Sassaricando – Oscar Nora-25 de abril de 2020

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Fotos: Gerência de Memória e Acervo CBF

No antigo Maracanã a identificação dos profissionais da imprensa e de outros credenciados, com direito de acesso à garagem coberta, tribunas ou arquibancadas, era feita pelos fiscais postados na entrada de um portão, no lado de dentro dos muros do estádio. Penetras com pouca experiência não conseguiam entrar.
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Certo domingo de Vasco x Flamengo – talvez por volta de 1980, não recordo exatamente quando – chegando para trabalhar, notei uma pequena confusão se formando no local. Um senhor de idade, baixinho, sem credencial, insistia entrar alegando que era Leônidas da Silva, famoso jogador de futebol no Vasco, Flamengo, Botafogo, São Paulo e Seleção Brasileira.
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Eu só conhecia o craque que popularizou o futebol no Brasil por fotografia. Mas a cor negra de ébano, a cabeça redonda, o bigodinho bem aparado no rosto de barba bem feita daquele senhor, de fato, eram marcas registradas do Leônidas da Silva. Como o assunto não era da minha alçada, segui em frente para mais uma transmissão esportiva na Rádio Sul Fluminense.
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Leônidas da Silva foi um notável e carismático jogador de futebol. Aos 25 anos, no Mundial de 1938, na França, marcou 7 gols em cinco jogos tornando-se o primeiro brasileiro artilheiro de uma Copa do Mundo. Antes, porém, ainda desconhecido, criou uma conclusão de jogada que apenas craques hábeis, como ele inventor e Pelé sucessor, conseguiram executar com absoluta perfeição.
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Aconteceu no Campeonato Estadual de 1932, durante partida entre Bonsucesso e Carioca, time que não existe mais. Lá pelas tantas o ataque do Bonsucesso fez um lançamento lateral, pelo alto, para a área. De costas para o gol, Leônidas recebeu a bola e pedalando sobre o ar, emendou um chute. A bola entrou na rede adversária e Leônidas da Silva entrou para a história como o inventor da ‘bicicleta’. E de sobra o apelido de ‘Homem Borracha’!

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Criativo, dono de uma musculatura ao mesmo tempo vigorosa e elástica, Leônidas da Silva produzia lances incríveis, dribles desconcertantes, giros de corpo inimagináveis. Era um repertório tão grande e extasiante que era comum ele sair de campo carregado pelos torcedores.
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Na Seleção Brasileira ganhou popularidade internacional. Os aplausos de admiração dos torcedores de todos os países por onde jogou agregaram em Leônidas da Silva outro apelido: ‘Diamante Negro’. Por sinal, marca de um delicioso chocolate.
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Ao terminar meu trabalho naquele domingo, curioso perguntei aos fiscais sobre o senhor baixinho que tentava entrar na tribuna do estádio, sem convite, alegando ser Leônidas da Silva. Responderam: Aquele senhor baixinho se parece muito, mas não é o Leônidas da Silva; era um penetra. O verdadeiro Leônidas da Silva não é baixinho, ao contrário, mede um metro e oitenta de altura.

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