terceira vez seguida a taxa básica de juros da economia, a Taxa Selic.  Aprovada por unanimidade pelo Copom, a taxa saltou de 3,5% para 4,25% ao ano. O aumento da taxa ajuda a controlar a inflação, pois encarece o crédito e desestimula a produção e o consumo.

Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um programa virtual em que os títulos do Tesouro Nacional são comprados e vendidos diariamente por instituições financeiras. A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Basicamente, ela influencia todas as demais taxas de juros do Brasil, como as cobradas em empréstimos, financiamentos e até de retorno em aplicações financeiras.

Mas o que isso quer dizer na prática, no dia a dia do brasileiro? A Planejadora Financeira, Itaise Cabral, explica que a inflação subiu muito nesses últimos meses que a Selic chegou em seu menor patamar histórico. “Tenho certeza que todos os donos de casa, que vão ao mercado, sentiram bastante o aumento nos preços. Isso foi feito para aquecer a economia durante o período de pandemia”, explica.

De acordo com ela, com a alta da Selic, o crédito fica mais caro, as empresas precisarão cortar gastos e adiar investimentos, o que afeta a quantidade de vagas de emprego no país.  “Essa alta também traz um retorno maior nos investimentos de renda fixa fazendo com que as pessoas guardem seu dinheiro em vez de investir em novos negócios”, acrescenta.

A planejadora financeira aponta que essa medida fará com que tenha menos dinheiro circulando na economia, as pessoas estarão ganhando menos, consumindo menos e guardando mais dinheiro. A oferta fica maior do que a procura e os preços voltam a cair. O reflexo imediato e um aumento nos preços, mas é uma reação de curto prazo. Como não vai ter quem compre, os mercados serão obrigados a baixar os preços para atrair os clientes”, informa. Este foi o terceiro aumento da Selic em 2021. Em março, quando o Copom decidiu elevar a taxa pela primeira vez em quase seis anos, a Selic passou de 2% para 2,75% ao ano. Em maio, subiu de novo, para 3,5% ao ano.

ENTIDADES COMENTAM

Ao analisar a medida, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) entende que um aumento da Selic em 0,75 ponto percentual neste momento está em linha com a evolução do quadro inflacionário atual e com o aumento das expectativas para a inflação para os próximos meses.

De acordo com a entidade, os indicadores de atividade econômica têm surpreendido positivamente, o que corrobora com um cenário de maior pressão inflacionária nos próximos meses. “Desse modo, a federação entende que o ciclo de alta da taxa básica de juros é compatível com o momento e garante a ancoragem das expectativas. No entanto, é imprescindível acrescentar que o cenário é adverso e depende de políticas adicionais que assegurem preços em níveis baixos e crescimento econômico sustentável”, avalia Firjan.

Segundo a entidade, a atividade econômica  apresentou resultados mais positivos, mas ainda há um longo caminho a ser perseguido. A pandemia expôs os gargalos estruturais que atrasam o desenvolvimento da economia brasileira. “Por isso, é fundamental a aprovação de reformas que solucionem as vulnerabilidades logísticas e tecnológicas, o alto custo de produção e, consequentemente, a baixa competitividade”, relata a nota.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do Copom é ‘equivocada’. Em nota, a entidade destacou que a medida encarece crédito para consumidores e empresas justamente em um “momento crítico da atividade econômica, que sofreu novo impacto negativo com a segunda onda da pandemia”. A CNI lembra que a produção industrial de abril de 2021 ainda está 6,6% abaixo do nível alcançado em dezembro de 2020.

“A decisão por um terceiro aumento expressivo da Selic vai de encontro a essa necessidade e desestimula a demanda ao aumentar o custo do financiamento de maneira significativa”, afirmou o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade.

 

 

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