BARRA MANSA
Começo das aulas marca também o surgimento de dúvidas para pais e responsáveis em relação ao peso das mochilas. A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) lançou uma campanha para proteger a coluna vertebral das crianças, que não devem carregar uma mochila com mais de 10% do seu peso corporal.
Assim, uma criança de sete anos com peso em torno de 20 a 22 quilos, por exemplo, estará forçando sua coluna se levar nas costas uma mochila com mais de dois quilos, avisam os ortopedistas.
De acordo com a ortopedista pediátrica e presidente da SBOT, Patricia Moraes Barros Fucs, é necessário atenção na hora de se preparar a mochila. “Um brinquedo ganhado no Natal não precisa ser levado à escola, um livro de História carregado inutilmente num dia em que não há aula de História e principalmente bom senso impedem que a mochila pese demais. O alerta cabe porque se uma criança carrega sempre uma mochila pesada demais, pode não aparecer sintoma imediato que chame a atenção, mas no futuro pode lhe causar problemas”, explica a ortopedista.
A preocupação cabe porque 85% da população brasileira em algum momento tem queixa de dor nas costas. Como as crianças atualmente tendem a se movimentarem pouco, a gastar horas diante do computador ou da TV, o esporte e os exercícios que poderiam compensar pelo menos um pouco o problema, não são feitos. O excesso de peso muda a postura, a criança tende a caminhar um pouco mais curvada e os músculos do peito se encurtam, os das costas ficam mais fracos, pode haver uma escoliose e no futuro a qualidade de vida será afetada.
A boa notícia, é que se a criança usou mochila pesada muito tempo ou já tem queixas de dor, um tratamento fisioterápico é suficiente para resolver o problema e evitar sequelas futuras.
A ortopedista destaca que o acessório deve ter duas alças – que devem ser largas, com pelo menos quatro centímetros – precisam ser usadas sempre, nunca pendurar a mochila num ombro só, que a mochila deve ficar bem encostada nas costas e não balançando, com a base de uns cinco centímetros acima da cintura, e é preferível a mochila com cinto abdominal, para deixá-la mais firme.
A especialista em pilates, Érica Letícia, destaca que o ato de carregar mochilas pesadas prejudica a coluna e a região dos ombros. Isso pode levar a quadros de dores importantes. Outro ponto é que subidas, descidas, escadas e outros terrenos acidentados exigem uma postura mais ereta. “Com a mochila nas costas, a tendência é projetar o corpo para frente, forçando a coluna. Sem contar quando a mochila é carregada em apenas um ombro, descompensando totalmente a postura. Se este hábito for constante ao longo ano pode alterar a curvatura da coluna, causando cifose, lordose e piorando quadros de escoliose. Ao carregar de um lado só do corpo, pode também levar a um importante desalinhamento do eixo corporal”, diz a especialista.
Dicas para os pais
A maior preocupação deve ser com as crianças maiores e adolescentes, que são mais independentes e acabam não gostando muito da supervisão dos pais.
Para crianças menores, os pais devem criar um calendário ou cronograma das matérias. Com isso, o ideal é colocar na mochila apenas os materiais que serão usados no dia.
Mochilas ou carrinho? Provavelmente, os adolescentes não vão aceitar usar malas de rodinhas. Porém, essa é a opção ideal para preservar a coluna. A mochila com rodinhas deve ser usada até que a criança aceite. Mas, mesmo este tipo de mala requer uma postura correta para usar. O ideal é empurrar para frente, sem fazer flexão lateral do tronco.
Se a mochila está muito pesada e o carrinho não é uma opção, a recomendação é usar uma outra bolsa, sacola, etc., para dividir o peso. Essa bolsa deverá ser carregada nas mãos e naturalmente não deve ser muito pesada. Lanches ou roupas, por exemplo, são itens que podem ser levados desta maneira.
Cadernos: Para os alunos que têm várias matérias, o ideal é ter apenas um caderno ou uma pasta fichário, devidamente separados por matéria. Evite comprar um caderno para cada matéria, pois além de aumentar o peso, há um risco maior de esquecimentos ou trabalho redobrado na hora de arrumar a mochila.