Serviços recuam 0,9% em maio, quarta queda consecutiva do setor

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RIO DE JANEIRO

Após o tombo recorde registrado em abril, o setor de Serviços recuou 0,9% em maio, apontando ainda efeitos das medidas de isolamento social para conter a pandemia de Covid-19. É a quarta taxa negativa consecutiva do setor no país, que acumula uma perda de 19,7% no período. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta sexta-feira, dia 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

O gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, destaca que apesar de ser o quarto mês com taxas negativas, a queda do mês de fevereiro tinha caráter conjuntural. Já os efeitos do isolamento social começaram a ser sentidos em março, que teve os últimos dez dias com paralisação. Em maio, o volume de serviços encontra-se 27,9% abaixo do recorde histórico, em novembro de 2014. “Essa taxa de -0,9% mostra um aprofundamento de um cenário que já era muito desfavorável para o setor de serviços. Ter um resultado ainda negativo quando a comparação é feita com abril, mês que tivemos o pior resultado da série histórica (-11,9%), é bastante significativo”, ressalta.

Três das cinco atividades pesquisadas tiveram queda na comparação com abril, com destaque para os setores de serviços de informação e comunicação (-2,5%) e de profissionais, administrativos e complementares (-3,6%). O setor de Outros serviços recuou 4,6% no período. Já as atividades de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (4,6%) e de serviços prestados às famílias (14,9%) recuperaram uma parte das perdas registradas nos últimos meses. “Os setores ligados às partes de alojamento e alimentação e transporte foram os que tiveram as perdas mais importantes no mês de abril. Agora em maio, eles mostram uma certa recuperação, crescendo nesse mês, mas não o suficiente para levar o setor de serviços para o campo positivo”, explica Lobo. Abaixo, o gráfico no comparativo do Estado do Rio de Janeiro com os dados do país.

O pesquisador ressalta que os efeitos da crise provocada pelo fechamento dos estabelecimentos considerados não essenciais foram sentidos de outra forma em maio. “O principal destaque negativo do mês, o setor dos serviços de informação e comunicação, que tem um peso importante na pesquisa, mostra os efeitos dessa crise na vida econômica. São segmentos que dependem de uma dinâmica econômica ativa. Antes, havíamos sentido o impacto da crise principalmente nos serviços prestados às famílias, agora os serviços prestados por empresas para outras empresas começam a sentir efeitos importantes”, conclui Lobo.

Na comparação com maio do ano passado, o setor de serviços recuou 19,5%, registrando a taxa negativa mais intensa desde o início da série histórica. Todas as cinco atividades também tiveram retração. Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-20,8%) e os serviços prestados às famílias (-61,5%) foram principais influências negativas no índice geral. Essas atividades sofreram forte impacto das medidas de isolamento social no país. No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, o setor de serviços recuou 7,6%, enquanto nos últimos 12 meses, acumulou -2,7%.

Em maio, o índice das atividades turísticas cresceu 6,6% em comparação a abril, recuperando uma parcela da queda acumulada entre março e abril (-68,1%). Já na comparação com maio do ano passado, o índice recuou 65,6%, registrando a terceira taxa negativa seguida, pressionado, principalmente, pela queda de receita de transporte aéreo, restaurantes, hotéis, rodoviário coletivo de passageiros e serviços de bufê. No acumulado do ano, o agregado especial de atividades turísticas mostrou retração de 29,9%.

ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO

O IBGE também divulgou nesta sexta-feira, dia 10, os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Após dois meses seguidos de deflação, os preços no país voltaram a subir e registraram alta de 0,26% em junho. A taxa foi influenciada pelo aumento nos preços dos combustíveis após reduções nos últimos quatro meses, em especial da gasolina, que teve o maior impacto individual (0,14 pontos percentuais), com alta de 3,24%. Após as duas quedas consecutivas (0,31% e 0,38% em abril e maio, respectivamente) e com o aumento de junho, o IPCA acumula alta de 0,10% no ano e de 2,13% em 12 meses.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram alta no mês. Transportes foi a segunda maior contribuição (0,06 p.p.), com preços que subiram 0,31%, mas que vinham de quatro meses consecutivos de queda. “Houve uma alta nos preços dos combustíveis que chegou nas bombas e impactou o consumidor final. Isso alterou o grupo de Transportes e influenciou no IPCA”, detalha Pedro Kislanov, gerente da pesquisa. Etanol (5,74%), o gás veicular (1,01%) e o óleo diesel (0,04%) registraram alta, levando o preço dos combustíveis a subir 3,37%, frente à variação de -4,56% registrada em maio.

Entre as quedas do grupo de Transportes, os destaques foram as passagens aéreas (-26,01%), que apresentaram variação similar à observada em maio (-27,14%) e contribuíram com o maior impacto individual negativo no IPCA de junho (-0,11 p.p.). Além disso, o item transporte por aplicativo, após alta de 5,01% em maio, registrou -13,95% de variação.

 

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