A sessão ordinária da Câmara de Vereadores terminou em clima de tensão na noite de ontem. Uma parlamentar acusou outro colega da Casa Legislativa de agressão verbal, enaltecendo os direitos constitucionais às mulheres; conforme prevê a legislação federal e anunciado ter protocolado os fatos na Secretaria da Câmara de Itatiaia. Na última fase da sessão ordinária conduzida pelo presidente Vander Gomes (MDB), onde cada vereador tem direito a fazer uso do microfone com a palavra de liderança partidária, a vereadora Andréa do Dilino utilizou o tempo do MDB e fez o relato de ter sofrido agressão verbal por parte do vereador Alexandre dos Santos Campos, o Tim Campos (PSD).
Segundo Andréa Dilino, durante reunião na sede da Câmara de Vereadores, no dia 5, o vereador Tim Campos a agrediu verbalmente, usando palavras de baixo calão e atitudes grosseiras. “Senhores vereadores, público presente, mulheres presentes, gostaria de dividir com vocês um fato que ocorreu no último dia 5 e que vem sendo noticiado nas redes sociais. Na última terça-feira, na sala de reuniões desta Casa, por motivo banal, o também vereador Tim Campos me agrediu verbalmente, usando palavras de baixo calão e atitudes grosseiras, me causando enorme constrangimento”, disse a vereadora sob o olhar dos demais colegas vereadores, inclusive Tim Campos, que instantes antes não quis utilizar da palavra na fala de liderança do PSD.
Em seu discurso, Andréa do Dilino afirmou que “o Edil não pode se prevalecer do seu cargo nem da sua condição de sexo masculino para agredir e humilhar uma colega, ainda mais sendo esta a única mulher a compor esta Casa Legislativa”. Apoiada pelas mulheres presentes no plenário, Dilino seguiu enaltecendo que a mulher atua em vários papeis além do profissional. Por isso os debates, a educação e bom senso são palavras de ordem. “E não foi isso que aqui ocorreu. Se eu me silenciar estarei sendo conivente e concordando que todas as mulheres devem sofrer violência e ficarem caladas. E isso eu não farei. Exijo respeito. Vale lembrar que a violência verbal é tão agressiva quanto à violência física. Fica aqui o meu protesto, a minha indignação, mas principalmente o meu respeito a todas nós mulheres; que lutamos para nos mantermos em nossas posições”, explicou a vereadora durante a palavra de liderança do MDB. Por fim, Dilino informou ao público os procedimentos adotados contra Tim Campos. “Quero ressaltar ainda que protocolei uma denúncia na Secretaria desta Casa na data de hoje, bem como no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Mexeu com uma, mexeu com todas”, finalizou a vereadora que ao fim da sessão reiterou os fatos já citados à reportagem do A VOZ DA CIDADE.
TIM NEGA ACUSAÇÕES
Por sua vez, ao fim da sessão o vereador Tim Campos falou com a reportagem do A VOZ DA CIDADE e negou as acusações e diz ser vítima de notícias falsas sobre este fato através das redes sociais, as chamadas fake news. “O falado pela vereadora no plenário não procede. Fomos chamados para uma reunião para falar de duas indicações, no qual ela pede a reforma e a ampliação do laboratório do hospital e pedi a solicitação de instalação de laboratório público de análises clínicas, a construção. Então, a minha indicação entrou primeiro que a dela. E foi pedido pelo presidente da Câmara, porque já foi aprovado isso aqui em 2017, quando abriu a sessão pedi que retirasse. Mas na reunião, ela ficou um pouco nervosa, acho que ela achou que eu não ia tirar essa indicação e ela me agrediu verbalmente. Me chamou de burro, ignorante e mandou que eu calasse a boca. Foi nisso daí que eu peguei e falei pra ela que ela mandasse o marido dela calar a boca, não eu. Ela não tinha porque me agredir com palavras. Agora chega em plenário e fala que ela é a vítima? Não foi. Eu fui agredido verbalmente primeiro”, se defende o vereador do PSD, anunciando sua defesa.
“Vou abrir um processo contra todas as pessoas que me criticaram nas redes sociais. As páginas que aceitaram uma notícia falsa, por fakes. Teve três ou quatro fakes e eles aceitaram e com isso fui marretado nas redes sociais. E o mesmo processo que ela abriu dentro desta Casa, vou abrir contra ela, porque quem foi humilhado primeiramente fui eu. E as nossas palavras elas são invulneráveis. A gente tem imunidade parlamentar, o que eu falar em plenário ou em reunião. Nós não temos nada que levar isso à população. É uma falta de respeito, porém vou fazer a mesma coisa: protocolar um documento e fazer da mesma forma”, disse Tim Campos anunciando o procedimento para esta sexta-feira, dia 8.
A partir dos relatos dos vereadores o caso deve ser levado ao conhecimento do plenário para possível abertura de investigação interna sob possível quebra de decoro parlamentar.