VOLTA REDONDA
Durante o Seminário Jurídico realizado pelo Instituto de Liberdades Públicas e Ensino Jurídico Paulo Rangel, pessoas ligadas a área jurídica, ou não, puderam assistir palestras ministradas por autoridades do Judiciário, Exército Brasileiro, Polícia Federal e Ministério Público Militar da União. O evento, realizado no Cine Nove de Abril, objetivou comemorar os 30 anos da Constituição Federal. Ao final do seminário, foi elaborada uma carta de intenção para as autoridades com propostas de melhorias e adequações a Constituição.
O desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Paulo Rangel, falou ao A VOZ DA CIDADE a respeito do evento. “Trazemos a sociedade uma conscientização não só do papel do Estado, mas também o papel social de cada um de nós tem a desenvolver frente a esses temas que foram tratados. E, em especial, discutir os 30 anos da Constituição, analisar o que já foi feito, o que deixamos de fazer e o que temos que fazer”, destaca o organizador, informado que mais de 800 pessoas se inscreveram para o evento.
Em 2016 ele também realizou um grande evento jurídico em Barra Mansa e declarou que a região foi escolhida mais uma vez por ter uma envergadura intelectual, de interesse, até maior do que a cidade do Rio de Janeiro. A intenção é que outro evento como este seja feito em março do ano que vem, em local ainda a ser definido.
Neste sábado, um dos pontos altos foi a palestra ‘A corrupção sistêmica e endógena’ ministrada pelo juiz federal Marcelo Bretas. De acordo com ele, o mundo reconhece o trabalho que tem sido feito no Brasil nos últimos anos. “A Lava Jato começou combatendo irregularidades dentro de empresas. Depois pudemos perceber que organizações criminosas haviam comprado o poder público e vários esquemas estão aparecendo em diversos estados. O judiciário não persegue a classe política, e sim, os corruptos. Isso fez o Brasil ter reconhecimento e vários países tem se espelhado para combater a corrupção”, aponta o juiz.
O juiz Alexandre Abrahão falou sobre ‘Guerra Irregular x Segurança Pública’. Para ele, a situação do Rio de Janeiro não é mais caso de segurança pública. “Estamos vivendo a guerra irregular, hoje, ser policial militar na cidade é 720 vezes mais arriscado do que estar em combate em qualquer guerra. O terrorismo é implícito”, destacou.
Ainda hoje ministraram palestras: O promotor do Ministério Público Militar da União, Fernando Teles que falou sobre a ‘A intervenção federal e a garantia da lei e da ordem’. A delegada da Polícia Federal, Paula Mary, falou sobre o combate ao crime de pedofilia. O desembargador federal Abel Gomes falou a respeito dos ‘Vinte anos da lei de lavagem de dinheiro’. Já o procurador de Justiça do estado, José Maria Leoni discursou sobre a ‘União estável no ordenamento jurídico brasileiro’.
O desembargador do Tribunal de Justiça, Paulo Rangel, trouxe a questão do ‘O processo criminal dos réus escravos e a atual morte de jovens negros no Brasil: a guerra continua’. Ele destaca o processo criminal dos réus escravos fazendo um paralelo a atual morte dos jovens negros no Brasil. “Tenho feito é mostrar o morticídio da comunidade negra no século 21, igual ao que aconteceu no século 19, durante o império brasileiro em que tínhamos leis autorizando a matança de escravos. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2017, dos jovens de 14 a 29 anos que foram assassinados no país, 73% são negros”, declarou.
Fechando o evento, o procurador da República, Deltan Dallagnol ministrou a palestra ‘A sociedade contra a corrupção’.
BRASIL PÓS LAVA JATO
Com três integrantes da Lava Jato na lista dos palestrantes, Paulo Rangel afirma que historicamente falando, o Brasil vai vivenciar um período de estudo da história dividido entre o antes e depois da operação. “Antes tínhamos pretos, pobres e prostitutas na cadeia e hoje vemos políticos, empresários respondendo pelos seus crimes. Ainda não será após essa eleição que os resultados vão aparecer, mas estamos amadurecendo nesse quesito limpeza. O pleito eleitoral será importante para as pessoas decidirem que país querem, mas a mudança será gradual”, afirmou.