Sassaricando – Oscar Nora – 17 de outubro de 2020

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Hoje, (Maracanã/19h) jogam Fluminense x Ceará. Amanhã, jogam (Itaquerão/16h) Corinthians x Flamengo e Internacional x Vasco da Gama (Beira-Rio/18:15h). Na segunda-feira, (Arena Nilton Santos/20h) Botafogo x Goiás encerra a rodada do brasileirão para os cariocas. Tudo normal, como previsto. O que chama a atenção é outra coisa.

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Como até quinta-feira passada o Congresso Nacional não votou a MP 984/2020, ela perdeu a validade. Conhecida como a Medida Provisória do Mandante, a MP dava ao clube mandante da partida o direito exclusivo da transmissão ou reprodução, podendo escolher a TV parceira ou até mesmo gerar, exibir e comercializar o evento por sua conta.

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Como esse tipo de procedimento traria resultados financeiros melhores do que o valor que recebem das emissoras de televisão, todos os clubes apoiaram a MP com exceção do Grêmio, Fluminense, Botafogo e São Paulo. Com o fim da MP, volta a valer a regra anterior que distribui o “direito de arena” entre o dono da casa e o time visitante.

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É estranho que a MP não tenha sido levada ao plenário para votação. Mas a questão não acabou. O deputado André Figueiredo (PDT-CE) apresentou projeto que retoma parte do texto da MP e também determina que o direito de negociar a transmissão da partida pertence exclusivamente ao time mandante do jogo. Nem acabará tão cedo, pois os tempos mudaram e as ferramentas da modernidade passaram a apertar a corda no pescoço das emissoras de TV aberta.

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Nenhuma emissora de TV transmitiu a última partida da seleção brasileira, o que foi feito pela estatal TV Brasil em inédito acerto de última hora. E isso aconteceu porque, agora, quem define quem pode transmitir os jogos das eliminatórias da Copa do Mundo não é a CBF, Comenbol ou a Fifa. Os autorizados a comercializar a exibição dos jogos são os representantes da agência Mediapro.

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Mediapro é um conglomerado de mídia espanhol sediado em Barcelona, na Catalunha, fundado em 1994 pelo empresário e produtor cinematográfico Jaume Roures. A empresa tem atuação global, com 58 escritórios espalhados por 38 países e centros de produção em Madri, Getafe, Lisboa, Nova York, Miami, Dubai, Buenos Aires e Bogotá, empregando mais de 7 mil pessoas.

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Seus tentáculos são fortes e variados. Além de produzir conteúdo audiovisual para televisão e cinema, a Mediapro detém os direitos de comercialização e de transmissão do Campeonato Espanhol, da Liga dos Campeões da UEFA e é proprietária ou parceira de várias outras empresas, entre as quais o Grupo Globomedia e a beIN Sports.

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Não é surpresa que essas coisas estejam acontecendo. Afinal o futebol se tornou um produto de interesse capitalista maior do que a pureza lúdica que inspirou sua criação. Por outro lado o mundo vive intenso desenvolvimento tecnológico através de ferramentas disponíveis a baixo custo. Por fim, a corrupção também vem invadindo cada vez mais autoridades esportivas, dirigentes e profissionais.

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Esta semana, por exemplo, a Conmebol recuperou duzentos e cinco milhões de reais depositados em contas secretas na Suíça por seu ex-presidente, o paraguaio Nicolas Leoz, e o ex-secretário-geral argentino Eduardo Deluca. Eles faziam parte da quadrilha Fifagate, escândalo de corrupção comandado por Joseph Blatter, com envolvimento dos brasileiros Ricardo Teixeira, José Maria Marin e José Hawilla, do argentino Julio Grandona e outros menos conhecidos.


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