Um dos locais mais tradicionais da cidade, o Clube Municipal completa 77 anos de existência nesta sexta-feira, dia 22. O espaço foi reformado e transformado em um centro de fomento da cultura, ganhando inclusive um novo nome: Instituto Cultural Municipal. Hoje, o local recebe apresentações de dança e música, se tornando a casa da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa (OSBM), com concertos mensais. Para celebrar o aniversário, o Instituto recebe na próxima terça-feira, dia 26, o saxofonista Leo Gandelman, que acompanhado da OSBM, sob a regência de Daniel Guedes apresenta o projeto “Clássicos na Copa”. O espetáculo é aberto ao público e a entrada é de graça.
O presidente do clube, o ex-deputado estadual Ademir Melo, falou um pouco sobre a reestruturação e o que encontrou quando assumiu a presidência, em 2009. “Fui convidado pela diretoria que administrava o clube na ocasião a assumir o conselho, porque o Municipal estava praticamente fechado. O clube estava totalmente abandonado. E por eu ter feito um bom trabalho à frente do Clube Santa Helena, fui convidado e vim com aquela vontade de ajudar o Municipal porque era um lugar que eu sempre tive uma paixão especial”, destacou Ademir, lembrando que passou parte da infância no clube, onde os primos eram sócios e chegou a ser presidente de 2000 a 2002.
Ademir revelou que para a surpresa dele, poucas pessoas apareceram para ajudá-lo quando decidiu assumir a presidência do clube. Ele recordou que as comissões do Municipal eram formadas por seis, oito pessoas, mas a maioria tinha outras atribuições e não tinha tempo para se dedicar à proposta de revitalizar o espaço. “Eu fiquei aqui, sem arredar o pé. E coloquei como projeto de vida: recuperar e reestruturar o Municipal”, frisou.
DESAFIOS E APOIO DE PARCEIROS
O presidente do Instituto Cultural Municipal disse que quando assumiu o cargo dívidas foram aparecendo. “Elas foram surgindo e não tínhamos o que fazer. Eram dívidas referentes a indenizações trabalhistas e também de um processo cível, já que houve uma tragédia no clube onde duas crianças morreram na piscina e o Municipal foi condenado a indenizar as famílias”, revelou, dizendo que graças à ajuda de amigos advogados conseguiu reverter situações contrárias ao clube, como desapropriações e leilões.
“Conseguimos desmembrar parte de uma área do clube e dar como garantia de pagamento judicial para os credores; essa área a da quadra menor, que representava 500m², preservando o restante, ou seja, o casarão, a área da piscina e a quadra maior. Hoje, para a nossa felicidade, não temos nenhuma dívida trabalhista e nem cível”, comemorou.
CENTRO CULTURAL
O antigo espaço voltado apenas para práticas esportivas e de lazer se transformou em um centro cultural. A ousada proposta foi abraçada pelo jornalista Marcus Modesto, atual diretor de cultura do espaço e também pelo prefeito Rodrigo Drable (MDB) e os 20 membros da comissão do clube. Ademir elogiou o empenho de todos e agradeceu o apoio que teve de alguns parceiros. “Através de parcerias, principalmente com a prefeitura, conseguimos transformar o clube, que antes era somente um lugar de entretenimento, para ser um local de cunho cultural. Hoje a gente respira cultura. Para se ter uma ideia, o clube é considerado hoje a ‘casa’ da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa; que é uma referência para a região”, falou Ademir, citando que em cerca de oito meses funcionando como centro cultural, o espaço já recebeu visitantes ilustres como Francis Hime, Olívia Hime e Ana Botafogo.
O presidente do antigo Clube Municipal disse que o lugar só está com as portas abertas graças ao auxílio de amigos e que há 10 anos nenhum sócio contribuiu com nenhum centavo. “O Clube Municipal está com as portas abertas graças à intervenção desses amigos e parceiros que nos ajudam, já que a maioria dos eventos é gratuita. O que proporciona isso são pessoas que foram sócias, mas que possuem uma relação de amor com o Clube Municipal”, disse.
HISTÓRIA VIVA
Ademir fez questão de destacar que nesses 77 anos, o Clube Municipal já recebeu vários personagens; artistas de renome como Caetano Veloso, Vinícius de Morais, Chico Buarque e etc. Além do histórico cultural, o lugar também foi sede de grandiosas festas e ele espera retomar essa vocação, mas agora voltada aos moradores da cidade. “Tivemos grandes festas aqui no clube, com a presença de governadores, deputados, desembargadores e a gente quer que isso volte a ocorrer, mas para o povo de Barra Mansa. Que participe com encontros, acompanhando a nossa trajetória, o dia a dia no clube. Então é um apelo que faço”, disse o ex-deputado.
FUTURO
Ao falar sobre o futuro do instituto, Ademir lembrou que há muito a se fazer, mas para isso depende de apoio. Ele contou que a área onde existia a piscina foi preparada para funcionar como um estacionamento, já que como piscina a funcionalidade ficou inviabilizada pela construção de vários prédios ao redor, criando uma sombra permanente. Ele disse ainda que o custo para manter uma piscina naqueles moldes chegavam a R$ 8 mil, incluindo insumos, salva-vidas, energia elétrica. Por isso, foi feito um acordo com um grupo econômico, onde a área onde funcionava a piscina foi cedida para exploração de um estacionamento rotativo. Essa prática funcionará até 2021. Em contrapartida, o grupo investiu parcialmente na reestruturação do clube.
“Essa revitalização só foi possível com essa permuta que fizemos com este grupo econômico que assumiu por um tempo determinado, até 2021, a operação do estacionamento e investiram parcialmente na reestruturação do clube. No entanto, todos os investimentos feitos por esse grupo passam a ser patrimônio do Instituto Cultural Municipal”, garantiu Ademir.
Para finalizar, o presidente do Instituto Cultural Municipal lembrou o fato do local já ter contado com mais de dois mil sócios e fez um convite. “Gostaríamos de convidá-los para voltarem a contribuir com o clube. Que retornem e conheçam como está. Queremos que todos os ex-sócios voltem a contribuir de alguma maneira para manter a história do Municipal viva. A gente só não deseja àqueles desinformados que querem que o clube seja vendido. O Municipal hoje é um patrimônio sociocultural da nossa cidade, tombado por lei e não pode ser vendido”, finalizou.