VOLTA REDONDA
A intercambialidade de vacinas contra a Covid-19, já adotada em Volta Redonda, é um procedimento defendido por especialistas e que ganha terreno em cada vez mais países. Reino Unido, França, Alemanha, Noruega e Canadá são apenas alguns lugares que já fazem o cruzamento de vacinas com sucesso.
A medida foi recomendada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), em 16 de agosto, após ampla discussão em reunião com o conselho de análise epidemiológica do estado do Rio de Janeiro. A intercambialidade foi orientada aos 92 municípios em decorrência de atrasos na entrega da vacina AstraZeneca (Oxford).
A secretaria recomendou o uso da vacina Pfizer/BioNTech como segunda dose para complemento do esquema vacinal da população com duas doses. Essa alternativa já vinha sendo utilizada no caso de gestantes e puérperas que tiveram reações fortes ao tomarem a primeira dose da AstraZeneca e completaram a imunização com a Pfizer ou CoronaVac, a medida teve o aval do Ministério da Saúde.
BENEFÍCIOS DA INTERCAMBIALIDADE
A pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcomo, aponta os benefícios da intercambialidade. “A intercambialidade de vacinas se impõe por razões de demonstração, de efetividade e por estudos de fase 4 que já foram desenvolvidos. Ter essa mudança de fabricantes nas doses é o mais esperado, é a expectativa, é o correto e é o desejável”, disse Dalcomo.
O coordenador do teste clínico da vacina Pfizer no Brasil, Cristiano Zerbini, divide a mesma opinião da pesquisadora da Fiocruz. Zerbini ressaltou ainda que a intercambialidade de vacinas possa elevar os índices de proteção contra a Covid-19, inclusive contra a variante Delta. “Duas doses da vacina da Pfizer dão 88% de proteção contra a variante Delta, por exemplo, enquanto duas da AstraZeneca, dão 77%. Agora, se você tomar uma da AstraZeneca e depois uma da Pfizer, você vai conseguir quase que a mesma proteção da Pfizer. Essa intercambialidade é boa”, afirmou o coordenador, em entrevista à CNN.
ENSAIOS CLÍNICOS
As recomendações dos especialistas estão embasadas em ensaios clínicos realizados com a vacina de RNAm da fabricante Pfizer e a vacina de vetor viral da AstraZeneca, indicando uma resposta imune associado a um bom perfil de segurança. Os estudos concluíram boa resposta imune em esquemas de intercambialidade bem como dados de segurança favorável, considerando ainda a importância da segunda dose para assegurar elevada efetividade contra a Covid-19.
A nota técnica da secretaria estadual de Saúde ainda esclarece que ‘com base nestes dados a Organização Mundial da Saúde optou por atualizar as suas recomendações referentes ao tema, orientando que, em situações onde não seja possível administrar a segunda dose com o mesmo produto, seja por falta do mesmo produto ou por outras preocupações, seria possível a adoção de esquemas intercambialidade. Tal recomendação é semelhante ao adotado por países como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá’.