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Situações de bullying representam 90% dos atendimentos que chegam ao Conselho Tutelar de Barra Mansa

Na maioria dos casos, pais entram em contato com o órgão para denunciar o problema que os filhos estão enfrentando na escola

Por Carol Macedo
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BARRA MANSA

Na última segunda-feira, dia 7 de abril, foi celebrado o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, uma data estabelecida pela Lei nº 13.277, de 2016 e importante para conscientizar e debater sobre a segurança no ambiente escolar. Para fazer um levantamento sobre o índice de casos, no município, o A VOZ DA CIDADE foi até o Conselho Tutelar de Barra Mansa, que apresentou dados alarmantes com relação a esse tipo de prática. Atualmente, as situações envolvendo bullying representam 90% dos atendimentos e queixas por parte de pais e responsáveis por crianças e adolescentes que entram em contato com o órgão.

“Eu tenho seis anos de Conselho Tutelar e, do ano passado pra cá, essa questão do bullying na escola, do preconceito, racismo, de situações relacionadas a cabelo, gordofobia e outras coisas que geram desconforto a quem sofre com esse tipo de comportamento representam 90% das ligações que a gente atende. A escola não externa muito isso pra gente, mas os pais sim. Quase todos os dias tem pais ligando pra reclamar que o filho está passando por uma situação dessas na escola. E eles ligam porque presenciam o sofrimento da criança e do adolescente que, muitas das vezes, chegam a se negar em ir para a escola”, disse a conselheira Tatiane Leite.

Conforme explicou Tatiane, a orientação nesses casos é que, uma vez que o problema não seja resolvido pela própria escola, os pais procurem a Secretaria de Educação para depois levá-lo ao Conselho Tutelar, que fará encaminhamentos para a rede, como o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas). No Centro, além da criança vítima de bullying, a própria família também recebe acompanhamento de profissionais para que possam lidar com a situação.

Oficinas educativas sobre o tema

E para celebrar o Dia Mundial de Combate ao Bullying, o Conselho Tutelar se colocou à disposição das escolas municipais, estaduais e particulares de Barra Mansa para realizar oficinas educativas sobre o tema. A atividade tem sido ministrada pelo conselheiro Roney Miguel Vilas Boas e, além do bullying, também aborda o cyberbullying, praticado através da internet e que também está se tornando comum entre adolescentes.

“Nos colocamos à disposição para conversar com esses alunos, indo à escola e falar sobre o bullying, que muitos sabem o que é, e sobre o cyberbullying, que é uma coisa meio que nova, mas que está acontecendo muito hoje dentro de Barra Mansa. Recentemente recebemos um caso, com uma ficha enorme, envolvendo Instagram, com o WhatsApp, tudo, mandaram tudo. Estamos fazendo questão de ressaltar que, desde o ano passado, devido a Lei nº 14.811, o bullying agora virou um ato infracional, é crime, e quem o comete será penalizado”, alertou.


“Faca de dois gumes”

Ao analisar que em muitos casos o bullying é praticado por uma pessoa que também já foi vítima dessa situação, a conselheira Joana D’arc explica que tal ato acaba sendo um reflexo na vida dela para que atinja outra pessoa.  “O bullying, aqui no conselho, a gente vê de dois lados e costuma dizer que é uma faca de dois gumes, porque ao mesmo tempo que a criança está atacando, ela também está sendo atacada. Então, às vezes, é uma maneira que ela tem de colocar para fora o que ela está passando, uma válvula de escape”, exemplificou.

E, conforme explicou Joana, às vezes os dois lados precisam de tratamento e por isso a necessidade de entender ambos, para que apenas um não seja culpado de forma inconsequentemente. A conselheira também citou os crimes de cyberbullying, que segundo ela tornam-se ainda mais complicados para quem sofre, uma vez que geralmente não existe “atores” do outro lado da linha. “E esse daí é o que machuca mais porque a gente não tem a quem culpar, mas apenas comunicar a delegacia que trabalha com esse tipo de crime. Infelizmente é uma coisa que não vai acabar, o bullying e o cyberbullying são recorrentes, não tem jeito e vai continuar acontecendo. As pessoas não estão protegidas, psicologicamente falando, há uma caça de aceitação hoje muito grande dentro da sociedade, e isso acaba influenciando muito esses tipos de atitudes. Porque a pessoa que faz é tão doente quanto a pessoa que vai sofrer e ficará doente também”, completou.

Ações preventivas nas escolas

Conforme explica a conselheira Cleidiane Pereira Souza, sempre que uma escola enfrenta alguma situação de bullying, que chega até ao Conselho Tutelar, ela é orientada a realizar ações de prevenção e orientação junto aos alunos.

Como foi o caso recente, que ela acompanhou, em que uma adolescente de 17 anos, que ao defender um amigo que estava sendo vítima de um grupo, em uma escola da rede estadual, também passou a ser perseguida a ponto de ser transferida pela avó para outra escola.

O caso chegou a ser registrado na 90ª DP como crime de Intolerância e/ou Injúria Racial, de Cor e/ou Etnia, já que, o grupo teria proferido xingamentos como “macaca e cabelo de bombril”, como consta na ocorrência.  “Ela tentou interferir, para que o amigo não sofresse bullying, também por conta da cor da pele, e foi vítima do mesmo grupo de adolescentes. A avó não só registrou a queixa, como também a transferiu de escola com medo de que pudesse acontecer algo pior”, disse.

 

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