Sepultado em Resende o corpo do historiador Claudionor Rosa

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RESENDE

O corpo do historiador Claudionor Rosa, 78 anos, foi enterrado, no final da tarde desta sexta-feira, no Cemitério Municipal Senhor dos Passos, no bairro Alto dos Passos. Ele morreu, no início da madrugada, no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) de um hospital particular, onde estava internado desde a semana passada. A morte foi provocada por insuficiência renal aguda, neoplasia secundária do reto peritônio, hipertensão arterial e diabetes mellittus.

Servidor público municipal, Claudionor era conhecido por seu trabalho de valorização da cultura e do resgate da história de Resende e da região Sul Fluminense. Rosa deixa os filhos, os gêmeos Luciano e Luciana, Rodrigo e um neto, além da companheira Judith. O corpo do historiador foi velado na Capela da Santa Casa de Resende, situada no bairro Lavapés. Por volta das 17 horas, o corpo de Claudionor foi sepultado no túmulo do escritor, poeta e jornalista resendense, Luiz Pistarini. Claudionor era grande divulgador das obras de Pistarini, chegando a ministrar palestras e projetar exposições contando a história do jornalista que morreu em 24 fevereiro de 1918 deixando como legado o Hino de Resende, gravado por Jorge Goulart, cantor de grande sucesso em meados do século passado. “O professor Júlio Fidélis conseguiu junto com a família de Pistarini esta última homenagem para Claudionor que era um entusiasta do escritor”, disse o jornalista Laís Amaral.

Nascido em 13 de março de 1943, em Guaianases, no interior paulista, Rosa veio para Resende aos 23 anos, onde começou a se dedicar e a incentivar a cultura, a literatura, artes, poesia, música e pesquisas históricas da região. Famoso por suas histórias e grande incentivador de movimentos culturais, o historiador fundou o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Resende, a Associação do Samba e o Grêmio Literário de Resende. Ele também escreveu por muitos anos em jornais da cidade e região. No jornal A Voz da Cidade manteve uma coluna sobre a história de Resende, “Coisas Nossas” e colaborava com textos culturais para o semanário Folha Sul Fluminense, além de comandar programas na Rádio Resende.  Em 2016, Claudionor foi o patrono da segunda edição da Feira do Livro de Resende, a FLIR. Também recebeu a Medalha Tácito Viana Rodrigues, maior honraria ofertada pelo Poder Legislativo. Atualmente, era diretor do Arquivo Histórico Municipal.

Claudionor Rosa era um grande divulgador e incentivador cultural de Resende e região-Cyntia Freitas

O prefeito Diogo Balieiro Diniz (Democratas) decretou luto de três dias pela morte de Claudionor Rosa. Diogo lamentou a morte do historiador e destacou a sua representatividade na região. “Claudionor Rosa representou nossa cidade com toda sua maestria desde que chegou em solo resendense, há 55 anos. O mais bonito em toda sua trajetória conosco foi à importância que sempre deu à história, anulando-se, na maioria das vezes, para ser apenas o veículo, a pessoa que as contava. Com a sua partida, perdemos não só um servidor exemplar, mas também alguém que se dedicou ao município e ao fomento da cultura como ninguém. Ele fundou o Museu da Imagem e do Som (MIS) e diversas outras instituições culturais muito valiosas para Resende e para a região. Comandou o Arquivo Histórico durante muito tempo e tratou o acervo com todo zelo e cuidado, para que no futuro, as próximas gerações possam compartilhar da mesma arte que prestigiamos atualmente. Toda e qualquer homenagem que fizermos neste momento não será suficiente para reverenciar o grande ser humano que o Claudionor foi e sempre será. Fica aqui a nossa homenagem, nossa saudade e ainda desejamos muita força e prestamos nossos sentimentos à família”, declarou o chefe do Executivo.

HOMENAGENS

O velório do historiador, que era bacharel em direito, foi marcado por várias homenagens. A Capela da Santa Casa ficou repleta de familiares, amigos, estudante e a comunidade.

O presidente da Câmara de Vereadores de Resende, o vereador Edson Vieira Miranda, o Peroba (PPS) lembrou o legado histórico deixado por Rosa. “Com o coração apertado, quero lamentar o falecimento do amigo e grande defensor da história de Resende, Claudionor Rosa. Sua memória, sua paixão por manter vivo o passado e lutar por sua preservação são exemplos. Nossas orações pelos amigos e familiares. Fica em paz, seu legado seguirá vivo, Claudionor!”, disse o parlamentar.

O ex-prefeito José Rechuan também falou sobre a vida do historiador. “Claudionor era o arquivo vivo de Resende e da região. Além de cuidar da cultura com grande avinco, ele se preocupou em passar toda a informação histórica para o setor de educação, levando aos estudantes toda a história de Resende e da nossa região. Perdemos um importante nome de nossa história. Espero que as pessoas que o acompanhavam na divulgação da história de Resende deem continuidade neste trabalho”, afirmou.

A vereadora Soraia Balieiro (PSB) também manifestou sua solidariedade. “Por mais de 40 anos, Claudionor pesquisou e trabalhou diretamente com o arquivo histórico municipal, onde guardava grandes histórias e muito conhecimento sobre a cidade. Não tenho mais palavras para expressar todo o meu sentimento neste momento. Claudionor era um amigo querido, um ser humano ímpar, com um amor gigantesco por Resende, um símbolo da cultura e do patrimônio histórico municipal. Hoje todos nós, resendenses, perdemos um pouco. Peço a Deus que conforte o coração dos familiares e amigos neste momento de dor”, disse Soraia, lembrando a saudade que o município terá durantes os carnavais, uma das paixões de Claudionor.

A vereadora contou ainda que protocolou, no início da tarde desta sexta-feira, na Câmara de Vereadores, um Projeto de Lei para que o Arquivo Histórico de Resende, vinculado a Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda, passe a se chamar “Arquivo Histórico Claudionor Rosa”, como forma de reconhecimento por todo trabalho e dedicação do historiador com a memória de Resende.

A organizadora da Feira do Livro de Resende (FLIR), Adriana Elias, ressaltou a importância do historiador que colaborou com os projetos da Feira. “A morte de Claudionor vai ficar na historia de Resende. Ele foi um grande incentivador na cultura da cidade e de toda a região. Foi o nosso mestre na FLIR, nos ajudando com diversas ideias para que a cada ano a Feira de Livros apresente mais diversidade cultural para a região”, comentou Adriana, lembrando que o historiador foi o idealizador de anualmente a FLIR apresentar um patrono.

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