NITERÓI
“As rodinhas” uniram o caminho de Virginia e Giovana muito cedo. Aos nove anos, as duas se conheceram em uma escolinha de skate em Niterói, cidade onde nasceram. Se tornaram as melhores da turma e muito amigas. E o que começou como uma brincadeira de criança, virou coisa séria. Elas cresceram e o skate as levou a descobrir o mundo.
Cresceram andando juntas, disputaram o Circuito Brasileiro de Skate (STU) juntas, os Jogos Olímpicos da Juventude e, infelizmente, romperam o ligamento cruzado anterior do joelho quase juntas.
Se antes a rotina era de treinos e viagens, agora as duas dividem o trabalho no pós-operatório com muita fisioterapia, academia e paciência. Enquanto Virginia se lesionou durante um treino, após manobrar em uma escada, Giovana sofreu uma queda durante os Jogos Olímpicos da Juventude, na Argentina.
Na ocasião, Virginia ficou com o título e Giovana terminou na quarta posição, após a lesão na penúltima manobra e não conseguir cumprir com a última tentativa, que poderia levá-la também ao pódio.
“A gente começou a andar juntas muito cedo. Teve um campeonato que até choramos juntas quando uma ou a outra errava. Mas no final ficamos em primeiro e segundo lugar. Quando fui convocada para os Jogos da Juventude, fui contar para ela, e ela também tinha sido chamada. Vibramos muito juntas, pois era a realização de um sonho. A viagem, o período treinando com a seleção, quando ganhamos o uniforme e a competição em si. Vivemos tudo daquela experiência juntas”, disse Virginia.
“Sempre foi muito legal dividir o meu amor pelo skate com ela. É alguém que sempre entendeu exatamente o que eu vivia e a gente passou a sonhar juntas. Vivemos coisas muito legais, aqui no Brasil, em Portugal, na Argentina e agora está sendo mais um capítulo dessa história. Mas a gente tem certeza que vai dar tudo certo e vamos superar mais essa”, declarou Giovana.
Além da amizade com Giovana, Virginia também conta com a ajuda da família da amiga. Com os pais morando em Portugal, ela está morando ou na casa da mãe de Giovana, em Niterói, onde cresceu e ainda estuda, ou na casa da avó de Giovana, vizinha do Parque Aquático Maria Lenk, sede do Time Brasil, onde as duas realizam o tratamento.
“Está sendo incrível contar com esse apoio durante esse momento. Sempre tive todo carinho do mundo da família dela, e agora não tem sido diferente. Sou muito grata por tudo que eles fazem por mim e espero um dia poder retribuir a altura”.
Após a infância, adolescência, campeonatos, conquistas e muita manobra, os planos para o futuro são grandes.
“Eu espero que a gente possa voltar a competir o mais rápido possível. E também queremos voltar a andar na rua com nossas amigas. Disputar STU, Mundial, Europeu e sonhar com os Jogos Olímpicos”, finalizou Virginia, que antes de se lesionar era a 11ª do ranking Mundial de Street.
A classificação olímpica para os Jogos de Paris seguirá os mesmos critérios dos Jogos de Tóquio. As 20 melhores do ranking mundial carimbam o passaporte, respeitando o limite máximo de três atletas por país.