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Sem Spoiler – O Assassino

Por Carol Macedo
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Por Yuri Melo 

O novo filme do aclamado diretor David Fincher chega a Netflix, será que é bom? Vem ver o que achei, sem spoiler!

A primeira coisa que tenho que dizer é que Fincher está no hall dos meus diretores favoritos, Seven, A rede Social, Clube da Luta, Millenium, Zodiaco, praticamente todos os filmes que ele faz eu amo! E por isso que chegou a dar até um medo desse novo longa, mas vamos lá para o que eu achei!

Esse filme conta a história de um assassino que ao cometer um erro no trabalho vê suas crenças serem questionadas e com isso entra em uma jornada de vingança em frustração.

O primeiro detalhe importante a mencionar é que esse longa não navega na concepção blockbuster de assassinos como Jonh Wick, esse não é um filme de ação desenfreada e muito sangue, como de costume nos filmes de Fincher esse é um suspense psicológico, com um ritmo mais lento e questões mais profundas, então se você quiser ver um filme de ação com muito sangue e explosões te aconselho a ver outro filme!

Foto: Divulgação

 

 

 

Tendo dito isso, O assassino já nos dá as orientações que precisamos para ver esse filme logo de cara quando diz “se você não suporta o tédio, essa profissão não é para você”, o filme vai propositalmente flertar com o tédio, com o trivial e banal, quebrando completamente a expectativas que todos os outros filmes sobre assassinos criaram na gente. O protagonista que não tem nome, ou melhor, que tem vários nomes, nos mostra como é “chato” sua profissão, como que é algo que requer disciplina e método, e está bem longe das grandes emoções de Hollywood! Seja pelos planos, mas longos ou pela narração em off do protagonista, todo o filme tem um ar de contemplação, como se estivéssemos vendo um documentário sobre um assassino e não um filme ficcional e o mais incrível que tudo isso é proposital e pensado para que o espectador sinta isso.


A direção de David Fincher como de costume é excelente em criar suspense e profundidade, desde o início somos fisgados para dentro do filme e das suas questões, Fincher sabe muito bem o que colocar em diálogos e o que deve ser apenas mostrado, isso dá camadas muito interessantes ao filme que nos convida a caminhar com ele e não nos entrega nada mastigado. Como o próprio assassino diz, devemos sempre antecipar e o roteiro nos faz navegar por uma onda de previsibilidade que nos faz acreditar que estamos antecipando tudo, para que aí somos surpreendidos com uma quebra desse padrão no final em um plot que mostra que nosso assassino, na verdade, era só uma peça de uma engrenagem maior que ele achava se um dos poucos que via tudo, mas, na verdade, era um dos muitos que não via o quadro todo.

Como disse, o roteiro é hábil em nos conduzir por esse universo onde tudo é perigoso e normal ao mesmo tempo, com nosso protagonista quase não falando (com os outros personagens do filme) nós somos conduzidos por cenas incríveis que sem dúvida vão entrar para o patamar de obras-primas do cinema, e viajando pelo mundo com nosso assassino conseguimos compreender o tudo sem que ele precisasse ficar dizendo cada atitude que fazia.

Claro que esse protagonista calado precisava de um intérprete que conseguisse comunicar com uma atuação impecável e Michael Fassbender foi simplesmente perfeito. Com seu tipo frio e calculista, ele passa um medo estranho, como se você tivesse um vizinho que dá muito medo, mas, ao mesmo tempo, é completamente normal. Preso as suas crenças Fassbender mostra como que o distúrbio de ansiedade é nocivo e prejudicial e que criamos mecanismos disfuncionais para lidar com essas questões, no caso o protagonista cria o método dele e se recusa a entender que esse método pode e vai falhar em algum momento, quando isso acontece ele entra em uma espiral de vingança descontrolada apenas para “provar” que o método funciona, porém, no final ele vê que quem puxava as cordas nem ao menos sabia das consequências e tudo que ele fazia, como ele mesmo disse no começo, não faria diferença nenhuma nas estatísticas.

Um destaque para a trilha sonora que abusa dos sons diegéticos e nos faz imergir dentro da cabeça desse homem frio e calculista, cada lugar tem seus próprios sons e normalmente eles incomodam muito, com certeza a trilha dá o tom para esse longa brilhar.

A meu ver, O Assassino é um excelente filme de suspense que nos faz refletir o quão rígido temos sido com nossas crenças e nossas falhas, com uma direção ótima e uma atuação brilhante, ele sem dúvida é uma inquestionável adição ao catálogo da Netflix! Tirando uma ou outra facilitação narrativa (como carros que limpam ruas, caminhões de lixo e pessoas abrindo portas sempre que o assassino precisa) o filme não gera nenhum grande incomodo e não te tira da experiência em nenhum momento, mas confesso que não é um longa para todos por conta do seu ritmo lento!

Vale muito o valor do ingresso!

Foto: Divulgação

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