As bruxas mais amadas da sessão da tarde estão de volta! Mas será que ficou bom?
Por Yuri Melo
Os anos 90 trouxeram filmes que marcaram uma geração e sem dúvida Abracadabra ou Hocus Pocus no título original, é um desses filmes. A história das irmãs Sanderson que voltam dos mortos para aterrorizar Salem e comer criancinhas em troca da juventude eterna nos encantou e aterrorizou em muitas tardes! Então era de se esperar que em algum momento a Disney olhasse para esse longa e pensasse em fazer uma continuação ou remake, e que bom que foi uma continuação. E veio na hora certa, porque o trio que interpreta as irmãs bruxas está na idade que deveriam ter no filme, o que ficou muito bom, tendo em vista que no primeiro tiveram que envelhecer elas com maquiagem e computação, nesse não tiveram esse trabalho.
Eu vou dividir essa crítica em duas partes, a primeira vai ser da nostalgia, do Yuri que morria de medo desse filme na infância e que voltou a esse universo agora, e a segunda analisando com um olhar mais crítico.
Então vamos pra primeira, eu amei voltar para aquele mundo de Salem, do halloween, das bruxas, fantasias e tudo. A diretora Anne Fletcher conseguiu trazer todo aquele clima de fantasia e aventura dos filmes noventistas, aquela sensação maravilhosa de estar em uma jornada incrível e quase ingênua, e ainda no final ser recompensado com um final feliz. Foi realmente delicioso.
O filme foi muito hábil em manter as características do original, como os figurinos exagerados, as danças e coreografias quase toscas e até mesmo no efeito das magias que foram atualizados, mas ainda lembram os antigos, tudo isso te leva para dentro do filme como uma continuação daquela primeira história. Então foi um deleite para minha nostalgia e eu não vi o tempo passar durante a 1:47h do filme!
Bora para a segunda parte?
Vamos começar do começo, a premissa para o filme acontecer, assim como em muitas continuações é fraca, o roteiro até tenta amarrar a ideia de que um personagem tem de trazer elas de volta a vida com o primeiro filme, mas é forçado e sem muito sentido, o famoso dedo forte do roteiro, tem que acontecer porque os roteiristas não acharam outra forma de trazer elas de volta, então isso me pareceu forçado e levemente preguiçoso. Mas a diretora se esforço para desse limão tirar uma limonada!
O filme começa mostrando as irmãs Sanderson na infância, mostra elas sofrendo perseguição religiosa e o como elas se tornaram bruxas, e nesse momento é plantado uma ideia de que o filme abordará essa visão histórica de perseguição as bruxas como opressão religiosa e/ou vai humanizar mais as 3 irmãs, mas isso é facialmente descartado e apenas pincelado em pequenas frases de efeito durante o filme, o que para mim, é um desperdício de um tema que seria incrível e uma atualização natural do primeiro filme.
O filme de 1993 é como se deve esperar, cheio das ideias e preconceitos da época, a demonização das mulheres livres que seguem seus desejos, o estereótipo das mulheres buscando sempre a juventude, o herói homem hetero que salva o dia, enfim, anos 90. Então era de se esperar que esse filme trouxesse uma visão atual para essas personagens e uma nova linguagem, o que acontece, as irmãs Sanderson são mais humanizadas, os personagens falam sobre elas serem malvadas apenas porque era o que lhes cabia naquela época e o filme se torna muito mais sobre a força da amizade do que sobre mulheres malvadas que comem crianças para ficarem jovens. E ainda de uma maneira muito sagaz brincam com a indústria de cosméticos e como a busca pela juventude eterna hoje não é mais visto como coisa de bruxa e sim algo normal, ou seja, muito do que era demonizado antigamente hoje é um habito aceitável e muitas vezes admirável! Porém o arco do filme não escolhe seguir por esse caminho de crítica social e conceitos politizados, ele sim fala sobre isso de uma maneira por cima, mas escolhe seguir por uma história de amizade, comédia e aventuras.
E dentro do que o filme se propõem ele faz muito bem feito, o novo trio de protagonista que é apresentado é carismático e nos prende a atenção, as piadas e cenas cômicas são bem encaixadas e nos arrancam aquele sorriso de canto de boca e a interação do trio de bruxas do primeiro filme com a tecnologia atual é algo que rende muitas cenas boas, então mesmo com uma forçada de roteiro aqui, uma coincidência ali e algumas atitudes de personagens que não parecem muito naturais a trama é envolvente e cumpre o seu papel de sucessor de uma comédia/terror dos anos 90, que é cheia de bizarrices, bizarrices essas que essa continuação abraça com muito orgulho, o que eu pessoalmente achei maravilhoso. Então fique despido da vergonha alheia e aproveite o passei por Salem e as músicas!
Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy voltam quase 30 anos depois para dar vida as Irmãs Sanderson e estão simplesmente maravilhosas, elas estão livres e brincando muito com as personagens e em uma decisão muita acertada a diretora deixou as coisas estranhas e esquisitas do primeiro filme, o que deixa o trio com uma liberdade criativa linda de se ver!
Sobre as partes mais técnicas, a fotografia cumpre seu papel, mas não tem nenhum destaque a mais, usa com sabedoria o orçamento que tem e consegue nos planos e movimentos de câmera nos levar para o clima dos anos noventa de novo. Efeitos especiais eu gostei muito por eles evocarem os efeitos da época, eles me parecem antigos, mas parecem fazer isso de proposito então me agradou. E a trilha sonora é muito boa, e também deveria já que as bruxas adoram cantar!!
Vale muito seu tempo! Aproveite o halloween em Salem!