Por: Yuri Melo
A grande aposta da Netflix pro primeiro semestre chegou fazendo muito barulho. Apostando na nostalgia e trazendo o casal de “De repente 30” de volta! Vem saber o que eu achei!
Do direto Shawn Levy chega a streaming vermelha Projeto Adam, um filme de ficção cientifica que chega querendo se tornar um clássico como “De volta para o futuro”, “Vingadores Ultimato” e tantos outros do gênero.
Revivendo a parceria com Ryan Reynolds, já consolidada no filme Free Guy, o diretor traz todo o clima de Stranger Things para as telonas. Sem fugir do seu estilo de comedia Shawn faz um longa recheado de piadas e referências a cultura pop, mas dessa vez como pano de fundo temos uma história de perdão e aceitação do próprio passado, que nos faz refletir o que faríamos se pudéssemos conversar com nossa versão mais jovem e se fizéssemos isso seria certo nos prevenir de todos os problemas que passaríamos na vida?
Vamos começar falando da dupla de protagonistas Ryan Reynolds e o jovem Walker Scobell, a química entre os dois é muito boa, o tempo de comédia e interações nas cenas de ação são realmente algo gostoso de ver em tela, porém, Ryan não consegue se desvencilhar do papel de Deadpool que alavancou sua carreira, ele continua preso ao personagem engraçadinho de fala rápida que faz piada com quase tudo, nesse longa ele tem algum espaço pra mostrar seu lado mais dramático e intenso no segundo e principalmente no terceiro ato, então em geral ele faz bem o trabalho nesse filme. Já o jovem Walker foi uma surpresa muito boa, carismático e com uma atuação muito gostosa de ver ele nos cativa e conduz muito bem a trama.
E por falar na trama, o gênero de ficção cientifica já está bem saturado e O Projeto Adam não traz nada de novo a essa proposta, lida com a viagem no tempo da forma mais clichê possível e está recheado de atalhos narrativos, figurantes aleatórios morrendo e tecnologias não explicada que vem e vão de acordo com a necessidade do roteiro. Esse sem dúvida é um dos piores pontos do filme, ao mesmo tempo que ele é expositivo e julga o espectador “burro”, ele também não explica coisas básicas, como o porquê de os vilões poderem ficar invisível, mas na hora de atacar ficam visível de novo, entre outras pontas soltas do filme.
Outra coisa que me incomodou muito foi a motivação que leva o jovem Adam a entrar na aventura com o Adam mais velho, foi fraca e muito questionável, claramente uma falha do roteiro, assim como a vilã principal e seu companheiro, totalmente sem autenticidade e motivação interessante, é apenas mais uma vilã genérica que não soma em nada no arco do filme, além de ser o desafio do protagonista. E só a presença dela naquela trama já é algo que subjuga nossa inteligência, mas não vou falar mais pra não dá spoiler!
Um spoiler que todos já temos é o casal Mark Rufallo e Jennifer Garner de “de repente 30”, é muito bom ver eles em tela junto, a nostalgia vai lá em cima, mas infelizmente eles não têm muito tempo de tela, o que me faz pensar que foi mais estratégia de marketing do que qualquer outra coisa, mas, funcionou muito bem porque eu amei ver eles e valeu ter eles ali.
Indo para as partes mais técnicas, a trilha sonora não se destaca, mas também não incomoda, está ali e cumpre seu papel de maneira discreta. A fotografia tem uma ou outra cena visualmente bonita, mas no mais é apenas um filme muito bem filmado sem grandes cenas ou planos. As cenas de luta se destacam bastante, muito bem coreografadas e usando muito bem as possibilidades que as armas do futuro dão a Adam e somando a isso efeitos gráficos bem realizados, temos cenas que nos prendem a tela.
A minha conclusão é que O Projeto Adam é um filme que chega querendo um lugar ao lado de grandes filmes da história, mas acaba sendo só mais um filme aventuresco gostosinho de ver, mas totalmente esquecível. Com um debate psicológico interessante sobre como nos tornamos quem somos, o diretor acaba deixando esse tema de lado pra dar espaço pra piadas e cenas de ação que nada mais são que mais do mesmo.
Por ser em streaming, vale as pouco mais de uma hora e meia que passamos vendo!