BARRA MANSA
Ontem, 29 de agosto, foi o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Todo ano, mais de 150 mil pessoas morrem no Brasil em decorrência do consumo do cigarro. No mundo, esse número chega a seis milhões. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no planeta. A OMS estima que em 2030 o número de mortes decorrentes do tabagismo possa chegar a oito milhões de pessoas.
Causado pela dependência à nicotina, o tabagismo está na origem de 90% dos casos de câncer de pulmão e os fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença. Somente no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima mais de 28 mil novos casos de tumores pulmonares ao ano.
Além dos dados alarmantes sobre as incidências de cânceres em fumantes, o consumo do cigarro é, também, um dos principais fatores de risco para doenças crônicas. Dados do Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco, ligado ao Inca, apontam que só em 2015, o tabagismo foi responsável por 12,6% do total de mortes anuais, 43% dos infartos agudos do miocárdio e outros eventos cardiovasculares, 34% de todos os casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica e 5% dos casos de AVC. Ainda segundo dados do Observatório, aproximadamente 46,6 mil casos novos de câncer são diagnosticados anualmente devido ao tabagismo.
Além disso, o mau hábito aumenta as chances de desenvolver ao menos outros 13 tipos de câncer: de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim, bexiga, colo de útero, ovário e alguns tipos de leucemia. Apesar destes dados não serem novidade, o país ainda registra um elevado número de casos de neoplasias malignas entre a população fumante.
O tabagismo causa desgaste desde a boca até o intestino delgado. Além do mau hálito, a parte óssea da boca é comprometida, afetando diretamente a sustentação da gengiva. O esmalte do dente também é afetado. Ainda, o cigarro é responsável por 95% dos casos de câncer de boca.
SAINDO DO VÍCIO
Em Barra Mansa, a Secretaria de Saúde, através da coordenadoria de doenças crônicas não transmissíveis, realiza o Programa de Tabagismo. A coordenadora Marina Monteiro destaca que por ano, o programa tem a participação entre 400 a 500 pacientes por ano. “O atendimento é realizado no Centro de Especialidades Médicas, ao lado da UPA. Lá é feito o primeiro atendimento, quando a pessoa decide parar de fumar, daí o paciente passa por avaliações e depois participa de palestras com grupos de terapia, passa por consultas com pneumologista, nutricionista, psicólogo, acupuntura e recebem, se necessário, medicamentos e adesivos voltados para o tratamento”, explicou, informando que as reuniões acontecem semanalmente, quinzenalmente e mensalmente, durante um ano, em três horários disponíveis.
A coordenadora destaca que para o próximo ano a intenção é descentralizar tal atendimento. “Todos os profissionais de saúde passaram recentemente por uma capacitação sobre a atuação contra o tabagismo. No próximo ano, a intenção é que todas as unidades de saúde oferecem o programa”, comenta.
Quem parou de fumar, alerta quem continua no vício, como é o caso do administrador Cristiano Damasceno. “Parei de fumar há dois anos, sofria de diversos problemas como cansaço e respiração irregular, procurei tratamento e hoje sou uma pessoa muito mais saudável, inclusive, estou praticando exercícios físicos, que não aguentava. Indico a todos que saiam desse vício que não nos acrescenta em nada, ao contrário, nos faz gastar dinheiro a toa”, comenta.
#E Se Eu Parar De Fumar?
Acessando a página http://www.eseeuparardefumar.com.br, os interessados têm acesso a conteúdos que traçam a cronologia de respostas positivas do organismo quando há a interrupção do vício e apresenta uma calculadora virtual que aponta, em tempo real, a relação dos custos com consumo de cigarros em comparação a experiências como viagens ou aquisição de bens.
Ao digitar dados simples relacionados aos hábitos tabagistas, o sistema faz uma comparação com outros tipos de investimento à lista de itens indicadas por pesquisas como os mais desejados pelos brasileiros. Como exemplo, considerando o consumo diário de um maço de cigarros, com preço médio de R$ 6, ao final do mês terão sido gastos cerca de R$ 180. Se convertido o total investido mensalmente ao longo de 15 anos, seria possível realizar quatro viagens à Europa, com todas as despesas para duas pessoas, ou ainda adquirir um carro de luxo.
RESOLVI PARAR DE FUMAR
Principal fator de risco evitável do câncer de pulmão, o tabaco está presente em cigarros, charutos, cachimbos, narguilé e também nos cigarros eletrônicos. E, ao contrário do que muitos usuários destes produtos acreditam, nunca é tarde demais para parar. Os benefícios à saúde começam apenas 20 minutos após interromper o vício: a pressão arterial volta ao normal e a frequência do pulso cai aos níveis adequados, assim como a temperatura das mãos e dos pés são normalizadas.
Em oito horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue ficam regulados e o de oxigênio aumenta. Passadas 24 horas, o risco de se ter um acidente cardíaco relacionado ao fumo diminui. E após apenas 48 horas, as terminações nervosas começam a se recuperar e os sentidos de olfato e paladar melhoram. De duas semanas a três meses, a circulação sanguínea melhora consideravelmente. Caminhar torna-se mais fácil e a função pulmonar melhora em até 30%.
A partir de um a nove meses, os sintomas comuns em fumantes, como tosse, rouquidão, e falta de ar ficam mais tênues. Os cílios epiteliais iniciam o crescimento e aumentam a capacidade de eliminar muco, limpando os pulmões. A pessoa fica mais disposta para realizar atividades físicas. Em cinco anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão de uma pessoa que fumou um maço de cigarros por dia diminui em pelo menos 50%. Quinze anos após parar de fumar, especialistas afirmam que tornam-se possível assegurar que os riscos de desenvolver câncer de pulmão se tornam praticamente iguais aos de uma pessoa que nunca fumou.
Saiba identificar alguns sinais/sintomas da dependência:
- A substância é consumida em grandes quantidades ou por períodos maiores do que a pessoa pretendia.
- Desejo persistente, ou uma, ou mais tentativas fracassadas de interromper ou controlar o abuso da substância.
- Muito tempo empenhado nas atividades para obtenção da substância, consumo ou recuperação de seus efeitos.
- Intoxicação frequente ou sintomas de abstinência quando o individuo é obrigado a realizar tarefas simples ou quando o uso da droga for fisicamente perigoso.
- Suspensão ou diminuição de atividades sociais, profissionais e/ou lazer pelo uso da substância.
- Uso persistente da substância, apesar do conhecimento de que representa um problema social, psicológico ou físico persistente ou recorrente, causado ou agravado por seu consumo.
- Tolerância marcante: necessita de quantidades progressivamente maiores da substância.
- Sintomas típicos de abstinência.
- Substância consumida frequentemente, para aliviar ou cortar sintomas de abstinência.