Sassaricando – Oscar Nora – 8 de abril de 2020

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Foto: Divulgação

Depois que se nasce nada é mais certo na vida da gente do que a morte. Em algum momento, portanto, a morte de todo ser vivo é um fato incontestável. E depois que se morre, para onde se vai? Nos vários pensamentos religiosos, cada qual explica o destino no modo da sua crença.
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O químico francês Antoine-Laurent de Lavoisier, quase 300 anos atrás já afirmava que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Ambos famosos em Paris onde moravam – um entre 1743/1794 o outro entre 1804/1869 – pode ser até que Lavoisier tenha influenciado Alan Kardec criador da doutrina espírita.
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Há os que morrem, mas continuam fisicamente vivos. A doença mental, a fraqueza diante dos desafios da vida, a intolerância ao limite de cada um definem esse contingente, numeroso entre os moradores de rua. Há também os que, biologicamente vivos, morrem todos os dias sob o esmagador peso da injustiça.
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1950, Copa do Mundo de Futebol. Depois dos massacres que impôs à Suécia – 7 a 1 e à Espanha – 6 a 1, o Brasil se prepara para decidir o título contra o Uruguai. Mais de 200 mil pessoas, delirantemente embaladas pela euforia do já ganhou, pois o empate favorecia o Brasil, lotam o Maracanã.
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Começa o jogo, zero a zero no primeiro tempo. Dois minutos do segundo tempo, Brasil faz um a zero gol de Friaça. Confiante na vitória e empolgada em golear mais uma vez, a seleção comete o erro fatal de se lançar totalmente ao ataque deixando a defesa desorganizada. Ardilosos, os uruguaios usam os contra-ataques velozes.
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Aos 21 minutos o rápido Ghiggia bate o lateral Bigode na corrida e cruza para Schiaffino empatar a partida. Treze minutos depois o lance se repete, 34 minutos, Ghiggia supera novamente Bigode e entra livre na área chutando à esquerda de Barbosa. O goleiro do Vasco saltou, mas não conseguiu agarrar a bola. Era uma bola indefensável. Uruguai 2 x 1, campeão mundial.
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Naquela seleção de craques como o artilheiro Ademir, o impetuoso Friança, o driblador Zizinho, o sagaz Jair Rosa Pinto/Jajá de Barra Mansa e o destemido Bigode, foi apenas sobre os ombros do goleiro Barbosa que caiu o peso da culpa. Logo ele Barbosa, por dezenas de vezes o salvador da pátria e do Vasco da Gama – Expressinho da Vitória.
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Em 1950, o goleiro Barbosa estava com 29 anos. Naquela fatídica tarde ele morreu pela primeira vez. Nos 50 anos seguintes, morreu nas reflexões pessoais, morreu nas injustiças que sofreu, morreu quando lhe indagavam sobre o ‘maracanazo’. Ontem, dia 7 de abril, no ano de 2.020, Barbosa morreu, definitivamente, pela última vez.

Foto: Divulgação/YouTube

Nos Jogos Olímpicos quem vai para o pódio recebe, respectivamente, medalhas de Ouro, Prata e Bronze. Mas a maior honraria é receber a Medalha Pierre de Coubertin, dada a quem demonstrou alto grau de olimpismo em situações inusitadas ou adversas. Em toda a história das olimpíadas de verão, somente seis atletas e um técnico foram agraciados. O brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima é um deles. Nos Jogos em Atenas/2004, Vanderlei liderava a maratona quando foi agredido pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan. Mesmo perdendo o ritmo e, por consequência, o primeiro lugar, o brasileiro chegou em terceiro, ovacionado pelo público.

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