Sassaricando – Oscar Nora – 13 de maio de 2019

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Foto: Divulgação/CRVG

Se a torcida do Flamengo ficou irritada com a quantidade de gols que Gabriel Gabigol e Vitinho perderam na partida contra o Peñarol, semana passada em Montevidéu, irritados ficamos todos nós com as tolas manifestações de racismo de alguns torcedores uruguaios. Felizmente poucos torcedores.
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Não bastasse o foguetório da madrugada, nas proximidades do hotel onde o Flamengo estava hospedado, torcedores brasileiros também foram vítimas de racismo nas ruas da capital uruguaia. As cenas se repetiram no estádio onde um torcedor fazia gestos repetidos, ora imitando Chita – a macaca amiga do Tarzan, ora King Kong – o gorila astro do cinema nos anos 30.
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O racismo no futebol sempre existiu porque a origem do futebol é aristocrática. O esporte nasceu entre os estudantes ingleses da classe alta. De lá, por volta de 1894, veio para o Brasil com bolas e chuteiras trazidas por Charles Miller e Oscar Cox. A Lei Áurea, havia sido proclamada apenas 6 anos antes.
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Neste cenário, os primeiros clubes brasileiros de futebol só aceitavam jogadores da elite. Em 1904 o Vasco da Gama rompeu o estigma, elegendo presidente o mulato Cândido José de Araújo e incluindo no seu time atletas negros, mulatos e brasileiros humildes.
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Irritados, os demais clubes proibiram o Vasco de disputar o Campeonato Carioca alegando que o clube não tinha estádio. Em resposta, o Vasco construiu o Estádio de São Januário, durante décadas o maior do Brasil. E foi campeão no primeiro campeonato que lhe permitiram disputar.
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Infelizmente os casos de racismo se disseminaram e têm crescido assustadoramente no Brasil, América do Sul e Europa. O que aconteceu com Yoni Gonzales em Porto Alegre, cinco dias atrás, na partida contra o Grêmio, foi o décimo quarto caso registrado no país só neste ano.
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Ao contrário dos próprios clubes, na maioria das vezes omissos na advertência aos seus atletas racistas, a Fifa tem punido rigorosamente os infratores quando tem conhecimento das ocorrências. Mas a entidade máxima do futebol terá um desafio adicional em breve. O Catar, sede da Copa do Mundo de 2022, proíbe a homossexualidade.
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Foto: Divulgação/Conmebol

A Copa América – torneio mais antigo de Seleções do mundo – que há 30 anos não é disputado no Brasil, terá cinco cidades-sede: Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Participarão os 10 países sul-americanos além do Japão e Catar como convidados. Em campo estarão seleções que, reunidas, representam nove títulos conquistados na Copa do Mundo.

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