Serviços autorizados a funcionar em Volta Redonda ficarão fechados por sete dias a partir dessa sexta-feira

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VOLTA REDONDA
A partir desta sexta-feira, todos os serviços autorizados a funcionar na cidade estarão fechados por sete dias, ficando apenas os essenciais. O anúncio foi do prefeito Samuca Silva, em live na noite desta terça-feira. O principal motivo é o fato do Hospital Regional não estar aceitando desde hoje pacientes com coronavírus da cidade e da região. O prefeito afirmou que em sete dias, a ocupação dos leitos de UTI – rede pública e privada – aumentou em 900%. E com o fato do regional não aceitar pacientes a cidade ultrapassará o limite de 50% de ocupação dos leitos permitidos pela Justiça.
A cidade completou hoje 47 dias de medidas de flexibilização. Tirando os sete dias em maio em que o comércio ficou fechado, são 42 dias. O prefeito disse que tem a responsabilidade de salvar vidas. “Sou a favor da flexibilização, mas não podemos perder o foco que é combater o vírus. Para não ver cenas que temos visto de falta de leitos. Sob o ponto de vista da economia, lamento”, frisou. São 5.217 pessoas notificadas, sendo 1.301 confirmadas e 1.037 curadas. “Vemos que o número de confirmados está bem maior que os curados. O vírus está mais rápido do que o processo de cura”, disse, informando ainda que são agora 59 mortes. Uma mulher de 78 anos foi a última vítima da Covid-19.
A ocupação dos leitos de enfermaria está em 8,77%, o limite é 60%. E nas UTIs a ocupação é de 30%, onde o máximo permitido é 50%. “Com os números de Volta Redonda a ocupação dos leitos passaria para 70% agora que o Hospital Regional não está aceitando mais pacientes. Essa decisão torna muito instável a posição da prefeitura em só cuidar dos nossos leitos, mas outras cidades podem precisar dos leitos de Volta Redonda”, afirmou Samuca.
O prefeito fez uma análise da ocupação nas redes pública e privada em uma semana, nos leitos de enfermaria. No dia 17 eram 55 pessoas, hoje são 75. Na UTI, no dia 17 eram 19 pessoas internadas, hoje, 42.

AFETANDO O SUL FLUMINENSE
O A VOZ DA CIDADE ouviu outros prefeitos da região sobre como a situação do Hospital Regional pode afetar as cidades. O prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, cidade que tem acordo na justiça limitando ocupação máxima de leitos de enfermaria e UTI para flexibilizar medidas do isolamento, lamentou falta de pagamento. “É lamentável que o Estado enfrente esses escândalos no momento mais delicado dos últimos 100 anos, do ponto de vista de saúde pública. O Regional é resultado de engajamento de todos os municípios da região. Um hospital que aconteceu graças ao ex-prefeito Neto. E está ajudando a combater a Covid”, disse.
O prefeito de Piraí e presidente da Associação de Municípios do Estado do Rio de Janeiro (Aemerj), Luiz Antonio, informou que já fez contato com o governador Wilson Witzel e até sexta-feira a previsão é que todos os fluxos estejam normalizados. “Ademais, o Cosems RJ (Conselho de secretários) já encaminhou oficio à Secretaria de Estado de Saúde para um esclarecimento e solução de eventual problema, e a Aemerj acompanha junto com seus secretários o desfecho dessa questão”, avisou o prefeito, frisando que qualquer cidade que precisa de CTI, o Hospital Regional é referência.
Para Mario Esteves, prefeito de Barra do Piraí, os prefeitos lutarão para manter os serviços. Ele destacou que é fundamental o trabalho feito no Regional. O prefeito de Resende, Diogo Balieiro Diniz, informou que ainda não recebeu a notícia oficialmente sobre a não aceitação de pacientes no Hospital Regional, mas apontou que isso prejudicaria as cidades a longo prazo. “A ampliação do funcionamento do Hospital Regional deveria ser o principal legado desse enfrentamento da Covid-19 em nossa região Faltam vagas de CTI para pacientes não Covid-19 e o Hospital Regional é a principal saída para isso, principalmente pros municípios pequenos”, apontou.
Fontes ligadas a Prefeitura de Resende, informaram que a cidade, ao contrário de outras, não sofrerá nada caso haja a desmobilização do Hospital Regional, já que até hoje o local não recebeu nenhum paciente da cidade. Todos estão sendo tratados no próprio município.
SES SE MANIFESTA
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou que todos os contratos vencidos de Organizações Sociais que administram hospitais do Estado do Rio de Janeiro estão sendo revisados pela pasta, em conjunto com a Procuradoria Geral do Estado e Controladoria. A secretaria ressalta que, além disso, está respondendo a todos os questionamentos feitos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Ministério Público Estadual. “A nova gestão da secretaria destaca que já foi criado um grupo de trabalho entre três subsecretarias com o objetivo de agilizar a análise dos contratos e que a solução para pagamentos dos funcionários é prioridade da pasta”, diz a nota.

Ministério Público recomenda ao Estado a regulação dos pagamentos à OS que gere o Hospital Regional
Ontem, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio das 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Volta Redonda, da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Resende, da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Três Rios e da Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Vassouras, expediu, na segunda-feira, Recomendação ao Estado, na figura do governador Wilson Witzel, e de Alex Bousquet, secretário de Estado de Saúde, para que seja regularizado o pagamento de todos os valores devidos à Organização Social IMAPS, administradora do Hospital Regional Zilda Arns, a fim de garantir o regular funcionamento da unidade, localizada em Volta Redonda e referência no Sul Fluminense para atendimento de pacientes com o novo coronavírus.
Segundo o MP, a unidade cumpre papel estratégico e vital no sistema de saúde do Estado, em especial neste momento de pandemia de Covid-19, e que a ausência do pagamento dos valores devidos é circunstância que coloca em evidente e imediato risco a continuidade da prestação dos serviços. “Notícias dão conta de que a parcela referente ao mês de março foi parcialmente paga pela SES, no valor correspondente a 70% do total, e os meses subsequentes continuam em aberto, sem qualquer repasse à OS IMAPS. O resultado é que, desde a última sexta-feira, dia 19, o Hospital Regional Zilda Arns não mais recebe pacientes oriundos da Central Estadual de Regulação”, diz a nota do MP.

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