Sindicato estima adesão de 70% em greve dos Correios na região

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SUL FLUMINENSE

Desde a meia-noite desta segunda-feira, dia 12, funcionários dos Correios de todo o Brasil entraram em greve por período indeterminado. A estimativa do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares (Sintect/RJ) do Sul Fluminense é que na região haja uma adesão média ao movimento de 70%; afetando principalmente o funcionamento dos Centros de Distribuições Domiciliárias de Barra do Piraí, Resende, Valença e Volta Redonda. O Centro de Entrega de Encomendas (CEE) de Volta Redonda também está paralisado, segundo o sindicato.

De acordo com o movimento grevista, as principais motivações para a paralisação são: falta de novos concursos (lembrando que 20 mil postos de trabalho foram perdidos nos últimos cinco anos); insistência da empresa para tentar forçar funcionários a aderirem aos planos de demissão voluntária; retirada de direitos e a possibilidade de privatização dos Correios.

“A população tem que entender que esse movimento faz parte de uma luta pela melhoria das condições de trabalho e da qualidade do serviço que é oferecido. Às vezes há reclamação de atraso na entrega, mas hoje nós estamos sujeitos a todos esses desmandos da direção da empresa. Chegamos a um déficit em todo o estado do Rio de Janeiro de, pelo menos, 1,5 mil funcionários”, apontou o diretor regional do Sintect/RJ, Esmeralci Silva, que revelou que a expectativa é que o movimento ganhe adesão a partir desta terça-feira, dia 13.

BARRA MANSA E VOLTA REDONDA
Funcionários da agência central de Barra Mansa e do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) dos Correios não aderiram à greve nacional de trabalhadores da empresa nesta segunda-feira. O atendimento e o trabalho de entrega seguem normais, de acordo com os próprios funcionários.

Em Volta Redonda, pela manhã, na agência do bairro Aterrado, muitos trabalhadores permaneceram por algum tempo na porta, mas logo em seguida iniciaram as atividades. O mesmo ocorreu nas outras agências da cidade. Muitos garantiram que, por ser o primeiro dia de greve, nem todas as agências da cidade iriam parar, mas se o movimento prosseguir, com certeza a adesão vai ser maior nos próximos dias.

Vários funcionários, que preferiram não identificar por medo de represália, declararam que a greve é necessária, já que a categoria está sendo bastante prejudicada. Isso pelo fato, segundo eles, do número reduzido de funcionários as tarefas estão cada vez mais dobrando. “Para se ter uma ideia, até pouco tempo eram 60, mas hoje são apenas 20. Com isso, temos que trabalhar todos os finais de semana e fazer mais quantidade de bairros, além do mais que fazíamos antes. Como a intenção é privatizar o serviço dos Correios, não estão nem aí. A demanda é grande. Antes fazíamos três bairros e agora temos que fazer até cinco”, reclamou um dos funcionários.

Outro destacou que quase todos os dias na agência se formam filas para que as pessoas peguem suas encomendas atrasadas. Isso, segundo ele, é resultado da falta de funcionários. Lembrou ainda que, a maioria das motos para entregue de sedex está sucateada, sem condições de uso. “Com todos esses problemas, o serviço fica atrasado e assim a população acaba ficando contra nós. Mas queremos deixar claro que não temos culpa. Estamos fazendo até além do que deveríamos”, ressaltou.

A reclamação é também da população. Muitas pessoas aproveitaram o momento para falar sobre a demora para receber correspondências e da fila que sempre estão enfrentando para buscar informações nas agências, principalmente na do bairro Aterrado que está lotada.

MOVIMENTO NORMAL

Uma adesão à greve de cerca de 90% é a estimativa registrada em Resende. Apesar disso, o Centro de Distribuição Domiciliar dos Correios de Resende, situada na região central da cidade, teve funcionamento considerado normal nesta terça-feira. Também não foi registrado nenhum problema no atendimento na unidade que funciona no bairro Campos Elíseos, principal centro comercial da cidade.

A normalidade no primeiro dia de greve podia ser percebida também pela ausência de cartazes e adesivos informando que o movimento estava ocorrendo. Quem precisou ir até a agência ontem ficava surpreso ao ser informado da greve. “Nem sabia que estariam em greve. Venho toda semana. Fui atendida normalmente e não percebi nada dentro da agência” disse Ana Lúcia Santos, que trabalha em um consultório médico.

Segundo um funcionário que não aderiu ao movimento e pediu para não ser identificado, a unidade dos Correios de Resende trabalha com 50% menos carteiros que sua necessidade. A realização de novos concursos públicos é uma das reivindicações dos grevistas. Essa defasagem no quadro de carteiros nas ruas vem sendo ocupada por carteiros contratados.

QUAIS OS DIREITOS E DEVERES DO CONSUMIDOR?
O jornal A VOZ DA CIDADE procurou o gerente do Procon de Barra Mansa, Felipe Fonseca, para orientar as pessoas como agir no período em que os Correios estiverem em greve. Ele explicou que o consumidor não pode deixar de pagar os boletos ou faturas por conta da demora na entrega.
“O consumidor tem o direito de receber as correspondências na data certa, assim como o dever de pagar as contas no dia correto. Então caso o consumidor não receba, ele tem a obrigação de buscar esse boleto ou fatura de outra forma. Uma delas é entrando em contato com a empresa solicitando uma segunda via por e-mail, ele pode inclusive vir ao Procon que nós o ajudamos, ou se preferir pode ligar: (24) 2106-3420”, disse Fonseca, reiterando que o consumidor não pode deixar de pagar uma conta somente pela cobrança não ter chegado.
“Por exemplo, se a pessoa tem uma conta para pagar no dia 11 e no dia 10 ainda não recebeu, procura o Procon que a gente faz o possível para conseguir esse boleto. Aí se a empresa demorar para enviar a gente pode até conseguir adiar um pouco a data de vencimento”, complementou Felipe.
O gerente esclareceu ainda sobre os direitos do consumidor com relação a um serviço contratado, como é o Sedex 10, que prevê a entrega expressa de encomendas até às 10 horas do dia útil seguinte ao da postagem. “Se ele contratou um serviço e o mesmo não foi prestado como o esperado, ele pode solicitar o abatimento no valor do serviço ou até mesmo ser indenizado, caso tenha tido algum prejuízo. Mas isso só ocorre através de uma ação judicial”, finalizou.

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