Tarifa branca é opção para o consumidor reduzir a conta de energia

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SUL FLUMINENSE

O início de 2020 traz uma novidade positiva para os consumidores tentarem reduzir a conta de energia elétrica. Está em vigor desde o dia 1º de janeiro a tarifa branca abrangente a todos os consumidores de baixa tensão como clientes residenciais, rural, estabelecimentos comerciais de pequeno porte e até algumas indústrias. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), este grupo de clientes abrange aproximadamente 15,9 milhões de unidades consumidoras no país.

Através desta opção de adesão, o cliente será cobrado conforme o consumo de energia em determinado dia e horário. A norma não se aplica a consumidores residenciais classificados como baixa renda, beneficiários de descontos previstos em Lei e à iluminação pública. (veja ao fim desta reportagem um simulado conforme o perfil do consumidor).

A medida iniciada neste mês finaliza um cronograma aprovado em 2016 que permitiu a partir de janeiro de 2018 que a tarifa branca foi opcional para clientes com consumo acima de 500 kWh/mês. Em janeiro de 2019, passou a ser acessível para clientes com média de consumo anual superior a 250 kWh/mês. Agora, é permitida a todos consumidores de baixa tensão.

A nova tarifa pode gerar economia em horários de menor impacto coletivo no sistema- Arte: Fábio Guimas

CONTROLE DE CONSUMO

Na prática, quem aderir à tarifa branca, passa a ter a possibilidade de pagar valores diferentes em função da hora e do dia da semana em que consome a energia elétrica. Se o consumidor adotar hábitos que priorizem o uso da energia nos períodos de menor demanda, como no horário da manhã, início da tarde e madrugada, por exemplo, a opção pela tarifa branca oferece a oportunidade de reduzir o valor pago pela energia consumida. O casal de industriários Samanta e Anselmo Nogueira, fazem expediente entre o horário da tarde e noite, em uma fábrica da região. A rotina de consumo de energia residencial ocorre, geralmente, entre a madrugada e a manhã. “Vou analisar esta opção para tentar baixar minha conta de luz dos R$ 310 mensais. Nossa rotina de consumo oscila entre a madrugada e a manhã. Utilizamos microondas, a máquina de lavar roupas, o chuveiro elétrico e quando está muito quente, dormimos com o ar-condicionado funcionando”, comenta a especialista em pintura automotiva.

Na avaliação de Anselmo, qualquer redução será bem-vinda. “Somos um casal, mal ficamos em casa no horário que é considerado pico de consumo. Em dezembro pagamos R$ 310 e em novembro R$ 285. Quero reduzir isso, poder gastar com alimentação, lazer, enfim. Ano novo tem IPVA, IPTU, então será oportuno pra mim”, afirma os moradores de Resende. Segundo a Aneel, cada concessionária de energia no país estipula o chamado horário de pico, ou ‘horário de ponta’ de consumo.

A Enel Distribuidora adota como horário de pico no Rio de Janeiro, com exceção de sábados, domingos e feriados nacionais, o período entre 18 e 21 horas. São as três horas que levam o aposentado José Carlos Barbosa à irritação com os hábitos dos familiares. “É a hora de todos começam a tomar banho demorado em sequência, ligar a televisão pra ver novela, ficar pendurada no computador com amigos, enfim. Isso sem falar nos ambientes com lâmpada acessa sem ter ninguém no local. Somos quatro pessoas, eu e minha esposa ficamos o dia todo em casa e nesses dias quentes é ventilador e ar-condicionado acionado o tempo todo. Tento controlar, mas é difícil”, disse o patriarca que paga em média R$ 450 de tarifa mensal. “Quero analisar essa tarifa branca e tentar adequar o consumo aqui de casa. Acho que será difícil pelo horário habitual de todos, mas vou tentar”, comenta José.

Com consumo consciente a tarifa de energia pode favorecer a economia do consumidor – Arte: Fábio Guimas

De acordo com a Aneel, é fundamental que o consumidor, antes de optar pela tarifa branca, conheça seu perfil de consumo. Afinal, quanto mais o consumidor deslocar seu consumo de energia para o período considerado fora de ponta, maiores serão os benefícios através desta modalidade. “Todavia, a tarifa branca não é recomendada se o consumo for maior nos períodos de ponta e intermediário e não houver possibilidade de transferência do uso dessa energia elétrica para o período fora de ponta. Nessas situações, o valor da fatura pode subir. Por isso, é bom ter atenção ao solicitar a mudança”, adverte a Aneel.

ADESÃO E DESISTÊNCIA

Para aderir à tarifa branca, os consumidores precisam formalizar sua opção junto à distribuidora. Quem não optar por essa modalidade continuará sendo faturado pelo sistema atual.A agência nacional frisa ainda que, da mesma forma que é possível aderir, caso o consumidor não perceba alguma vantagem na conta mensal, ele pode solicitar seu retorno ao sistema anterior com a cobrança da tarifa convencional, o que deve ocorrer em 30 dias após o pedido de retorno. Ainda, assim, caso queira participar novamente da modalidade tarifária branca, será preciso aguardar um período de carência de 180 dias.

