BARRA MANSA
Às 15 horas de ontem, um grupo de representantes da Associação Mulher Cidadania, Ambiente e Economia Solidária (existente no município há 25 anos) esteve reunido na prefeitura para protocolar um abaixo-assinado (com cerca de 200 assinaturas) para pedir a reabertura do Centro Especializado de Atendimento a Mulher de Barra Mansa (Ceam) Maria Roseli de Almeida Miranda. O objetivo, segundo informações obtidas pelo A VOZ DA CIDADE, foi promover uma ação pela comemoração dos 12 anos da Lei Maria da Penha, celebrado na última terça-feira, dia 7, de forma a exigir uma vida mais digna, com respeito e segurança.
Segundo a presidente da associação, Lúcia Helena Alves, o Ceam foi inaugurado em 2009 e era um espaço que acolhia as vítimas de violência, tendo uma equipe profissional capacitada para todos os tipos de problemas. O Ceam ficava no Parque da Cidade Natanael Geremias e ganhou o nome de Maria Roseli de Almeida Miranda como uma homenagem à trabalhadora de 22 anos encontrada morta em 2008 em uma usina no bairro Saudade.
O local era formado por uma equipe de profissionais das áreas de serviço social, psicologia e direito. Dentro do serviço prestado, o centro, quando havia necessidade, encaminhava às mulheres para as instituições que compõem a rede de proteção, como a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Hospital da Mulher, 90ª Delegacia de Polícia, Defensoria Pública e Conselho Tutelar.
“Contudo, foi fechado em 2016 sem nenhum motivo aparente que justificasse realmente a ação”, contou Lúcia, dizendo que o número de feminicídios tem aumentado na região, o que deixa todos sob alerta. “Houve um retrocesso nos direitos das mulheres e Barra Mansa é um exemplo disso com o fechamento do Ceam. As mulheres se sentem muito mais desprotegidas para denunciar”, informou. “Desde o ano passado estamos colhendo assinaturas e amanhã iremos, a convite dos vereadores, fazer uso da tribuna da Câmara Municipal para pedir que as autoridades reabram o espaço”, contou, explicando que a Associação Mulher Cidadania, Ambiente e Economia Solidária foi fundada no dia 30 de maio de 1983 e é uma entidade sem fins lucrativos. “Nosso objetivo é combater todas as formas de discriminação racial, social, ética, religiosa, contra a mulher. Promovemos atividades, palestras e cursos direcionados para as leis relacionadas aos nossos direitos. Por isso estamos lutando pela reabertura do Ceam, pois estamos sozinhas nessa luta e precisamos de um lugar que dê acolhimento e seguimento a quem precise”, concluiu Lúcia.
FECHADO, NÃO PARADO
O A VOZ DA CIDADE procurou a assessoria da prefeitura para saber o que pode ser feito por parte do Poder Público para atender a reivindicação, agora protocolada, da associação. Veja a nota na integra:
“A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos de Barra Mansa informa que o atendimento às mulheres vítimas de violências é realizado pela equipe do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) composta por assistentes sociais, psicólogos e advogados. O município é conveniado com o Abrigo Regional para mulheres facilitando o acesso da vítima a serviços que promovam o resgate de seus direitos e da cidadania. Inclusive, já houve casos de encaminhamentos ao abrigo.
O Creas possui profissionais capacitados para atuar no atendimento às mulheres nessa situação, atendendo também outras pessoas vítimas de violações de direitos como idosos, crianças e adolescentes, público LGBT, entre outros. O trabalho do Creas com mulheres envolve apoio psicossocial e jurídico, objetivando protegê-la e cessar a violência.
De janeiro a julho de 2018, foram realizados 26 atendimentos às mulheres vítimas de violação dos direitos humanos, na maioria, violência psicológica. Os dados demonstram que as mulheres estão mais encorajadas a denunciar e acreditam que o serviço do Creas oferece um atendimento de qualidade e útil.
O Ceam (Centro Especializado de Atendimento à Mulher) foi fechado na gestão anterior. No início da atual gestão em 2017, a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos de Barra Mansa encontrou o equipamento totalmente desestruturado sem equipe técnica para a efetivação do trabalho, contando apenas com uma assistente social.
Por conta da situação financeira, a secretaria decidiu realocar a técnica para o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), que é o órgão responsável pelo atendimento às pessoas vítimas de violação de direitos, incluindo as mulheres.
A possibilidade de reabertura não está descartada, porém a decisão depende de recursos financeiros que a secretaria não dispõe no momento. O Creas está situado na Rua Santos Dumont, 126, Centro (ao lado do Ministério do Trabalho). Tel: (24) 3322-6957 // 3322-6534”.