O pai da bomba atômica é um vilão ou um herói? Vem ver o que eu achei sem spoiler!
Por Yuri Melo
Depois de 3 anos Christopher Nolan está de volta aos cinemas, após a treta com a Warner, que foi contra o lançamento do seu último filme Tenet, em streaming e cinema ao mesmo tempo, o diretor encontrou na Universal Studios um novo parceiro para os seus filmes muito caros!
Sinopse rápida: O filme conta a história da criação da bomba atômica e suas consequências, porém o longa faz isso pelo olhar do Dr. Oppenheimer, considero o pai da bomba atômica e também pela visão de Lewis Strauss.
Bora detalhar mais isso:
Vamos começar falando dele, Christopher Nolan, o diretor que é amado e odiado por muitos!
Nolan conhecido por seus filmes científicos e muito explicativos nessa área, sem dúvida nos traz sua melhor versão nesse novo longa.
Ele conduz a direção com extrema maestria conseguindo extrair o melhor de tudo e de todos, uma história que na teoria seria muito burocrática ele consegue transformar em algo que beira a ação e o suspense. Como de praxe Christopher tem uma falta de apreço pela linearidade e cria uma narrativa que intercala pontos do tempo, te confesso que demorei um tempinho para entender as linhas do tempo e isso quase me incomodou, mas logo que ficou claro eu já entendi e passei a gostar, pois por se tratar de uma história verídica e já conhecida não fazia sentido fazer suspense sobre os resultados, então acompanhamos uma linha onde o filme lida com as consequências de tudo, decisão muito acertada do direto e roteirista.
Nolan que assina também como roteirista escolheu contar a história do homem por trás da bomba atômica, então não é uma história sobre a bomba ou sobre a guerra diretamente e sim sobre o ser humano que estava no centro de tudo isso e como foi lidar com todas as pressões e consequências da época. Nolan que nunca foi muito de fazer o desenvolvimento de personagens em seus filmes, dessa vez sai da sua zona de conforta e foca 100% no Dr. Oppenheimer, olhando para ele de uma maneira delicada e intima, mostrando as motivação e angústia que o levaram a criar a bomba, porém o filme não se preocupa em criar heróis e vilões bidimensionais, ele mostra que todos nós somos heróis e vilões, só depende da perspectiva.
A direção e o roteiro lidam muito bem com a quantidade de personagens que aparecem, nos fazendo acompanhar a narrativa sem nos perder e também criam um ambiente de tensão e urgência que nos prende em todas as suas 3 horas de duração.
Falando sobre as 3 horas de duração, sim o filme é longo, mas te confesso que passou rápido pra mim, toda a ambientação, a crescente que a narrativa propõe, a tensão da urgência da guerra, a trilha sonora e montagem, tudo isso te faz querer ficar dentro daquele mundo e acompanhar o que está acontecendo ali.
Já que toquei no assunto trilha sonora, MEU DEUS, essa é uma das partes mais perfeita do filme, toda a montagem de som é surreal, o som tem uma função dramática e narrativa muito forte e nos envolve demais. Até o silêncio nesse longa é bem usado, simplesmente perfeito e faço minhas apostas que vai levar o Oscar nessa categoria.
Outa parte técnica simplesmente maravilhosa é a fotografia, o jeito como ela filme Oppenheimer sabendo quando o engrandecer e quando o diminuir, a iluminação das cenas construindo todo o clima e claro toda a parte que é feita em preto e branco, que decisão assertiva de fazer essa parte assim. Uma explicação que não conta como spoiler em, o filme colorido é a visão do Dr. Oppenheimer e o preto e branco é a visão do Lewis Strauss e quando está e p&b o filme se torna um filme de tribunal com um trama política que flerta com o noir. Maravilhoso!
Agora sobre as atuações, o filme tem um elenco estrelar com nomes como Matt Damon e Rami Mallek, então se eu for falar de todos esses essa crítica não terá fim, vou focar em dois; Cillian Murphy e Robert Downey Jr, por eles serem a nossa visão no filme.
Mas todos os outros estão sublimes no filme, com destaque as duas esposas do Oppenheimer que são interpretadas pela brilhante Emily Blunt e a espetacular Florence Pugh, sem dúvida elas dão um show em tela nos passando toda a angústia de viver ao lado de uma figura como ele.
Robert Downey Jr. Faz aquele personagem que nós amamos odiar, a intensidade que ele vive suas cenas, a força no olhar mesmo com o um físico aparentemente frágil, ele expressa uma força amedrontadora, e como a narrativa dele é de tribunal ele basicamente a carrega nas costas ao nos entregar uma das suas melhores atuações, com certeza vai estar no Oscar.
Agora Cillian Murphy dá um show e aproveita a oportunidade que teve de estrelar um grande blockbuster pra mostrar que ele é fantástico. Ela dá vida a um personagem que é atormentado por sua própria genialidade, que vê um mundo muito além do que nós podemos ver e Cillian faz isso muitas vezes apenas com o olhar. A entrega dele para esse filme é notável e como protagonista é delicioso vê-lo em tela. Todas os questionamentos que o Dr. viveu, a dualidade moral e ideológica, a arrogância e ao mesmo tempo preocupação com o mundo, tudo isso é vivido com muito verdade por Murphy, que criou um jeito de olhar, andar e falar próprios do Oppenheimer.
Outro ponto interessante é a aparição de figuras históricas, é muito legal ver essas figuras como pessoas que viveram naquele tempo, foi uma surpresa agradável pra mim!
Oppenheimer é uma cinebiografia dramática que tem uma ação própria e um ritmo diferente, mas sem nunca se tornar desinteressante. Longo sim, chato de jeito nenhum! Entrou para os meus top 10 melhores filmes da vida!
VALEU MUITOOOO O VALOR DO INGRESSO!