Tatuador desenha gratuitamente aréolas de mulheres que passaram por procedimentos cirúrgicos na mama

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BARRA MANSA

Com o intuito de ajudar mulheres que passaram por procedimentos cirúrgicos na mama por causa de um câncer ou por motivos estéticos, o tatuador Alexandre Barholomeu e a pedagoga Mariana Luz se uniram para investir em um projeto social. A ação consiste em tatuagens que realizam a reconstrução da aréola mamária de forma voluntária e gratuita. O trabalho, que é realizado em Barra Mansa e em São Paulo, acontece desde 2017 e tem como objetivo principal incentivar as mulheres a resgatarem sua autoestima após um período de grandes lutas e mudanças em seu corpo.

O procedimento é procurado tanto por clientes que passaram pela cirurgia de mastectomia (remoção da mama), como também por clientes que devido à cirurgia para prótese de silicone, que não ficaram satisfeitos com as aréolas mamárias. Na região Sul Fluminense já foram atendidas cerca de 14 mulheres com o procedimento, que necessita de um laudo médico com autorização. O trabalho voluntário é realizado uma vez por semana, no estúdio que fica na Avenida Joaquim Leite, Edifício Profissões Liberais, sala 407, em Barra Mansa. Os interessados podem entrar em contato através do telefone (24) 99984-5302.

COMO É O PROCESSO

Após a apresentação do laudo, o cliente passa por uma lista de espera, que pode durar no máximo 30 dias. É feita então uma análise onde, é avaliada a forma singular e subjetiva de cada caso, sobre como será feito o desenho e a pigmentação ideal para a pessoa. Após isso, é marcada a data para o procedimento, e explicado detalhadamente como é o processo, como por exemplo, a forma de aplicação, anatomia, forma de cuidados, cicatrização, e o processo de fagocitose, que é quando o corpo de expeli o pigmento. Após 20 dias da reconstrução, é realizada uma nova seção para um retoque final.

Após o cliente realizar os cuidados adequados, não existe mais a necessidade de retoques, tornando a reconstrução da aréola permanente. No entanto, como qualquer outra tatuagem, após alguns anos, é necessário o retoque.

Mariana e Alexandre são casados há três anos e se especializaram para ajudar o próximo – Foto Divulgação

O sonho de ajudar a quem precisa

A volta-redondense de 29 anos, Mariana Luz, e o paulistano, Alexandre Bartolomeu da Silva, conhecido como Alexandre Brinkedo, de 43 anos, são casados há três anos. E uma coisa em comum que o casal tem, é a vontade de ajudar a quem precisa. Segundo contou Mariana, que é pedagoga, ela e o marido começaram a se aperfeiçoar com o procedimento de estética em 2016, após realizarem um curso de micropgmentação, onde se capacitaram em preenchimento e camuflagem de estria.

Mariana ainda conta, que passou a ajudar o marido com o trabalho no estúdio, e, em 2017 eles iniciaram o projeto social com a reconstrução de aréolas. “O Brinkedo sempre teve vontade de fazer um projeto do tipo. Então nos aperfeiçoamos mais profundamente e decidimos realizar esse sonho. Na época já existia uma grande procura pelo procedimento mesmo sem ter divulgação ainda”, relatou.

O casal divide o trabalho, onde Mariana realiza o atendimento inicial, com o recebimento dos laudos médicos e faz a análise de cor e pigmentação que será usado, além da simetria do desenho que será feira. “Algumas mulheres querem fazer o procedimento apenas com outra mulher, então eu também realizo o processo”, ratificou, acrescentando que o atendimento é gratuito. “Se a pessoa puder e quiser contribuir com o valor do material usado, ela pode. Até então, apenas uma quis contribuir com o valor de R$ 80. Mas não é obrigatório”, afirmou, completando que o trabalho não visa o lucro.

‘Após um segundo câncer, eu optei pela tatuagem’

Uma das mulheres que realizou a tatuagem de reconstrução de aréola, é uma idosa de 74 anos. Ela conta que já havia passado por um problema com o câncer de mama quando mais jovem, e, aos 73 anos ele voltou e ela teve novamente que passar por cirurgias. Segundo a idosa, que não quis se identificar, na primeira vez que enfrentou a doença, ela optou pela reconstrução cirúrgica. “Com o passar do tempo a reconstrução estava se desfazendo, então fiz a tatuagem”, relatou, acrescentando que em junho de 2018, ao fazer um exame de rotina, descobriu um nódulo no seio. “Precisei passar novamente por uma cirurgia, e precisei outra vez me submeter à mastectomia total”, lamentou.

Ainda segundo a idosa, ela conseguiu vencer o câncer mais uma vez e precisava de novo de uma reconstrução da aréola. “Eu tinha duas opções, cirurgia ou tatuagem. Então optei pela segunda, pois não queria mais uma vez a rotina de hospital com internações”, disse, informando que conheceu Alexandre Brinkedo através de uma neta. “O resultado foi super positivo. Espero que esse depoimento possa incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Recuperar a autoestima é só um dos benefícios desta decisão”, finalizou.

Resendense, 40 anos

‘Só de pensar em uma nova cirurgia, me dava medo’

A moradora de Resende de 40 anos, que também não quis se identificar, relatou que ao tentar realizar um sonho, se viu em meio a um pesadelo. Ela explicou que com o passar dos anos o corpo dela mudou e ela teve o desejo de se submeter a uma mastopexia (mudar a forma do seio). “É uma cirurgia que tem o objetivo de reverter o caimento natural dos seios, reposiciona a aréola e também a pele com flacidez, elevando as mamas a sua posição original. O médico me garantiu simetria total, mas não foi isso que ocorreu”, lamentou.

Ela explica que conversando com um amigo, ficou sabendo sobre o trabalho do Brinkedo e da Mariana. “Fiquei com uma grande diferença no posicionamento das aréolas e isso me assustou muito. O médico queria realizar outra cirurgia para arrumar, mas isso não é fácil, além da dor você fica restrito a vários movimentos”, disse, acrescentando que mesmo assim decidiu confiar no médico de novo e a situação piorou. “Só de pensar em uma cirurgia novamente, me dava medo. Então quis buscar outra alternativa”, ratificou.

A resendense conta que após realizar o procedimento com Brikedo e Mariana, ela finalmente pode realizar seu sonho. “Hoje me sinto plena e tenho certeza que essa foi minha melhor escolha, fazer a reconstrução através da tatuagem”, finalizou.

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