Duas mulheres residentes no bairro Santo Agostinho há meses atrás foram informadas que seriam mães. Uma de uma menina e a outra de um menino. Só que, com o passar dos meses, a gestação de ambas, ao invés de alegria, começou a trazer preocupação, sendo que uma, além de perder a filha, seguia até o fechamento desta edição internada no Hospital São João Batista (HSJB) a espera de uma cirurgia para a retirada do feto da barriga. Já a outra denuncia descaso dos médicos da mesma unidade hospitalar e teme perder o filho que espera.
O primeiro caso envolve a dona de casa Juliana Aparecida Gonçalves, de 42 anos. Segundo a família, com gravidez de risco, ela chegou ao Hospital São João Batista na segunda-feira, 10, por volta das 5h30min, com fortes dores na barriga. Durante o atendimento, foi constatado que ela havia perdido a filha que esperava. Só que, além da tristeza de saber que não poderá mais pegar a criança nos braços, está vivendo momentos de desespero e aflição, já que até o fechamento desta edição seguia internada com o feto na barriga à espera de uma cirurgia para a retirada do mesmo.
Ontem à noite, familiares de Juliana informaram que ela estava há mais de 36 horas a espera da cirurgia e mesmo assim não tinha nenhuma previsão de quando iria acontecer. Ainda segundo a família, Juliana faz tratamento de depressão e essa situação certamente iria piorar seu estado de saúde.
Após indagar aos médicos, os familiares garantiram que a informação recebida é de que a mulher, mesmo com o bebê morto, deve entrar em trabalho de parto para retirada do feto. “Ela só está recebendo medicação para forçar as contrações e entrar em trabalho de parto. Não estamos entendendo porque forçar parto normal se a criança já está morta. Só está causando mais sofrimento tanto para ela quanto para a família. Tememos ainda pela vida dela”, declarou um familiar, lembrando que ela não tem dilatação e corre risco, pois quando teve o primeiro filho, há 20 anos, aconteceu o mesmo. “Além disso, ela é hipertensa e com essa situação piora”, completou. Em um vídeo gravado em frente ao hospital, na noite de segunda-feira, um amigo da família mostrou o sofrimento do esposo de Juliana, Wenderson Guilherme Gonçalves, de 32 anos, do cunhado e da prima dela.
OUTRO CASO
O outro caso envolve a grávida Nathália Rodrigues de Menezes, de 22 anos, também residente no Santo Agostinho. Ela disse que está grávida de 39 semanas e, por ser uma gravidez de risco, está fazendo pré-natal na Policlínica da Mulher. Contou que como já perdeu um bebê há cinco anos, com 22 duas semanas de gravidez, teme que isso se repita. Disse que há dez dias está sentindo muita dor e nenhum médico passa nenhum exame para saber como está o bebê.
Nathália contou ainda que está sangrando bastante e quando é atendida o médico fala que é normal, mas segundo ela, sabe que não é. Disse também que desde que começou com as dores fortes, passou por mais de seis médicos no Hospital São João Batista e que “todos falam a mesma coisa: que o sangramento é normal e que estou bem, mas não passaram nenhum exame. Não sei como está meu bebê. A cada vez que tenho que ir ao hospital temo pela minha vida e da do meu filho, pois os médico mal olha na minha ‘cara’. Não examinam e alguns deles ainda dizem que é assim mesmo e que o sangramento é normal. Sabemos que grávida sangrar não é normal. Já não sei mais o que fazer. Preciso de ajuda para não perder o meu filho. Não que eu sou contra atender bem os animais, mas esses médicos nos tratam pior que animais”, criticou a jovem, ressaltando que está constatado que é contração, mas desde então todos médicos dizem que o sofrimento é necessário.
Nathália garante que está desesperada, pois não sabe como está o bebê, já que os médicos nada fazem e só dizem que, conforme protocolo só podem marcar ultrassom ou o parto após 41 semanas de gravidez. “Quero saber até quando esse descaso, pois a última médica tirou até o medicamento para dor. Estou constatando sangue na urina e eles dizem que é normal, mas eu sei que não é. O último, por medo de denúncia, me proibiu de entrar com celular e sem acompanhante no consultório. Sabem que não atendem direito. Por isso temem ser gravados. Não sei por que nos tratam tão mal assim. Está complicado. Não mais o que fazer. Não aguento mais sentir dor e ser mal atendida. Sei que estou com contração e que não tenho dilatação. Quero ajuda”, concluiu.
Procurada pela reportagem do A VOZ DA CIDADE, por meio da Secretaria de Comunicação, para falar sobre os dois casos, a Secretaria Municipal de Saúde nada respondeu até o fechamento desta edição.