Secretário Geral da ONU pede um mundo unido ‘como nunca se viu’ para superar emergência da Covid-19

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NOVA IORQUE

Silas Avila Jr.

Editor Internacional do Jornal A VOZ DA CIDADE

Jornalista correspondente na Organização das Nações Unidas em Nova Iorque

Antonio Guterres falou a correspondentes em entrevista coletiva, que antecede o debate de líderes internacionais na 75ª Assembleia Geral da ONU na última quarta-feira, 16. Por causa da pandemia, será a primeira Assembleia virtual da história com destaque para cessar-fogo global, ação climática e recuperação pós-Covid-19.

O secretário-geral citou a pandemia como uma crise diferente que levará a uma sessão da Assembleia Geral da ONU ímpar. António Guterres revelou que pedirá o reforço do cessar-fogo global para combater o novo coronavírus, destacar a recuperação da pandemia e a mudança climática no debate geral que começa na terça-feira dia 22 de setembro.

Este ano, as intervenções de chefes de Estado e de governo serão feitas de forma virtual. Guterres disse que por causa das circunstâncias, a união e a cooperação são mais necessárias que nunca.

O secretário-geral citou a pandemia como uma crise diferente – UN FOTO Mark Garten

Respondendo diretamente ao Jornal A VOZ DA CIDADE, sobre os desafios de mostrar que a missão de 75 anos das Nações Unidas continua viva, Gueterres diz que é preciso que todos sejam humildes. “Precisamos reconhecer a nossa vulnerabilidade e reconhecer que temos que nos unir e ser solidários para podermos responder a esses desafios. Por isso, eu acho que as Nações Unidas nunca foram tão necessárias como hoje. De alguma forma estamos vivendo um momento refundacional semelhante ao de 1945. Em 45 foi a segunda Guerra Mundial. Mas agora com a Covid-19, com as alterações climáticas é uma vez mais um toque de alerta e independentemente das diferenças que existem de afirmação de soberana nacional que todos reconhecem, para ser possível termos uma governança global muito mais eficaz do que a que temos hoje”, disse.

Ele destacou ainda que a semana de reuniões de alto nível da Assembleia Geral ocorre diante de uma pandemia que matou quase um milhão de pessoas. A Organização Mundial da Saúde anunciou que a Covid-19 já teve mais de 27 milhões de notificações.  “A mensagem não é específica para nenhum país. É específica para todos os países do mundo. Eu acho que é claro que em todos os países do mundo não houve a capacidade de coordenar esforços. Não havendo uma capacidade de coordenar esforços o vírus avançou por onde pode. E avançou de uma forma trágica. O meu apelo é que este é o momento de unir esforços e é o momento de responder de forma efetiva para que não venha uma segunda onda que comprometa todos os avanços que foram alcançados. O meu objetivo não é resolver o problema em um país, mas que o problema possa ser resolvido igualmente em todo o mundo”, explicou.

O Secretário-geral da ONU disse haver “um programa completo e as apostas não poderiam ser maiores”. A coletiva também apresentou dados sobre ações da ONU desde o início e os passos seguintes na sequência da crise.

Ele disse que o apelo se repercutiu nos Estados-Membros, na sociedade civil e em vários grupos armados, tendo citado o Afeganistão e o Sudão por “novos passos promissores em direção à paz”.

Em relação a situações na Síria, Líbia, Ucrânia, ele disse que um cessar-fogo ou pausa nos combates podem criar espaço para a diplomacia. No Iêmen, Guterres afirmou que um cessar-fogo permitiria retomar o processo político.

EXTREMA POBREZA

Mais do que uma crise sanitária, a ONU considera a pandemia “uma crise humana que expôs desigualdades severas e sistêmicas”. A organização estima que a economia global pode se contrair cerca de 5% neste ano. Até 100 milhões de pessoas podem ser jogadas novamente na extrema pobreza.  Para a ONU, ganhos na igualdade de gênero correm o risco de serem revertidos por décadas. O desenvolvimento humano global pode cair pela primeira vez desde que começou a ser medido, em 1990.

Silas Avila Junior, o correspondente do A VOZ DA CIDADE – Reprodução

Vacinas 

Guterres disse que as próximas semanas serão decisivas para vencer o vírus. Ele apontou as esperanças na imunização, mas destacou não haver “panaceia em uma pandemia” e que somente uma vacina não pode resolver esta crise no curto prazo. “É preciso expandir de forma maciça as ferramentas novas e existentes que podem responder a novos casos e fornecer tratamento vital para suprimir a transmissão e salvar vidas, especialmente nos próximos 12 meses”, completou.

Para ele, uma vacina deve ser vista como um bem público global: acessível e disponível para o povo.  Guterres falou do alastramento da desinformação sobre uma futura vacina, gerando hesitação e teorias de conspiração. Essas resultam em desconfiança nas vacinas em todo o mundo.

O secretário-geral apontou ainda que o planeta está perdendo a batalha contra a mudança climática ao lembrar que muitos esforços para erradicar a pobreza e alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável já eram assombrados pelo problema.

Antonio Guterres secretário-geral da ONU – UN FOTO Mark Garten

Multilateralismo 

Ele destacou que as emissões de gases de efeito estufa atingiram novos recordes em 2020, o Hemisfério Norte teve o verão mais quente já registrado ao lembrar que a recuperação da Covid-19 é a chance de atingir os objetivos.

Para o chefe da ONU, a recuperação deve estar alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável e o Acordo de Paris sobre mudança climática.

Na segunda-feira, dia 21, os Estados-membros incluindo o Brasil vão adotar uma declaração marcando a data do 75º aniversário das Nações Unidas e reafirmando o reforço do multilateralismo.

O secretário-geral reiterou que com a celebração dos 75 anos, deve haver união como nunca antes para superar a emergência e ação, trabalho e prosperidade defendendo a visão da Carta da ONU.

 

 

 

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