A sessão da Câmara Municipal da noite de quinta-feira, dia 26, contou com a presença maciça de surdos e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras). Eles foram acompanhar a votação da indicação do vereador Gustavo Gomes (PTB), sugerindo a capacitação de profissionais da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na língua de sinais. O objetivo foi promover a inclusão da população surda no momento do atendimento na UPA, facilitando a comunicação entre pacientes e profissionais. A indicação foi aprovada.
Para o vereador, o Poder Público tem que cumprir com seu papel na inclusão dos surdos de Barra Mansa. Neste ano, segundo ele, a lei federal que reconhece a Libras como a primeira língua dos surdos completa 16 anos de existência, mas em Barra Mansa, no Colégio Municipal Marcelo Drable, há 36 anos, o processo de inclusão de surdos é realizado.
Gustavo Gomes informou que o prefeito já se prontificou a atender a demanda que não é dele, mas sim dos surdos da cidade. “Essa indicação teve origem justamente no Colégio Marcelo Drable, onde estive para apresentar o projeto Câmara Jovem, explicar o funcionamento e convidar os alunos a participarem das atividades desta Casa. Os alunos surdos também relataram toda a dificuldade de comunicação que enfrentam diariamente, inclusive, em relação ao atendimento médico. O principal questionamento dos alunos é quanto à dificuldade em transmitirem os sintomas que estão sentindo para os profissionais de saúde”, contou o vereador, completando que espera que essa iniciativa seja um primeiro passo para a inclusão dos surdos em todos os setores.
Durante a sessão, o presidente da câmara, vereador Marcelo Borges da Silva (PDT), informou que já existe uma funcionária da Casa que atende os cidadãos surdos que precisam de informações e que, em breve, quando a recepcionista concluir seus estudos em Libras, também passará atender os surdos presentes à sessão da câmara.
O vereador Marcell Castro (PTB) aproveitou para informar que ingressou com um projeto de lei, que regulamenta o atendimento aos surdos na Câmara de Barra Mansa, que segue em tramitação.
IMPORTANTE, MAS TARDIA
A indicação e outras discussões que aconteceram no Legislativo são importantes, mas para os surdos, que convivem diariamente com impedimentos de comunicação, são assuntos tardios. A intérprete Andressa Matheus disse que essa dificuldade em comunicação é constante em muitos locais e em se tratando de emergência fica um pouco complicado chamar o intérprete, e o surdo pode ficar sem receber o atendimento ideal com a falta de comunicação. “No interior ainda falta muita coisa para que eles sejam compreendidos. Tem um déficit de intérprete em lugares importantes. A maioria dos surdos não tem o domínio do português para ter uma relação fluente com outra pessoa fora da língua de sinais. Ontem (quinta) eles ficaram muito felizes em ver essa proposta, apesar de tardia é uma iniciativa que alguém teve e que se atentou a importância dessa visão”, destacou Andressa que é intérprete há três anos. Segundo ela, os dois principais locais que necessitam de uma capacitação são na UPA e na Guarda Municipal.