TARIFA AMARELA

A bandeira tarifária em janeiro de 2020 será amarela, com custo de R$ 1,343 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. A bandeira permanece amarela em razão do baixo nível de armazenamento dos principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) e pelo regime de chuvas significativamente abaixo do padrão histórico nessas regiões.

SIMULAÇÃO PARA CLIENTE RESIDENCIAL, COMERCIAL, RURAL E INDUSTRIAL

Para ter certeza do seu perfil, o consumidor deve comparar suas contas com a aplicação das duas tarifas. Isso é possível por meio de simulação com base nos hábitos de consumo e equipamentos. O consumidor deve observar a relação entre a tarifa branca relativa ao consumo fora de ponta e a tarifa convencional. Essas tarifas são definidas anualmente pela Aneel nos reajustes tarifários e publicadas em resoluções homologatórias, para cada distribuidora.

Conforme orientação da Aneel, veja abaixo diferentes exemplos de perfis de consumo de energia e os impactos sobre o valor faturado em cada modalidade.

RESIDENCIAL – Exemplo 1

Nos dias úteis há um grande consumo no horário de ponta, decorrente do uso de chuveiro elétrico para um banho no período intermediário e dois banhos no período de ponta. Para este PERFIL 1, não havendo mudança dos hábitos de consumo, é melhor permanecer na Tarifa Convencional.

Entretanto, se este consumidor residencial conseguir deslocar dois banhos para o período fora de ponta (PERFIL 2) e mantiver apenas um banho no período de ponta, a adesão à Tarifa Branca já se tornaria vantajosa conforme pode ser visto no exemplo e a economia mensal seria de R$ 3,85.

RESIDENCIAL – Exemplo 2

Nos dias úteis, há utilização concentrada de chuveiro elétrico no período de ponta (PERFIL 1) mas há uma maior utilização de eletrodomésticos fora de ponta. Neste caso, a adesão à Tarifa Branca economiza R$ 5,34 por mês.

Este mesmo consumidor pode tornar a adesão à Tarifa Branca ainda mais vantajosa se conseguir deslocar parte do consumo para o período fora de ponta (PERFIL 2), reduzindo em R$ 6,66 por mês sua conta de luz.

RURAL – Exemplo 1

O PERFIL 1 representa um consumidor rural, com consumo similar ao de um consumidor residencial e intensa utilização de eletrodomésticos durante os dias úteis no período de ponta. Para este perfil, a Tarifa Branca não é vantajosa.

Se este consumidor rural conseguir deslocar seu consumo para fora de ponta nos dias úteis (PERFIL 2), a Tarifa Branca pode se tornar vantajosa e gerar uma economia mensal de R$ 2,08.

RURAL – Exemplo 2

No caso de consumidores com produção agrícola, o perfil de consumo dependerá do tipo de uso de energia. No exemplo, devido às características da produção agrícola e do perfil de consumo de energia, a Tarifa Branca é vantajosa, com economia de R$ 8,14 por mês.

COMERCIAL – Exemplo 1

Há vários tipos de consumidores comerciais atendidos em baixa tensão: lojas, mercados, farmácias, padarias, entre outros. Cada unidade consumidora apresenta um perfil de consumo. A vantagem de aderir à Tarifa Branca dependerá não só do perfil de cada consumidor, mas também da capacidade de alterá-lo frente ao seu tipo de comércio e da análise do custo/benefício decorrente dessa alteração.

No exemplo, a unidade comercial funciona nos dias úteis das 8 às 20 horas. No sábado, o consumo de energia ocorre no mesmo período, porém em menor quantidade. E o estabelecimento não abre aos domingos. Embora nos dias úteis o consumo na ponta seja baixo e nos finais de semana haja menor consumo de energia, para este consumidor, a adesão à Tarifa Branca não resultará em vantagem significativa, pois as contas nas duas modalidades são quase iguais.

COMERCIAL – Exemplo 2

O consumidor comercial funciona 24 horas por dia, durante todos os dias da semana, com pequenas alterações no consumo de energia ao longo das horas. Para este perfil de consumo, a Tarifa Branca é vantajosa e gera economia mensal de R$ 22,31.

INDUSTRIAL – Exemplo 1

Há muitos consumidores industriais atendidos em baixa tensão: indústria de alimentos, de vestuário, de móveis. Cada unidade consumidora apresenta um perfil de consumo ao longo da semana. A vantagem de aderir à Tarifa Branca dependerá do perfil de consumo do consumidor, de sua capacidade de alterá-lo frente ao seu tipo de indústria e da análise de custo/benefício decorrente da alteração.

Uma indústria que trabalha por turnos nos dias úteis apresenta um grande consumo de energia no período de ponta. No sábado, há um consumo menor concentrado entre 8h e 18h e, no domingo, não há produção. Para este perfil, a Tarifa Branca não é vantajosa.

  Industrial – Exemplo 2

Para um consumidor industrial que utiliza energia elétrica 24 horas por dia, todos os dias na semana, com um maior consumo entre 6h e 21h, a Tarifa Branca é vantajosa, com economia mensal de R$23,85.

 

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