Por Yuri Melo
Aproveitando o clima de Halloween, bora falar do suspense que está chamando muita atenção, a estreia de Zoë Kravitz na direção! Vem comigo saber o que achei Sem Spoiler!
Uma garçonete se encanta com um bilionário e acaba indo com ele para uma ilha isolada viver dias perfeitos. Mas qual é o preço da perfeição?
Foto: Divulgação
Pisque duas vezes é um suspense com s maiúsculo, um exímio representante do gênero. A trama nos faz imergir dentro de situações estranhas, porém muito plausíveis, o que torna a possibilidade de acontecer com você ou com um conhecido, aterrorizante, mas, dentro disso, existe um filme que os homens vão ver e outro que as mulheres vão ver. A diretora é muito habilidosa ao nos imergir nesse mundo perfeito e falso que mostra o quanto poder e privilegio andam de mãos dadas com a barbárie e a opressão.
Em um mundo onde a acensão social é uma busca incansável e raramente alcançável, a trama vai nos mostrar o quanto os recortes da realidade são sedutores, porém muito pouco verdadeiros, quando buscamos nossos ídolos de internet que já nos sentimos íntimos, pois acompanhamos eles todos os dias, na verdade, estamos sendo seduzidos por um mundo de aparência que deixa impune aqueles que estão no topo da piramide.
Muito difícil falar desse filme sem spoiler! Então vamos para algumas partes mais técnicas para não arriscar entregar nada!
Sem dúvida, o maior brilho desse filme está em ser a estreia de Zoë Kravitz na direção, ela começa lá em cima, sabendo muito bem a história que quer contar e como quer contar. Os dois primeiros atos são de um suspense absoluto, construído aos poucos, nas entrelinhas, tudo é normal, perfeito e estranho ao mesmo tempo, nós apenas sabemos o que a protagonista sabe, o que aumenta nossa imersão e também nossa tensão. Zoe soube muito bem dosar o ritmo do filme, então não ache que vai ser aqueles filmes metidos a inteligentes que você termina sem entender nada, o roteiro não subestima a inteligência do espectador, mas também não fica querendo parecer mais inteligente do que deveria. Sem dúvida, existe muito texto nas estrelinhas, nas nuances, e isso enriquece demais a experiência, porém no terceiro ato o filme se torna um pouco mais de ação e aprimora o que havia deixado. A minha crítica negativa fica para a conclusão, que acaba abrindo muitas perguntas que não podem ser respondidas e fugindo um pouco da ideia realista que o filme vinha propondo, mas isso são 5 min do final só, então não estraga a experiência do filme.
Todos os elementos nesse filme estão comunicando algo, desde o nome, que reflete um sinal feito por mulheres que estão correndo perigo, até a simbologia das cobras ou os planos da fotografia que começam mais fechado enquanto nós e a protagonista não conhecemos a verdade e vão abrindo conforme a verdade vai vindo a tona, até a trilha que é muito certeira em fazer uma mescla de felicidade e estranheza de um jeito incomodo.
O elenco conta com nomes estelares como Channing Tatum, Adria Arjona, Haley Joel, Christian Slater e muitos outros, mas, o destaque fica Naome Ackie que dá vida a uma mulher em busca de visibilidade, em busca de reconhecimento, de uma maneira muito sutil ela consegue nos fazer sentir todo o desespero que se constrói durante o desenrolar dos fatos da trama, desde a euforia de estar vivendo um sonho até a descoberta do pesadelo.
Pisque duas vezes é um crítica ao mundo perfeito pregado pelas redes sociais e ao privilégio que homens brancos e ricos tem no mundo, mostrando toda a opressão e dor que esses elementos causam. Muito mais do que um filme de suspense esse longa é um alerta e uma conscientização a todos nós que vivemos na era das aparências. Zoe fez um manifesto de alerta principalmente para as mulheres, mas que serve para todos nós, de que nós não conhecemos ninguém por acompanhar 15 segundos de storie da vida daquela pessoa, essa vida maravilhosa pode esconder atrocidades inimagináveis.
E ai fica pergunta, esquecer é um privilégio?
Sem dúvida um grande filme e uma ótima pedida pra fechar a semana do Halloween com chave de ouro!
