BARRA MANSA
Estacionar tem sido uma tarefa árdua para o motorista que trafega pelas ruas da cidade. Além da falta de vagas, muitos condutores têm abusado e deixado o veículo mais tempo que o permitido no estacionamento rotativo (máximo de duas horas). A conduta ganhou força depois que a empresa responsável pelo rotativo, a Tecnopark, voltou a operar por meio de uma liminar judicial. O detalhe é que sem o apoio da Guarda Municipal, o condutor que ultrapassa o tempo limite estacionado em uma vaga não é punido; o que acaba aumentando a sensação de impunidade.
O metalúrgico aposentado Vladimir Cássio da Fraga sofre de problemas de locomoção e por isso possui o cartão que lhe dá direito de estacionar nas vagas para deficientes físicos. Ele criticou a falta de respeito às leis. “Existe uma falta de educação. Tenho fraqueza nas pernas e tenho dificuldade de subir alguns lugares, se for uma ladeira, por exemplo, preciso da vaga especial. E pela falta de vagas tem gente que para nessa de deficiente e diz: ‘É só um minutinho’, mas isso acaba tirando a minha mobilidade. Às vezes tenho que dar duas, três voltas para conseguir achar uma vaga”, lamentou Vladimir.
Mesma situação vivida pela empresária Bruna de Mello Godinho Fonseca. Ela afirmou que tem que dar várias voltas para conseguir achar uma vaga, quando encontra. “Tem vezes que preciso dar três voltas para conseguir estacionar. As pessoas não respeitam o rotativo e isso acaba fazendo com que muitos fiquem por muito tempo em uma vaga só”, comentou.
A cobradora Adriane da Silva Dias estacionou a moto que guiava em um lugar reservado para carros-fortes. Ela lembrou a dificuldade em encontrar uma vaga. “Aqui não pode, mas estou aqui para qualquer coisa poder sair da vaga. É difícil achar uma vaga, principalmente nos dias de maior movimento nos bancos”, afirmou.
O aposentado Amaro Branco também criticou a falta de vagas. Ele disse que na hora de fazer compras prefere ir até mesmo a Volta Redonda onde consegue parar o carro em algum lugar. “Sou morador de Barra Mansa, mas quando vou consumir prefiro ir ao shopping de Volta Redonda porque lá eu sei que vou ter lugar para estacionar. Aqui em Barra Mansa a prefeitura está só acabando e enxugando as vagas. Não há criação de vagas. Acho que tem muita vaga para táxi e realmente está muito difícil parar. Acredito que o comércio de Barra Mansa tem muito o que perder com isso. Os empresários e a prefeitura tinham que incentivar e criar mais vagas aqui”, opinou.
DÉFICIT DE VAGAS
Segundo a prefeitura, atualmente são aproximadamente 700 vagas controladas pela Tecnopark, empresa responsável pelo sistema de estacionamento rotativo. O secretário municipal de Ordem Pública, Luiz Furlani, concordou que hoje há uma falta de vagas na cidade, mas garantiu que uma liminar dada a Tecnopark, há aproximadamente um ano, atrapalha o planejamento da Secretaria de Ordem Pública.
Furlani disse que a prefeitura aguarda uma decisão judicial, mas enquanto isso, o Executivo está “de mãos atadas”. “Nós sabemos que existe essa falta de vagas e a nossa ideia é implementar um novo modelo de rotativo, com uma ampliação de vagas de estacionamento, chegando a 1.200. Mas enquanto não há uma decisão judicial não podemos fazer nada, porque a Tecnopark atua por meio de uma liminar. Isso há quase um ano”, reconheceu Furlani.
O secretário disse que além da falta de vagas, é necessário que os moradores respeitem e façam o uso consciente dos locais de estacionamento rotativo. “É preciso que as pessoas façam o uso consciente dessas vagas. O que eu digo é que só quem tem autonomia para multar é a Guarda Municipal de Barra Mansa. Se você está utilizando, você tem que pagar. Mas se no momento que você chega e não tem ninguém, o motorista passa a estar desobrigado a pagar”, disse Furlani, comentando o fato de que alguns comerciantes têm feito o uso indevido do estacionamento, permanecendo por todo o dia.
No início do ano passado, a Procuradoria Geral do município entendeu que havia irregularidades no contrato firmado entre prefeitura e a Tecnopark. Apesar disso, a empresa se baseou no silêncio do município para entender que a renovação contratual havia acontecido por mais cinco anos. A empresa então foi notificada no final de janeiro para que cessasse as atividades, mas em março daquele ano entrou com um pedido para poder retomar as atividades, o que foi concedido por regime de liminar.