Desde que comecei a fazer parte do mercado financeiro, muitos novos investimentos surgiram, mas todos eles tinham algumas características em comum, eram modalidades já existentes de forma evoluídas ou condensadas a outros, e todas elas eram antes autorizadas pelos órgãos regulamentadores como o Banco Central (Bacen) ou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Até que um belo dia apareceu um negócio chamado bitcoin. Lançada em 2009, é a primeira e mais famosa criptomoeda, mas existem muitas outras, e isso tem sido uma moda amplamente aderida pra quem quer transformar alguns Reais em milhões em um curto espaço de tempo, mesmo não sendo regulamentada pelo Bacen e pela CVM que fazem alertas para elevados riscos deste tipo de aplicação.
Hoje, segundo a imprensa nacional, são 1.400.000 de investidores brasileiros em bitcoins, cadastrados em três corretoras de criptomoedas, já na B3, que é a Bolsa de Valores oficial do Brasil, lançada em 1890, existem 619 mil pessoas físicas, e no Tesouro Direto 558 mil. Este ativo foi negociado pela primeira vez a U$ 0,00 em 2009, depois a U$ 0,39 em 2010 e em 2017 chegou a ser negociado a mais de U$ 19 mil. Hoje um bitcoin vale pouco mais que U$ 3 mil e em meio a tanta oscilação a pergunta é: Por que tem tanta gente que quer entrar nessa história de bitcoin? A resposta que vejo vem da psicologia econômica, ela se chama ‘efeito manada’.
Pra que o ser humano se sinta seguro, ele acompanha as tendências, inconscientemente a gente vai pra onde todo mundo está indo. Esse mesmo efeito explica porque às vezes uma multidão começa a correr quando vê um pequeno grupo correndo, é uma defesa para que não estejamos fora do comum. O problema é quando este efeito nos leva para um lugar, ou no caso para um investimento, na hora errada. Qualquer mercado especulativo vive de boatos, quando começa a se propagar que é bom e todas as pessoas, que não dominam bem o assunto, mas são curiosas, correm para estar dentro da tendência, os preços inflam e os investidores mais experientes saem do negócio, realizando lucros a custo da falta de experiência, ou até da inocência de alguns novatos neste mercado.
Antes de você entender o que é uma criptomoeda, vale entender o que é uma moeda. O dinheiro é um instrumento de pagamento usado nas trocas e que é aceito por uma sociedade para pagar bens, serviços e todo o tipo de obrigações. Sua produção é regulamentada por uma entidade pública, como o Bacen por exemplo, e o mais importante, seu valor é baseado em um lastro, ele representa a quantidade de riqueza de um país. Se um país resolve fazer novas notas como bem entender, ocorre um fenômeno que nós brasileiros conhecemos bem, e que hoje os venezuelanos conhecem como ninguém, chamado inflação.
A criptomoeda não possui um lastro, nem um órgão regulamentador, não sei exatamente qual é a riqueza que ela representa, não vejo outro fator de rentabilidade ou desvalorização que não seja a especulação, por isso nunca me senti confortável para incluí-la em nenhuma carteira de investimentos. Pesquise várias fontes!Antes de fazer qualquer investimento é preciso saber em que terra está pisando e se está preparado para todas as vertentes do mercado proposto. Se certifique que você não está iludido pelo ‘efeito manada’.