Muitas pessoas estão comprando o medicamento acreditando no combate ao coronavírus e isso impede que quem precisa fique sem tratamento
VOLTA REDONDA
Depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, declarou que em estudos realizados apontam que o medicamento Hidroxicloroquina (Reuquinol) teve bons resultados contra o coronavírus (Covid-19), muitas pessoas, mesmo sem indicação de um médico iniciaram a compra desenfreada do medicamento. Com isso, quem depende do uso contínuo do medicamento para o tratamento de doenças diversas, relatam dificuldades para encontrá-lo nas farmácias do município. Vale lembrar que o Ministério da Saúde reforça que os estudos ainda são inconclusivos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pede para que as pessoas, que não fazem o uso do medicamento deforma continua, não o estoque. Assim não tira a chance e quem precisa.
Uma das pacientes que faz o uso do medicamento que já está sofrendo com a falta do remédio, é Nilda Ferreira Vidal Ribeiro, de 51 anos. Contou que é portadora de lúpus e que há mais de um ano faz o uso do medicamento. “Como eu tem muita gente sendo prejudicada. “Muitas pessoas estão indo para as redes sociais falando que não estão encontrando o remédio nas farmácias da cidade, pois ele auxilia em várias doenças autoimunes, além do lúpus. Semana passada saiu uma declaração que esse remédio pode auxiliar no combate ao coronavírus. Com isso, muitas pessoas compraram e deixaram a gente que precisa, sem a medicação”, reclamou a paciente, ressaltando que o medicamento está em falta nas farmácias há uma semana. “Só tenho mais quatro comprimidos e não posso parar o tratamento, como eu, milhares de pessoas precisam dele”, completou.
MAIS DEPOIMENTOS
Portadora de nove doenças autoimunes crônicas inflamatórias, os três tipos de Lúpus, pele, sangue e ossos, além de fibromialgia, artrite reumatóide, vitiligo, Síndrome de Sjögren, trombose, raynaud e saaf, doença rara mais grave, e usuária do medicamento diário, a administradora ativista militante de doenças autoimunes e crônicas inflamatórias, em Volta Redonda, Camila Divindade Silva, de 39 anos, se queixa do desaparecimento da medicação das farmácias. “Há 14 anos sou portadora dessas doenças autoimunes e, além do reuquinol, faço uso de outros medicamentos. Tenho laudo alertando que se eu não tomar os medicamentos, entre eles o reuquinol, posso ir a óbito”, informou a administradora.
Camila ressaltou ainda que o problema não é somente a questão da falta do medicamento nas farmácias, mas sim da questão social quando as pessoas que mesmo não tendo a doença vem adquirindo o remédio e estocando em casa. “Enquanto isso, nós que realmente precisamos estamos correndo risco de até perder a vida. Todo isso acontece, mas ninguém toma uma providência. Tivemos informação que por causa de um decreto municipal, as farmácias tiveram que recolher e repassar esses medicamentos para a Secretaria de Saúde, mas não sabemos se isso é verdade”, contou Camila, que ajuda um grupo de cerca de 50 pacientes com doença autoimunes. Para saber se existe esse decreto, o A VOZ DA CIDADE entrou em contato com a prefeitura, por meio da Secretaria de Comunicação, que garantiu que a informação sobre o medicamento não é verdadeira. “Todos as medidas e decretos feitos pela prefeitura estão disponíveis no site
www.voltaredonda.rj.gov.br/vrcontraocorona”. Sobre os preços abusivos nos estabelecimentos comerciais, o consumidor pode e deve denunciar . Caso a população encontre o produto e ele esteja em valor abusivo, é importante entrar em contato com o Procon no telefone 3339-9205 ou na sede situada na Avenida Paulo de Frontin, número 349 – 10/11, bairro Aterrado, no horário das 8h às 16h.